segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Campus Aberto

O Green Mobility em parceria com o Catraca Livre ( Gilberto Dimenstein) e com a Ativbs, Biblioteca Viva,  estão lançando em fevereiro um site para Universitários de Compartilhamento, trata-se de um espaço onde será possível compartilhar uma Carona, uma Rota de Bicicleta, procurar parceiros para ir de bicicleta para faculdade, procurar um livro ou doar um livro para biblioteca da faculdade.
Muito legal esta parceria em prol da Mobilidade Urbana Sustentável!
Vamos conferir em fevereiro o site do Campus Aberto.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Reunido em dezembro, Secretariado Nacional define linhas de ação para o MDT em 2011



arte: Nazareno Affonso

Reunido na sede da ANTP, em São Paulo, no dia 14 de dezembro de 2010, o Secretariado Nacional definiu as quatro principais linhas de ação para Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT) em 2011. A reunião foi presidida pelo coordenador nacional, Nazareno Affonso, e serviu também para que se fizesse uma avaliação das atividades desenvolvidas em 2010 (ver matéria a seguir) e da situação financeira do MDT, que se mostrou equilibrada.



Mesmo considerando o equilíbrio das contas, o Secretariado Nacional avaliou que será necessário desenvolver projetos de captação de recursos para garantir a manutenção básica do MDT e, particularmente, para permitir a capacitação de lideranças dos movimentos sociais e de multiplicadores do curso Mobilidade Urbana e Inclusão Social, entre outras novas atividades que se mostram necessárias.



As linhas de ação. Uma das linhas de ação se refere à consolidação e, sobretudo, à ampliação das ações de comunicação do MDT, entendidas como ferramentas de ajudam na tarefa de difusão política das propostas do Movimento. Outra linha diz respeito à identificação de temas que exigirão esforço de mobilização política durante o ano.



Uma terceira diretriz trata do aprimoramento das relações institucionais com entidades do setor da mobilidade urbana e com autoridades, sobretudo no âmbito do Executivo e do Legislativo, nas três esferas de poder. A quarta linha é referente às relações com organizações do movimento social – um campo de atividade que o Secretariado Nacional reputa de significativa importância, especialmente porque alcança o extrato social que mais é beneficiado com a ampliação e qualificação do transporte público e do qual também se tem conseguido importante respaldo político para as teses e propostas do MDT.



COMUNICAÇÃO



Quanto às ações de comunicação, a proposta é que seja dada continuidade ao Blog do MDT, implantado em 2010, e que se notabilizou por garantir apoio às atividades e difundir as propostas do Movimento, além de ter se mostrado consideravelmente participativo. “O Secretariado Nacional decidiu prosseguir com o Blog do MDT, considerando a importância das ‘postagens’ de noticias referentes à mobilidade, às ações do MDT e de suas entidades e às atividade da sociedade civil. E considerando também o compromisso das entidades e lideranças do Secretariado de se engajarem na difusão e no apoio direto da produção do blog, enviando textos informativos e de opinião, relatos de ações de suas entidades referentes aos objetivos e teses do MDT, e comentando também temas da política nacional e setorial”, disse Cristina Baddini, editora do Blog do MDT.



O MDT deve também continuar com as edições mensais do informativo Movimentando – um instrumento de informação e análise do Secretariado e da Coordenação sobre os temas atuais, mas, também, uma verdadeira base de dados com a história do MDT. A proposta definida na reunião do Secretariado Nacional é de promover a inserção do Movimentando nos 'sites' das entidades que integram o MDT e o reenvio da publicação para associados e para o público dessa organizações, incluindo presença periódica de notícias do MDT no Informativo ANTP e no boletim eletrônico Semanal, veículos que alcançam todo o público da ANTP.



O MDT deverá ainda reorganizar, de forma mais dinâmica e abrangente, a disposição das informações do MDT no Portal da ANTP. Dessa forma, será mais facilmente acessado todo o acervo a respeito do MDT existente naquela base de dados: manifestos, documentos, cartas, cursos, cartilhas, apresentações em eventos, filmes e outros textos de referência.



Também se buscará estruturar um trabalho de assessoria de imprensa, com a remessa periódica de material para a mídia impressa e eletrônica e para as assessoria de imprensa das entidades; além de tratar de informações institucionais, a intenção é difundir e promover o debate público mais amplo de temas polêmicos que ajudem na compreensão das bandeiras e teses do MDT. A ação de assessoria de imprensa poderá ser complementarmente organizada por meio da contratação de profissional ou empresas para projetos específicos, que tiverem o perfil de campanhas de alcance nacional, tendo como modelo a campanha Tarifa Cidadã, lançada nacionalmente em 2005, e que conseguiu difundir as teses do MDT sobre barateamento das tarifas.



TEMAS DE AÇÃO POLÍTICA



O Secretariado Nacional definiu que entre os temas que exigirão a mobilização do MDT em 2011 estão os projetos concernentes ao PAC da Copa e a aprovação e implementação de projetos do PAC da Mobilidade.



Além disso, será necessário impulsionar os chamados ‘planos de longo prazo’, referentes aos Planos Diretores de Mobilidade e ao uso dos instrumentos econômicos do Estatuto das Cidades pelos municípios, de modo a incentivar e concretizar investimentos que favoreçam e qualifiquem o transporte público, o transporte não motorizado e os deslocamentos a pé nas cidades.



Outros pontos arrolados foram o estímulo à adoção pelos municípios de uma política pública de estacionamento e de debate sobre a implantação do pedágio urbano, com garantia de que essas modalidades de disciplinamento do uso dos automóveis destinem os recursos arrecadados para investimento em transportes públicos. Também houve concordância quanto ao MDT se articular com a organização do Programa BRT Brasil, liderado pela ANTP, Fórum Nacional de Secretários, NTU e Instituto Energia e Meio Ambiente e que tem como meta formar opinião no setor e na sociedade a respeito da importância de se implantarem corredores estruturados e eficazes de ônibus que promovam a Paz no Trânsito, a integração política entre Municípios e Estado nas regiões metropolitanas, e sejam indutores de qualidade dos espaços públicos e do meio ambiente no seu entorno, propostas que guardam perfeita sintonia com as propostas do MDT.



PLANO INSTITUCIONAL



Considerado o plano institucional, uma das propostas definidas pelo Secretariado do MDT é a continuidade da colaboração com o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte e Trânsito (conhecido simplesmente como Fórum Nacional de Secretários), Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Frente Parlamentar do Transporte Público-(FPTP), e com o Conselho das Cidades, em especial, para a definição de uma agenda referente às novas administrações no governo federal e nos governos estaduais, sem deixar de considerar as administrações municipais, tendo em vista a implementação dos investimentos e a aprovação de leis de mobilidade sustentável. O Secretariado Nacional do MDT entende que este é um ano de grandes desafios, tendo em vista a aprovação de medidas de significativa importância para o setor, como o Projeto de Lei da Mobilidade Urbana e o Projeto de Lei do Barateamento das Tarifas, além da implementação dos investimentos do PAC da Copa e concretização da promessa do PAC da Mobilidade, estes, considerando a implementação, com qualidade, de corredores de ônibus no padrão BRT (Bus Rapid Transit), além de ampliação ou recondicionamento tecnológico de sistemas sobre trilhos de maior carregamento, como metrôs e trens metropolitanos, ou sistemas de média capacidade, como Veículos Leves sobre Trilhos (VLT).



A direção do MDT se mostra disposta também a desenvolver ações de engajamento nas questões vinculadas na defesa do meio ambiente nas cidades, combatendo o efeito estufa e a poluição automobilística.



MOVIMENTO SOCIAL



Quanto à relação com o movimento social, a proposta é dar continuidade ao trabalho junto com o Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU) e entidades da sociedade civil, participando incluisve das atividades de planejamento dessas organizações.



A ideia para 2011 é contribuir para que se constituam espaços de controle social de modo a acompanhar e propor aperfeiçoamentos e integração de políticas nos investimentos de mobilidade para a Copa 2014 e para Jogos Olímpicos de 2016, bem como no que diz respeito aos prometidos investimentos do PAC da Mobilidade.



O MDT também se propõe a manter participação ativa nas ações do Conselho Nacional das Cidades e no Comitê de Mobilidade, levando em conta que 2011 será um ano importante de articulação com os novos governantes, em especial com o ministro e outros dirigentes do Ministério das Cidades. Quanto a este ponto, um fato significativo foi a escolha do deputado Mário Negromonte , ex-secretário de Transporte de Salvador, para comandar o Ministério das Cidades, que por sua vez convidou o velho combatente das causas da mobilidade sustentável, Carlos Batinga, para atuar à frente da Secretaria Nacional dos Transportes e da Mobildiade (SeMob).



O MDT continuará buscando levar os temas da mobilidade para o Pleno do Conselho das cidades, e procurará participar do GT da Copa.Quanto ao caderno Mobilidade Urbana e Inclusão Social, ficou definido que, para 2011, o desafio é prosseguir na procura de parceiros interessados em providenciar novas edições da publicação – estratégia de sucesso empreendida em 2010, com a publicação de uma nova edição pelo Sindicato dos Engenheiros da Bahia. A ideia definida na reunião foi de buscar financiamento para remunerar professores, e recursos materiais para viagens , estadas e para elaboração de 'kits' (com publicações e arquivos digitalizados com informações e textos de análise do MDT). Foi proposta uma meta ousada - a ser avaliada quanto à sua viabilidade, em especial no que diz respeito aos recursos materiais e humanos necessários - de realização de seis cursos no ano, sendo cinco para as lideranças e um para formar multiplicadores de modo que em 2012 o MDT possam reproduzir os cursos por todo o Brasil.



Outra decisão para o ano que se inicia é dar continuidade ao apoio a iniciativas destinadas à inclusão do automóvel nas políticas de integração aos sistemas estruturais de transporte público. Também se decidiu prosseguir com o engajamento na Jornada Brasileira ‘Na Cidade, Sem meu Carro’, juntamente com o FNRU e ONG RUAVIVA; a idéia é que se mantenha a iniciativa, desenvolvida com êxito em 2010, de elaborar e divulgar, pelo Blog do MDT, e pelo informativo eletrônico Movimentando e ainda por outros meios, um manifesto conjunto das três organizações e de outras que quiserem também apoiar esta causa.



Por fim, o Secretariado decidiu dar seqüência ao processo de aproximação com entidades de trabalhadores de transporte – em especial as vinculadas à CNTT-CUT, que na reunião assumiu o compromisso de fazer esse envolvimento–, buscando contribuir na produção de políticas para esse segmento e no engajamento dos trabalhadores nas ações pelo Direito ao Transporte; o MDT e as entidades que o integram vêm mantendo esse princípio de ação desde 2009.

Boletim Movimentando do MDT











quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sociedade do Automóvel

O Sistema de Indicadores de Percepção Social - SIPS ( IPEA) sobre mobilidade urbana também mostra que, de 2000 a 2010, caiu o número de pessoas por automóvel.



O SIPS divulgado nesta segunda-feira, 24, revela ainda que 44,3% da população brasileira tem no transporte público seu principal meio de deslocamento nas cidades. Em segundo lugar aparece o carro, com 23,8%, seguido por motocicleta com 12,6%. O levantamento feito com 2.770 famílias em todo o país constatou ainda que 12,3% se locomovem a pé.

Na região Sudeste, o percentual atinge 50,7%. Apesar da importância desse tipo de transporte, a quantidade de ônibus em circulação no Brasil cresceu menos, de 2000 a 2010, que a quantidade de veículos particulares. Hoje, há um ônibus para cada 427 habitantes, e, em 2000 era um para 649 pessoas. Em relação aos carros, a proporção hoje é de um automóvel para cada 5,2 habitantes, enquanto há dez anos era de 8,5.


Apresentado pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o SIPS de mobilidade urbana mostra os contrastes nos tipos de transporte de cada região brasileira. Quase 50% das pessoas que andam de ônibus no país estão na região Sudeste, enquanto 45,5% daqueles que utilizam bicicleta moram na região Nordeste. Da mesma forma, 43,4% dos utilizadores de motocicleta também estão no Nordeste.


“Houve uma mudança de ponto de vista da composição da frota. Em 2000, os automóveis eram 62,7% do total de veículos no Brasil. As motos eram 13,3%. Agora, em 2010, os automóveis são 57,5%, contra 25,2% das motos”, afirmou Pochmann. “Para cada ônibus novo surgido colocado em circulação nos últimos dez anos, apareceram 52 automóveis”, continuou o presidente do Ipea. Resulta disto o aumento substancial dos congestionamentos e da poluição nas cidades (inclusive sonora), sobretudo nas maiores.


Acima da inflação


Um dos dados citados na apresentação do estudo, retirado da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), é o de crescimento dos gastos com transporte no País. Em 2000, esse tipo de serviço abocanhava 18,7% das despesas de consumo do cidadão, em média.


Em 2010, chegou a 20,1%, enquanto a alimentação caiu de 21,1% para 20,2% no mesmo período. É um sinal claro de que os preços das tarifas (preços administrados principalmente pelos municípios no caso de transporte urbano) subiram bem mais do que a inflação, que ficou abaixo da alta dos alimentos.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira, em São Paulo, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 20,5% dos brasileiros enfrentam congestionamento pelo menos uma vez por dia.

Arte: Nazareno Affonso

Segundo o presidente do Ipea, o economista Marcio Pochmann, os dados mostram que 69% dos brasileiros convivem com congestionamentos pelo menos uma vez por semana.
O estudo na área de Mobilidade Urbana faz parte do Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), que aponta a compreensão da população brasileira sobre a qualidade dos serviços públicos e que entrevistou 2.770 pessoas em todos os Estados, em 2010. A margem de erro é de 5%.
Conforme a pesquisa, a região Sudeste é a que mais sofre com o trânsito, com 21,6%, seguida pelo Centro-Oeste, com 20,8% dos que declararam ter problemas de deslocamento. Quase um terço dos entrevistados, porém, afirmou que nunca enfrentou congestionamentos (39,3% na região Norte, e 34,4% na região Centro-Oeste).
Transporte público


Os dados do Sips na área de Mobilidade Urbana analisaram também a eficácia do transporte público, as dificuldades encontradas em sua utilização, condições das vias e os motivos de utilizações, entre outros. O estudo traz dados sobre as diferentes concepções que os brasileiros têm sobre a mobilidade urbana em análises por regiões, etnias, nível de escolaridade e faixa salarial.
Segundo a pesquisa, 88,8% da população brasileira faz uso de transporte público, sendo que para 44,3% da população esse é o principal meio de locomoção. A percepção da qualidade do transporte público, porém, é de "muito ruim" na opinião de 19,8% dos entrevistados. No plano geral, 31,3% dos brasileiros acham o transporte público "regular".
Na avaliação por região, o estudo mostra que o Sudeste é que mais depende do transporte público, com 50,7%. Essa região também é a que mais sofre com a falta de pontualidade na frequência do transporte público. Ou seja, 51,5% da população, acima da média nacional (41,5%), declararam que sempre há atrasos. No Sul, esse índice cai para 28,4%, abaixo da média do País, de acordo com os dados do Ipea.
Segundo Pochmann, foi verificado o crescimento da importância da compra de veículos na vida do brasileiro. Para ele, a decisão pelo transporte individual tem relação com a falta de eficiência do transporte público no País.
"Os avanços econômicos nesta primeira década foram convergentes com decisões de transporte individual. Justamente a expansão da frota se deu por motos e automóveis. Houve crescimento na frota de ônibus, mas não a mesma identificada na aquisição de veículos. Percebe-se que a população tem interesse no uso de transporte coletivo, mas não usa porque não se identifica com qualidade, rapidez e segurança, o que mostra que há espaço para o avanço das políticas públicas pelos governos estaduais e também federal".

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT


segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Londres preocupada com a mobilidade urbana


Londres inaugurou as Cycle Superhigways, duas vias que se ligarão a outras dez até 2015, e formarão o mais ousado projeto de ciclovias do mundo.




Mas ainda é cedo pra atirar confetes. As vias estão em fase de teste. No primeiro dia de funcionamento, ciclistas ouvindos pelo jornal The Times acusaram a Prefeitura de Londres de ter feito apenas uma maquiagem em antigas ciclovias.



O projeto, segundo o órgão responsável pelo transporte da cidade (TFL, ou Transport For London), deve transformar a capital inglesa na melhor cidade para ciclismo no mundo.



A mobilidade no trânsito não é um assunto restrito aos grandes centros urbanos, mas bons exemplos devem ser vistos com carinho.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A mobilidade em São Paulo

A tarifa de transporte público é o aspecto que mais incomoda o paulistano quando o assunto é mobilidade urbana na cidade de São Paulo – que inclui, além dos meios de transporte, o trânsito – segundo a pesquisa Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), divulgada nesta quinta-feira (20) pela Rede Nossa São Paulo. O item recebeu nota 3,6 – em uma escala de 0 a 10. O levantamento foi feito entre 29 de novembro e 12 de dezembro de 2010, antes do anúncio e do aumento da tarifa dos ônibus municipais para R$ 3, efetivada em 5 de janeiro de 2011.

No total, 1.512 moradores da cidade foram ouvidos pelo Ibope e deram suas opiniões sobre 169 itens em 25 temas. Ainda na mobilidade urbana, o respeito ao pedestre também recebeu nota 3,6. Outros aspectos mal avaliados foram a quantidade de ciclovias na cidade e a segurança no trânsito (3,7) e a qualidade das calçadas (3,9). A nota mais alta no tema foi para o tamanho da rede de Metrô, com 6,2.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Procurador-geral entra com ação no Supremo contra mototáxi. Uma vitoria importante e ele colocou as argumentações do MDT, ANTP, FNSTT e FPTP

A atividade é perigosa, muitas vezes fatal e pode trazer prejuízos para a saúde pública.

A regulamentação da profissão de mototaxista em todo o território nacional corre o risco de ser derrubada. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contestou no Supremo Tribunal Federal (STF) os trechos de uma lei de 2009 que regulamentou o serviço. Para o procurador, a atividade é perigosa, muitas vezes fatal e pode trazer prejuízos para a saúde pública.

Na ação direta de inconstitucionalidade (adin), protocolada no fim de dezembro no STF, Gurgel afirma que a norma também não tem razoabilidade, porque estabeleceu critérios mais rigorosos para a atividade de transporte de mercadorias do que de passageiros. "Admite-se maior proteção no transporte de coisas do que no de pessoas", disse o procurador.

Para demonstrar o grau de periculosidade do serviço, o procurador citou dados debatidos no Congresso Nacional durante o processo de aprovação da lei, que também regulamentou as atividades de motofrete (entrega de mercadorias) e serviço comunitário de rua. Nas discussões, foi citada a informação de que o município baiano de Jequié, de 148 mil habitantes, teria registrado mais acidentes com motocicletas do que Salvador. Na época a população da capital baiana era de 3 milhões de habitantes e a cidade não contava com serviço de mototáxi.

Um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), também mencionado na ação, teria concluído que os casos graves de internação de pacientes acidentados com motos tinham um custo hospitalar médio de R$ 92.314, em valores referentes a abril de 2003. Os gastos com reabilitação poderiam chegar a R$ 56 mil nos 18 meses após o atendimento hospitalar.

A regulamentação do transporte de passageiros em motocicletas representou grave prejuízo no campo da saúde pública, por quase nada dispor sobre a prática de uma atividade sabidamente perigosa, permitindo, ao contrário, que o risco de acidentes aumente, inclusive os fatais", alegou o procurador. Os evidentes riscos, inclusive para a vida dos usuários dos serviços deficientemente regulamentados, bem ilustrados nas estatísticas, confirmam a urgência na suspensão de tal atividade.


Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Corte o carbono

Mapa evidencia a intensidade das ondas de calor sobre a Terra em 2010, incluindo o Ártico: Imagem: Divulgação


O ano de 2010 empatou com 2005 como o ano mais quente desde 1880, quando a Organização Meteorológica Mundial (OMM) iniciou as medições. A última temporada encerrou uma década de temperaturas excepcionalmente altas devido às emissões humanas de gases de efeito estufa, segundo informações da agência de noticias Reuters.

A temperatura da superfície terrestre no ano passado foi 0,62 grau Celsius superior à média do século 20, de acordo com relatório divulgado quarta-feira, 12 de janeiro, pelo Centro Nacional de Dados Climáticos (NCDC), ligado à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.

“Esses resultados mostram que o clima está continuando a demonstrar a influência dos gases de efeito estufa. Está demonstrando a evidência do aquecimento”, afirmou David Easterling, chefe da divisão de serviços científicos do NCDC, em teleconferência com jornalistas.


Muitos países, como Rússia e Paquistão, sofreram em 2010 com ondas de calor e inundações que deixaram milhares de mortos e destruíram lavouras. Não é possível atribuir nenhuma catástrofe climática diretamente ao aquecimento global, mas a tendência de elevação das temperaturas desde 2000 aumenta a possibilidade de que ocorram novas ondas de calor, inundações e secas, segundo Easterling.


Desde 2000, todos os anos subsequentes estiveram entre os 15 mais quentes já registrados. O ano passado foi também o mais úmido já registrado, e uma atmosfera mais aquecida contém mais água, o que em geral pode resultar em mais inundações, explicou o cientista.


Tendência de futuro efervescente

O relatório não fez previsões para o clima no futuro, mas uma comissão científica da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que a tendência neste século é de fenômenos climáticos mais extremos, devido ao acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente em decorrência da queima de combustíveis fósseis e da destruição de florestas.


Durante a 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP16), realizada entre novembro e dezembro de 2010, em Cancún (México), cerca de 200 países se comprometeram a tentar limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

No entanto, cientistas apontam que as reduções de emissões de gases de efeito estufa prometidas por grandes poluidores, como Estados Unidos e China, são insuficientes para alcançar tal meta, segundo cientistas

Carbono
 
O Duoóxido de carbono (CO2)  é um componente essencial a Terra. Ele aprisiona os rais solares na atmosfera, o que garante uma temperatura propícia à vida. Com a atividade humana, porém, especialmente a queima de combustíveis fósseis, hoje o CO2 na atmosfera é o mais alto em 650 mil anos. Ele funcionando
como um cobertor grosso demais, aquecendo o planeta a ponto de alterar o equilíbrio climático que sustenta a vida tal qual conhecemos.
 
O ato de dirigir um automóvel produz CO2. No Reino Unido, por exemplo, uma pessoa gera 11 toneladas de Co2 por ano e nos EUA esse número sobe para 20. Os cientistas recomendam que cada pessoa tente reduzir a metade a "pegada de carbono". Parece muito mas este objetivo pode ser alcançado com a mudança no estilo de vida.
Ande,de transporte público e de transporte não motorizado.
 
Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

VLT pode ligar Grande ABC a metrô de São Paulo até 2014

Arte: Nazareno Affonso


Do Diário do Grande ABC

Em reunião na qual se anunciou o novo presidente do Metrô, Sérgio Avelleda, o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, fez a previsão de que a ligação da Estação Tamanduateí com o Grande ABC deverá destravar a partir do fim de 2014. Ao lado do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), e do deputado estadual Alex Manente (PPS), que requisitaram a audiência, Jurandir enfatizou a vontade política do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em tornar o projeto, obra executada.

"Tudo leva a crer pelos prazos de hoje que até o fim de 2014 nós tenhamos alguns trechos em operação, pois a ideia é, eventualmente, vir inaugurando algumas estações parciais e fechar até o Ferrazópolis ou Alvarenga (em São Bernardo), que dá uma diferença de cerca de seis quilômetros de uma para outra", detalhou o titular da Pasta de Transportes. Dentro deste prazo, a intervenção entrará em andamento no fim do mandato tucano.

Segundo o secretário, primeiramente serão necessários de dois a três meses para a licitação por conta do prazo regimental, depois cerca de sete meses para o projeto básico em si. Após esse período, a equipe fará contratação, desapropriações e licenças ambientais. "Essa obra física não começa antes de março de 2012."

Jurandir já delegou ao novo comandante do Metrô as atribuições de tocar o projeto. "O Avelleda, que é ex-presidente da CPTM, vai possivelmente ser responsável pela obra. Foi importante essa demonstração de empenho, fundamental para que a intervenção aconteça. O respaldo não é só do Executivo, mas também do Legislativo dentro desse projeto."

O traçado funcional, que já está concluído, servirá para balisamento do contrato seguinte do projeto básico. Sobre os custos da obra, o coordenador de planejamento da secretaria, Renato Viegas, disse que é prematuro estimar valores, porém que devem girar em torno de US$ 60 milhões a US$ 80 milhões se for elevado e a metade disso em termos térreos. "É prognóstico grosseiro, já que depende de muita coisa. Por exemplo, em elevado há economia em desapropriações. A desapropriação social traz algo de negativo."

A obra irá variar de 14 a 20 quilômetros de extensão com distância média de 600 a 1.000 metros de distância média entre paradas e caso seja de média capacidade receberá 30 mil passageiros/hora. "Temos que começar a enxergar a engenharia financeira. O trem de superfície me parece a maior possibilidade segundo nosso planejamento, pois o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) é sofisticado e não tão caro. Se for elevado será 2,5 vezes superior. O veículo tem o custo parecido e definiremos em outubro", disse Viegas, sobre a possibilidade de VLT, monotrilho ou BRT (Bus Rapid Transit), sistema de ônibus elevado, além de misto entre fase térrea e elevada.

Ao salientar que São Caetano não consegue arcar com gastos de caráter metropolitano, o chefe do Executivo ouviu pedido do secretário de Transportes. "O prefeito pode me dar alguns terrenos, pois desapropriações já ajudam."

De acordo com Jurandir, a ajuda federal e PPPs (Parcerias Público-Privadas) serão preponderantes ao andamento. "Obviamente necessitamos de duas fontes: União e privado. Vou optar pelas duas."
 
Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Projetos de Mobilidade Urbana para a Copa

Para a próxima Copa do Mundo de Futebol que será realizada no Brasil,em 2014 as cidades que serão sedes dos jogos iniciaram uma corrida pelos preparativos para esta grande  festa esportiva. Doze cidades foram escolhidas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Natal, Recife, Brasília, Cuiabá e Manaus.


E cada cidade já vem trabalhando para garantir a mobilidade urbana, uma das exigências dos organizadores do evento.

Abaixo segue o que cada cidade vem preparando para solucionar problemas de circulação, adotando a modalidade de transporte urbano de acordo com a decisão de sua equipe de planejamento, seja de âmbito do governo estadual ou municipal. De doze cidades, nove preverem a modalidade Bus Rapid Transit - BRT como transporte urbano.


RIO DE JANEIRO

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit - BRT


A capital carioca terá quatro trajetos de Bus Rapid Transit – BRT, com previsão de atender 1,2 milhão de passageiros por dia. 1) TRANSOLÍMPICA, com uma extensão de 26km ligará o Recreio dos Bandeirantes a Deodoro, passando por mais seis bairros; 2) TRANSCARIOCA, que ligará o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim até a Barra da Tijuca, percorrendo 41km; 3) TRANSOESTE, com 56km e 53 estações, ligando os bairros do Jardim Oceânico a Campo Grande; e 4) TRANSBRASIL, ligando o Centro à Baixada Fluminense, passando pela Avenida Brasil.



SÃO PAULO


Modalidade Escolhida: Monotrilho


A construção do Monotrilho paulista ligará linhas de Metrô e Trem ao Aeroporto de Congonhas e ao Estádio do Morumbi. A resistência de moradores e à exclusão da arena no projeto da Copa pode inviabilizar as obras na região do Morumbi. Ainda indefinido.



BELO HORIZONTE


Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit – BRT


Belo Horizonte construirá seis linhas de BRT, orçadas em R$ 1,27 bilhão. Somados a estes investimentos, há previsão de mais R$ 240 milhões em obras viárias e na ampliação da Central de Controle de Tráfego.



CURITIBA

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit – BRT

Além do corredor que interligará a capital à região metropolitana, haverá o corredor expresso, unindo o Aeroporto Afonso Pena ao terminal rodoferroviário. Uma parte dos recursos financiará a construção de uma linha de BRT, terminais, sistemas de monitoramento e obras viárias. Curitiba foi a primeira cidade brasileira a implantar o BRT, hoje servindo de modelo para as grandes cidades mundiais.



PORTO ALEGRE

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit – BRT


Três corredores exclusivos de ônibus serão construídos, duas linhas de BRT e melhorias no sistema de monitoramento de tráfego. Ampliação do Metrô, a nova ponte do Guaíba e o Aeromóvel, obras pleiteadas pela prefeitura, não foram contempladas no PAC da Copa.


FORTALEZA

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit – BRT e Veículo Leve sobre Trilhos – VLT

Implantação do VLT Parangaba-Mucuripe, de BRT nas avenidas Dedé Brasil, Raul Barbosa, Alberto Craveiro e Paulino Rocha, além da construção do corredor expresso Norte-Sul e das estações de metrô Padre Cícero e Montese.


SALVADOR

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit


Financiamento de R$ 541,8 milhões para o BRT que conectará o Aeroporto Internacional de Salvador à zona norte da cidade. Ainda novidade na cidade é o Metrô, obra que durou 10 anos para a sua construção e que foi recentemente inaugurado. Dos 41km previsto, apenas 6km foram construídos. O trajeto atual liga os bairros Lapa e Rótula do Abacaxi e custou R$ 1,06 bilhão. Estima-se que o bilhete do metrô soteropolitano custe entre R$ 10 a R$ 15, um preço que cobriria os altos custos de operação.



NATAL

Modalidade Escolhida: Melhorias Viárias.

São 16 projetos viários que permitirão as ligações entre o novo aeroporto e o setor hoteleiro à Arena das Dunas, que receberá jogos da Copa. Duplicação da Avenida Mor Gouveia, ligação da Via Costeira com a Avenida Engenheiro Roberto Freire, construção de elevados, entre outros complexos viários.


RECIFE


Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit

Serão cinco intervenções viárias e dois corredores expressos, o Caxangá e o Via Mangue, além dos BRTs Norte-Sul e Leste-Oeste. Cerca de R$ 15 milhões serão aplicados no terminal Cosme Damião.


BRASÍLIA


Modalidade Escolhida: Veículo Leve sobre Trilhos – VLT


Orçado em R$ 1,5 bilhão, o projeto do VLT de Brasília prevê a construção de 25 estações. O trajeto de 22 km ligará o Aeroporto Juscelino Kubitschek à Asa Norte, no final da W3 Norte. A expectativa é que o VLT transporte de 180 a 200 mil passageiros por dia.


CUIABÁ

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit

Construção de duas linhas de BRT e duplicação da rodovia Mario Andreazza que dá acesso ao estádio Verdão, a ser usado na Copa. Serão ainda reformados pequenos pontos de acesso público, como terminais e passarelas.



MANAUS

Modalidade Escolhida: Bus Rapid Transit – BRT e Monotrilho


Um corredor de 17km, ligando a zona Norte ao Centro da capital manauara (Zona Sul), será preparado pela Prefeitura para receber a implantação do BRT. R$ 230 milhões serão aplicados na construção do corredor, que ligará a zona mais populosa da cidade ao Centro Histórico, passando por vários bairros da Zona Leste. Por parte do Governo Estadual, a proposta escolhida foi o Monotrilho, também ligando a Zona Norte ao Centro Histórico, sendo que esta modalidade passa pela Zona Oeste da Cidade e pela Arena da Amazônia, local onde serão realizados os jogos da Copa. O monotrilho terá 21 km com custo de R$ 1, 3 bilhão, com financiamento de R$ 600 milhões do FGTS. A Controladoria Geral da União – CGU apontou irregularidades no projeto básico do Monotrilho, concluindo que a construção tem custo maior do que o previsto e a tarifa é maior que a estimada pelo governo estadual.

FONTE: SINAENCO

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

José Carlos Xavier Grafite vai cuidar da area de mobilidade urbana de Goiânia

Grafite
No dia 5 de janeiro de 2011, quarta-feira da semana passada, o engenheiro José Carlos Xavier – que todos no setor conhecem também como Grafite – assumiu a presidência da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), de Goiânia.
Formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em 1982, ele é especialista em Planejamento de Transporte pela Empresa Brasileira de Transportes Urbanos/Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (EBTU/EBPT) e Universidade de Brasília (UnB).
Experiência.
Em mais de 25 anos de atividades no setor, José Carlos Xavier trabalhou no Plano Diretor de Transporte Urbano de Goiânia, Transurb, Superintendência Municipal de Trânsito de Goiânia. Foi diretor geral do Departamento Metropolitano do Transporte Ur bano do Distrito Federal, assessor de Planejamento do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Goiânia (Setransp), presidiu o Grupo Executivo de Gestão da Rede de Transporte (Getrans) e no período de 2003 a agosto de 2007, foi secretário Nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, conduzindo o processo que desembocou na apresentação, pelo Executivo, do Projeto de Lei da Mobilidade Urbana, em 2007. Mais recentemente assumiu a coordenação nacional do Projeto Pensar o Brasil, do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (Confea) – 2008/2011.
O MDT lhe deseja boa sorte!

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Semob já conta com novo Secretário

arte: Nazareno Affonso
do Boletim da ANTP
O engenheiro paraibano de 59 anos Carlos Alberto Batinga Chaves assumirá a Secretaria Nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades, a convite do ministro Mário Negromonte. Mensagem. Batinga enviou mensagem ao Escritório da ANTP em Brasília, afirmando estar preparado para enfrentar este novo desafio. “Buscarei alcançar o objetivo que há muitos anos venho perseguindo, como técnico e militante da área: contribuir para que o País tenha uma mobilidade sustentável e promova a inclusão social e a qualidade de vida nas cidades”, disse. Ele acrescentou; “Para isso, pretendo trabalhar de modo a garantir a qualidade dos projetos, desde sua concepção até sua operação. Vou atuar junto com outras áreas do governo federal, com os governos estaduais, os municípios e os gestores de regiões metropolitanas, para que se desenvolvam políticas e ações que promovam sustentabilidade ambiental e qualidade de vida, através de integração das políticas setoriais. E, principalmente, para que haja integração entre os modais de transporte, e destes com o transporte não motorizado, e também para que seja garantida a acessibilidade às pessoas com deficiência.”




EXPERIÊNCIA



Carlos Alberto Batinga Chaves é formado em engenharia civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e possui especialização em Engenharia de Transportes, pela Universidade Federal de Pernambuco(UFPE)/Sudene, e em Desenvolvimento Urbano, pela UFPB. Foi superintendente de Transporte e Trânsito em três capitais: Salvador; João Pessoa, cidade em que também exerceu cargo de diretor de Planejamento Urbano, e Natal, onde, atuou ainda como coordenador do Plano Diretor de Transportes e Trânsito. Foi prefeito do município paraibano de Monteiro durante dois mandatos (1997/2000 e 2001/2004) e presidente da Associação dos Municípios da Região do Cariri Paraibano. Atuou como superintendente do Sebrae-PB e como consultor sênior do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Entre 2007 e 2010, exerceu mandato de deputado estadual na Paraíba. Na ANTP. Em seu currículo, Carlos Alberto Batinga Chaves destaca o fato de ter sido membro do Conselho Diretor da ANTP e integrante do Conselho Editorial da Revista dos Transportes Públicos, tendo participado de todos os mais recentes Congressos Brasileiros de Transporte e Trânsito, organizado pela ANTP. Ele também sublinha o fato de ter sido fundador e presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte e Trânsito.


postado por: Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

É possível reverter seu fascínio pelo automóvel?

É preocupante o crescimento acelerado do transporte individual. Este modelo de cidade não satisfaz a sociedade coletivamente. As pessoas moram cada vez mais afastadas dos centros das cidades que se tornaram inabitáveis em face do barulho, da poluição e dos engarrafamentos causados pelos carros e demais veículos. Conclui–se, portanto que as pessoas precisam de carros. Mas o que está em discussão não é somente o trânsito, senão a construção de uma sociedade civilizada e com qualidade de vida.



O ônus das políticas fiscais que incentivaram a produção e a venda de automóveis e motos sem que as cidades tenham condições de receber toda esta frota e assimilar os seus impactos negativos acabam sendo transferidos para toda a sociedade na forma de poluição, congestionamentos e consumo de energia. Os emplacamentos de veículos somaram 5.444.387 unidades em 2010, ante 4.842.736 unidades no ano anterior, numa alta de 12,42%. O bom desempenho da economia brasileira, com taxas de juros atrativas, prazos acessíveis para pagamentos, fluxo abundante de recursos para financiamentos, bem como o maior poder de compra dos consumidores, estimularam as vendas de veículos em 2010. Entre novembro e dezembro, o crescimento do setor foi ainda maior, atingindo 19,02%, passando de 498.233 unidades para 593.013 unidades.






Embora tenha sido reduzida a liquidez e tendo sido inibida eventuais bolhas no volume de crédito no início de dezembro, as recentes medidas do Banco Central – aumento dos depósitos compulsórios e o aperto nas regras de financiamento de carros – poderão reduzir as vendas de veículos ao longo do ano, no entanto, a comercialização no mês de dezembro registrou crescimento expressivo. As medidas do Banco Central ainda não perturbaram o mercado.






Previsão para 2011


O setor automotivo continuará crescendo em 2011, mas em ritmo menor. O novo governo irá segurar a atividade e o setor automotivo, como parte da economia, também irá caminhar em marcha mais lenta. Esta foi afirmação de Tereza Fernandez, diretora da MB Associados, consultoria econômica parceira da Fenabrave. As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos devem chegar a 5,5 milhões de unidades, com alta de 5,20%, menos da metade do crescimento de 2010. A festa ficará mais moderada.


E ai?


Considerando essas cifras e tendo como base que os congestionamentos sobem geometricamente em relação ao crescimento da frota, em um quadro já crítico nas principais cidades brasileiras, percebe-se que o modelo de mais carro/mais sistema viário está esgotado, sendo impossível de ser suprido com os recursos do País. O caos que já se verifica atualmente em São Paulo (10 a 15 km/hora no pico) irá piorar significativamente e já está se espalhando pelas demais cidades brasileiras.




Venda de usados cresce 20%


Embaladas pelo recordes no mercado de novos, as vendas de automóveis e comerciais leves usados cresceram 20,34% em 2010, chegando a 8,429 milhões de unidades. Foram negociados 2,5 carros usados para cada unidade nova vendida no Brasil ano passado. Isso porque, muitas vezes, o carro usado é dado como entrada na compra de um novo veículo. Os números foram divulgados pela Fenabrave, entidade que representa as concessionárias de veículos.


Qual a colaboração da indústria


Com o aquecimento global, o trânsito caótico dos centros urbanos e a crescente preocupação ambiental, a indústria automobilística deveria prever lidar nos próximos anos com uma forte onda de rejeição e patrulhamento ideológico aos seus produtos quando inseridos na vida das grandes cidades. A considerar uma recente pesquisa da Ernest & Young, o clube dos produtos considerados “social e ambientalmente incorretos”, que já conta com o cigarro, as bebidas alcoólicas e os armamentos, pode estar ganhando agora um novo e inusitado sócio, o automóvel.


O setor de transportes urbanos tem, infelizmente, atuado de forma muito tímida, para não dizer conservadora, com relação ao seu mercado. Temos um setor que, com raríssimas exceções, parece conformar-se com a perspectiva de um transporte público sempre ruim e os governos municipais e estaduais na maior parte dos casos refratários a um trabalho que envolva o conjunto do setor (rodoviários, empresários, usuários, fabricantes) e ainda muito distantes de um trabalho que escute as demandas e expectativas da população através das pesquisas de opinião e dos serviços de atendimento aos usuários.


Soluções

A expectativa é que no futuro possamos ver em nossas cidades sistemas integrados onde o usuário reduza seu tempo de viagem, sem ser penalizado com acréscimo de tempo de viagem, nos deslocamentos em pequenas distancias e no custo pago por ele para operar o sistema. Outra expectativa é que sejam qualificados os acessos a integração e aos equipamentos de integração entre automóveis, bicicletas e mesmo o pedestre que deve ter uma calçada decente para se locomover com paz e segurança.


Soluções como a inclusão de bicicletas na rede de transporte público, corredores de ônibus, substituição das tecnologias baseadas na matriz energética do combustível fóssil por formas mais limpas de energia são temas em jogo tanto no aspecto ecológico como no âmbito de uma mobilidade sustentável que não obrigue cidadãos a desperdiçarem horas e horas de sua vida.


Na verdade, falta coragem aos políticos para implantar medidas de uma política pública que tire ou diminua os carros Nas ruas e avenidas e preserve o ar, a segurança e a qualidade de vida da população.


Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Batinga foi convidado para a Secretaria de Mobilidade Urbana

Carlos Batinga
O Deputado Estadual Carlos Batinga (PSC) deve assumir ainda este mês a Secretaria Nacional de Tranportes e da Mobilidade Urbana.
O próprio parlamentar afirmou que está fazendo as últimas avaliações do convite recebido e deve embarcar para Brasília nesta terça-feira (11) para encontrar o Ministro das Cidades, Mário Negromonte, e acertar os últimos detalhes de sua posse como secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana.
O Deputado Carlos Batinga, que ficou na suplência na última eleição, contestou ainda a tese de que tenha que renunciar ao cargo de suplente para assumir a Secretaria de Transportes e da Mobilidade Urbana.
A Secretaria Nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana é vinculada ao Ministério das Cidades e é uma das pastas com maior orçamento no Governo Federal.
Com a confirmação da Copa do Mundo e Olímpiadas no Brasil o caos no trânsito das cidades nacionais voltou a tona como um dos maiores desafios estruturais a serem superados.
O Deputado Estadual Carlos Batinga recebeu a indicação ao cobiçado cargo com o respaldo de ter comandado a Superintendência de Transporte e Trânsito da prefeitura de Salvador, a terceira maior cidade do Brasil, além de ter assumido por várias vezes outras Secretarias de Transporte de capitais do Nordeste.
O MDT lhe deseja boa sorte!

postado por: Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como melhorar a qualidade de vida nos grandes centros urbanos

Arte: Nazareno Affonso
Fonte: Portal da Copa
Um dos grandes desafios das cidades é o trânsito caótico e sistema de transporte público ineficiente. Uma pesquisa recente feita pela IBM, em 20 cidades do mundo inteiro, mostrou que o trânsito é uma das principais preocupações dos seus habitantes. O tempo de viagem em muitas das cidades mais importantes do mundo é um dos grandes motivos de insatisfação e stress, gerando imensas perdas em produtividade e qualidade de vida.




As seis cidades piores encontram-se nos países BRIC ou em desenvolvimento, como Beijing, Cidade do México, Johanesburgo, Moscou, Nova Deli e São Paulo. O rápido crescimento econômico dos países em desenvolvimento não foi acompanhado pela evolução da infraestrutura urbana e o resultado é um trânsito caótico. Por exemplo, somente nos quatro primeiros meses de 2010 Beijing registrou 248.000 novos veículos, na Cidade do México são emplacados 200 mil novos veículos por ano e em São Paulo emplaca-se mais de 1 mil veículos por dia.



Claramente que as soluções tradicionais, como construir mais avenidas e viadutos, está chegando ao seu limite. Não há mais espaço e nem tempo para longas intervenções urbanas, de modo que temos que buscar novas e inovadoras soluções.



A crescente disseminação da tecnologia está permitindo instrumentar e conectar objetos, possibilitando a convergência entre o mundo digital e físico da infraestrutura urbana. Com uma infraestrutura instrumentada e conectada podemos pensar em um sistema de transporte mais inteligente, conhecido como ITS (Intelligent Transport Systems).



O conceito do ITS baseia-se na aplicação de tecnologias inovadoras para coletar mais e melhores dados, analisá-los de forma mais rápida e inteligente e conectá-los através de redes mais eficientes para ações e decisões mais ágeis e eficazes. Uma mobilidade urbana mais eficiente é crucial para a competitividade econômica de uma cidade. Alguns estudos apontam que congestionamentos intensos custam entre 1% a 3% do PIB das cidades.



Embora as consequências do congestionamento sejam similares, as suas causas e soluções são diferentes entre as cidades do mundo. Não se pode aplicar de forma automática uma solução que tenha sido bem sucedida em uma cidade em outra. Por exemplo, em Amsterdam mais de 50% das viagens dos cidadãos são feitas a pé ou de bicicleta. Já em Chicago, 90% da movimentação é por carros particulares. Nas cidades dos países desenvolvidos a infraestrutura já existe e é necessária sua modernização. Na Europa o transporte público é o principal meio de mobilidade, enquanto que em muitas cidades dos EUA o carro é o principal meio.



Mas, como chegar a um sistema inteligente de transporte?



É um processo de evolução gradual, que passa pelo próprio nível de maturidade dos modelos de governança e gestão de transporte das cidades. O modelo chamado Intelligent Transport Maturity Model permite situar uma cidade em um determinado nível de maturidade e ajudar a desenhar os próximos passos.



Por exemplo, analisando a vertente governança podemos classificar uma cidade em diversos níveis, do mais baixo - onde o planejamento de cada modal de transporte é feito de forma independente, sem coordenação com os demais - até níveis mais avançados. À medida em que evoluímos nos níveis de maturidade, começamos a instituir a figura da Autoridade de Transporte, que tem a visão integrada e multimodal, chegando até ao planejamento regional, o que permitiria a integração com os transportes das cidades vizinhas.



Se olharmos a vertente de serviços oferecidos, vemos que nos níveis mais baixos de maturidade não existe a figura do “bilhete único” e portanto cada meio de transporte é pago separadamente. Nos níveis mais avançados chegamos a integração multimodal, onde o mesmo pagamento serve para qualquer modal de transporte e as formas de pagamento são variadas, inclusive via celular. Ainda nesse nível, o sistema de transporte oferece serviços completos de informação, que orientam a viagem de forma multimodal, ou seja, indicam qual o melhor meio para se deslocar de um ponto a outro, inclusive com alertas em tempo real de eventuais interrupções ou atrasos nos serviços.
Como cada cidade está em um determinado patamar e as prioridades também são diferentes, deve-se desenhar um caminho próprio de evolução. Os passos básicos para implementação de um modelo de transporte inteligente passam por:



Desenvolver uma estratégia abrangente de transporte. O planejamento da mobilidade urbana deve ser holístico e envolver todos os modais e os aspectos econômicos da cidade e deve estar plenamente alinhado com o Plano Diretor da Cidade. A estratégia deve considerar a possibilidade de usar tecnologias inovadoras que podem transformar a maneira de pensar na gestão do transporte atualmente. O planejamento deve ser a longo prazo. Por exemplo, em 2005, a Transport for London, a autoridade de transporte da cidade de Londres, desenvolveu uma estratégia focada 20 anos à frente, chamada “Transport 2025".


Adotar a visão do cidadão usuário do transporte público como um cliente, criando um “customer-centric approach”. Na maioria das cidades não existe a visão de cliente de transporte público, mas de usuário anônimo, com pouquíssimas informações sobre seus roteiros, desejos e necessidades. Identificar, analisar e compreender os padrões de demanda dos clientes é essencial para desenhar uma estratégia adequada de transporte público. Com estas informações pode-se criar serviços inovadores e inclusive meios para incentivar deslocamentos em outros horários, através de preços variados.

Implementar um sistema de mobilidade urbana integrada, que inclua não apenas o transporte público, mas o particular, como automóveis e bicicletas. O objetivo é fazer o cliente planejar sua jornada.

Gerenciar a implementação de forma efetiva. Um mecanismo de gestão eficiente, aliado a um sistema de comunicação e divulgação, que integre a sociedade no processo, é fundamental para o sucesso do projeto.

É indiscutível que as cidades precisam dar um salto quântico em seus sistemas de mobilidade urbana. A utilização de tecnologias é um passo essencial para modernizarem seus modelos de governança e gestão do transporte público.

postado por: Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O novo governo de São Paulo e a mobilidade

arte: Nazareno Affonso
O governo paulista anunciou nesta quinta-feira (6) novos planos para a expansão da rede de metrô de São Paulo para cidades da região metropolitana. Os projetos incluem a construção de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que ligará a linha 2-verde ao ABC, a extensão da linha 4-amarela até o centro de Taboão da Serra e implantação de um novo ramal ferrometroviário para Guarulhos.




O projeto do VLT prevê 18 estações. No total, serão 23 km entre o bairro Alvarenga, em São Bernardo do Campo, passando por São Caetano do Sul e Santo André, até a Estação Tamanduateí do metrô.



O governo paulista, no entanto, não divulgou a data de início da obra nem o custo das intervenções. O VLT tem apenas projeto básico concluído, bancado pelo governo federal.



Em Taboão da Serra, a estação de metrô já estava prevista no contrato de Parceria Público-Privada (PPP) que deu origem à linha-4. Como no caso do VLT, não há data para o início das intervenções.



Atrasos

Apesar de anunciar a criação de novas estações e linhas do metrô, o governo paulista também anunciou hoje que a abertura de nove estações da linha 4-amarela atrasarão novamente. O governo já divulgou oito datas para o término da primeira fase das obras. As estações Butantã, Pinheiros, República e Luz não têm previsão de término.



Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, a entrega das obras deve ocorrer até o fim de 2011. Apenas as estações Faria Lima e Paulista estão em funcionamento. Fradique Coutinho, Oscar Freire, Higienópolis, Morumbi e Vila Sônia, que fazem parte da segunda fase da obra, devem ficam prontas em 2012. O governo não especificou o mês de abertura.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT 



Vamos fazer São Paulo andar, diz novo Secretário

Jurandir Fernandes

O  engenheiro Jurandir Fernandes, novo secretário dos Transportes Metropolitanos assumiu ontem a STM em cerimônia bastante concorrida na rua Boa Vista.

Em seu discurso de posse enfatizou que o paulistano terá que esperar pelo menos mais seis meses para receber as próximas estações de metrô -Butantã e Pinheiros, da linha 4-amarela. Elas serão inauguradas na metade do ano.

E a conclusão da primeira fase dessa linha, que terá ainda as estações República e Luz, apenas no final de 2011.

A linha 4 é a primeira gerida pela iniciativa privada. Foi preparada e licitada na gestão anterior de Alckmin.

Em maio passado, um trecho de 3,6 km, com as estações Faria Lima e Paulista, foi inaugurado -mas continua restrito, das 9h às 15h.

A ampliação do horário de operação dessa linha e das novas estações da 2-verde (Tamanduateí e Vila Prudente) será neste semestre.

O secretário prometeu continuar projetos da gestão anterior (como os monotrilhos da linha 2-verde, até Cidade Tiradentes, e 17-ouro, do Morumbi, além da linha 6-laranja e a segunda etapa da 4), mesmo sem a garantia de entrega em até quatro anos.

Mas também sinalizou a retomada de participação privada em linhas do metrô, começando pelo prolongamento da 5-lilás (do Largo Treze até Chácara Klabin), cuja licitação suspeita tende a ser anulada pelo governo.

Se isso for confirmado, a nova deve ser por meio de Parceria Público-Privada. Mas a entrega até 2014, ano de Copa, está comprometida.

"Quem sabe se for PPP faz uma bela economia e já começa outra linha, como a de Guarulhos ou estica a 9 da CPTM até Varginha", disse.

Ele citou os projetos das linhas 13 (trem normal, e não direcionado a Cumbica) e 14 (Expresso Aeroporto). Mas a nova gestão pode priorizar o primeiro caso haja avanço do trem-bala da União.

Finalizou o discurso de posse salientando que também vai cuidar do sistema viário de interesse metropolitano e das calçadas, sem esquecer o transporte não motorizado.
 
O MDT lhe deseja boa sorte em mais esta empreitada!
 
Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Hoje às 16h toma posse o Secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes

Jurandir Fernandes toma posse hoje às 16h
no Mezanino /Auditorio
da Rua Boa Vista, 170 
Jurandir Fernandes é formado em engenharia pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e mestre e doutor em engenharia elétrica pela Unicamp e fez o pós-doutorado em uma instituição da Bélgica.

Entre 1993 e 1996, foi secretário dos Transportes de Campinas e em 1999 foi diretor de planejamento da Dersa. No ano seguinte, foi diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Na gestão Alckmin, entre 2001 e 2006, Fernandes foi o secretário estadual de Transportes Metropolitanos.

Foi presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) entre 2001 e 2005. Entre 2007 e 2009, foi presidente da Emplasa (Empresa Metropolitana de Planejamento).

O MDT lhe deseja uma boa gestão!


Cristina Baddini Lucas - Ass3essora do MDT





terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo!

Arte: Nazareno Affonso
Mais um ano chegou ao fim e o início de um novo ano é um período de reflexão em que renovamos as esperanças e listamos o que queremos que mude no ano que inicia. 


A dificuldade na mobilidade urbana interfere no tecido social, prejudica as relações sociais e contribui para o quadro da perda da qualidade de vida.  Privilégios na circulação precisam ser alterados dentro de uma concepção que não exclua as pessoas.  O automóvel, que ocupa 60% do espaço disponível para a circulação nas cidades,  transporta somente cerca de 20% da população. Há uma apropriação privada do espaço construído para o coletivo.

Sem contar que a cada ano, mais de 30 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito. Esse número só diminuirá quando houver uma mudança de comportamento por parte dos motoristas.  Além de ações e campanhas educativas permanentes,  de uma fiscalização mais eficiente e rigorosa, é importante convocar toda a sociedade a assumir sua responsabilidade com vistas à redução e prevenção de acidentes, assim como está previsto pela OMS – Organização Mundial de Saúde a redução de 50% dos acidentes de 2011 a 2020 em todo o mundo.

Democratizar o uso do espaço urbano exige das autoridades eleitas este ano uma nova postura, uma atitude mais firme em defesa da vida e do meio ambiente. A paz no trânsito e o transporte público de qualidade é um direito do cidadão e um dever do estado. Portanto, a mobilidade urbana sustentável é uma política pública de responsabilidade dos municípios, estados e União.


Aproveite o início deste ano para refletir sobre o seu comportamento na cidade e comece 2011 com uma verdadeira proposta de uso do transporte público e dos meios não motorizados de locomoção.

O MDT deseja a todos um maravilhoso ano!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mobilidade urbana desafia grandes cidades brasileiras

arte: Nazareno Affonso
AE


Os problemas de mobilidade urbana no Brasil se repetem há anos: excesso de veículos nas ruas, transporte coletivo deficitário e em alguns casos precário, execução lenta de obras de infraestrutura e falta de ações conjuntas entre municípios da mesma região metropolitana. De uns tempos para cá, no entanto, a situação está se agravando. Com o bom momento da economia brasileira e o estímulo da indústria automotiva, ficou mais fácil comprar um veículo. Já chega a 47% o total de domicílios no País que possuem automóveis ou motocicletas para atender o deslocamento dos seus moradores. Em 2008 o número era de 45,2%, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que prevê elevação desse porcentual. Esse movimento vai na contramão do que defendem especialistas de trânsito. Segundo eles, se não houver investimentos volumosos no transporte coletivo, a mobilidade deve ficar cada vez mais comprometida e a cena urbana frequente será a dos congestionamentos.

Ao mesmo tempo, as principais capitais estão diante de uma oportunidade única, ao ter pela frente dois grandes eventos que podem mudar esse cenário. Com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, o País deve receber bilhões em investimentos, dos quais uma boa fatia para a infraestrutura de transportes. Os principais projetos envolvem ampliação e construção de novas vias e principalmente a implantação do sistema Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), um estrutura que permite o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos. Das 12 cidades-sede da Copa, nove têm projeto nesse sentido. As propostas, segundo fontes consultadas pela Agência Estado, não vão resolver todos os problemas, mas podem diminuir de forma considerável os gargalos da mobilidade urbana.

A cidade de São Paulo é de longe o maior exemplo do excesso de veículos nas ruas, com sua frota de 6,9 milhões ante uma população de 11,2 milhões - uma média de um veículo a cada 1,6 habitante. Em 2010, essa saturação causou em média congestionamentos de 99,3 quilômetros nos horários de pico. Os desafios da mobilidade nas grandes cidades, no entanto, não são causados só pela multiplicação dos carros nas ruas. Em Salvador e no Rio de Janeiro, a configuração das vias é espremida entre os morros e o mar, o que dificulta a fluidez do trânsito e impõe soluções de engenharia distintas.

Lentidão na execução de obras de infraestrutura é um outro entrave. São Paulo e Cidade do México, por exemplo, começaram na mesma época a construção do metrô, no início da década de 1970. Hoje, a capital mexicana possui uma malha quatro vezes maior em extensão.

Além disso, há uma forte demanda por transporte coletivo de qualidade, o que, na visão de especialistas, significa atender itens como conforto, pontualidade, frequência e cobertura do trajeto aliados a uma tarifa condizente. Sem essas condições, a população prefere migrar para o transporte individual.

A implantação do BRT é o principal projeto de mobilidade urbana apresentado pelas cidades-sede da Copa para aliviar os gargalos. A proposta consiste em um sistema de ônibus que trafegam em corredores exclusivos e possuem embarque e desembarque ágil, sem degraus (a plataforma fica no mesmo nível do ônibus), maior número de portas e cobrança da tarifa fora do veículo, antes do embarque. O modelo foi implantado com sucesso em Curitiba e exportado para Bogotá, na Colômbia. De acordo com especialistas, como a demanda por transporte coletivo é alta nas cidades, o BRT corre o risco de já nascer operando no limite. O ideal, nesses casos, seria a implantação do metrô, mas que tem um custo final mais alto.

CURITIBA

Pioneira em projetos de transporte urbano, Curitiba luta para continuar como cidade de referência nessa área. Para isso, tenta fazer com que a população diminua o uso do carro. "O automóvel não é sustentável dentro de uma sociedade moderna", afirma Marcos Isfer, presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), responsável pelo planejamento de transporte e trânsito.

Para se ter uma ideia, a capital paranaense registrava em outubro de 2010, segundo o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), 1,1 milhão de veículos, dos quais 845.774 automóveis e 109 mil motos, para uma população de 1,7 milhão de habitantes (Censo 2010 do IBGE). "Há uma excessiva motorização individual. Você exclui crianças e idosos e tem quase um carro para cada dois habitantes. Além disso, o sistema de transporte público está sobrecarregado. Muita gente da região metropolitana usa o transporte de Curitiba", diz Fábio Duarte, professor do programa de Gestão Urbana da PUC-PR.

Para ele, uma das soluções seria a criação de "órgãos gestores de escala metropolitana com poder de decisão", a fim de que Estado e municípios adotem medidas conjuntas para melhorar o transporte público. "Hoje tenta-se resolver no nível municipal um problema que tem escala metropolitana."

A Urbs planeja implantar até a Copa de 2014 o Sistema Integrado de Mobilidade (SIM), um conjunto de obras, equipamentos e softwares para gerir o trânsito e o transporte coletivo de Curitiba. O SIM, por exemplo, terá o Controle de Tráfego em Área (CTA). "Sensores vão acionar o sinal verde quando o ônibus estiver se aproximando do semáforo. Isso prioriza o transporte público e diminui o tempo de viagem dos ônibus", segundo a Urbs

Também haverá o Circuito Fechado de Televisão (CFTV), com acompanhamento em tempo real do tráfego das principais vias. Assim, em painéis luminosos, os motoristas vão receber as informações de como se encontra trânsito nas quadras seguintes.

Novas tecnologias vão beneficiar os usuários de ônibus - são 2,4 milhões transportados por dia útil, em um sistema integrado com tarifa única que atende 93% da demanda, segundo a Urbs. Está prevista uma operação para permitir com que a pessoa saiba em quanto tempo o ônibus vai chegar ao ponto e em que local o veículo se encontra. Existe também a expectativa de introduzir a bilhetagem eletrônica, para que o usuário recarregue o cartão de transporte dentro do ônibus. E serão instaladas câmeras nos veículos e em terminais para proporcionar mais segurança.

A Urbs destaca que desde 2005 todas as obras de reforma ou implantação de equipamentos públicos são feitas de acordo com as normas de acessibilidade. "No sistema de transporte o índice de acessibilidade passou de 42%, em 2004, para 86%, em 2010, e a meta é chegar a 100% até 2012." O órgão também informou que Curitiba tem atualmente cem quilômetros de ciclovias e pretende investir em sua ampliação. "Está em fase final de elaboração um plano diretor cicloviário."

SÃO PAULO

São Paulo tem problemas de mobilidade proporcionais ao porte de sua população de 11,2 milhões de habitantes e, principalmente, da sua frota de veículos (6,9 milhões). A média é de um veículo a cada 1,6 habitante, o que já denota uma alta proporção entre motores e pessoas. Os analistas de trânsito chamam esse fenômeno de "individualização dos transportes", cenário caracterizado pelo excesso de veículos nas ruas e pelos congestionamentos frequentes. Tanto que, hoje, a velocidade média de deslocamento na maior cidade brasileira é de 16 km/h, a mesma de uma carroça

A principal explicação para esse atraso está no desenvolvimento vagaroso da rede de transportes coletivos - ônibus, lotação, trem e metrô. Na capital paulista, a proporção da população que usa esses meios para sair de casa é de apenas 36%, a mesma de 20 anos atrás, de acordo com uma pesquisa da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) que levantou dados de 1987 e 2007. Em Barcelona, cidade considerada modelo nesse quesito, são cerca de 70%. "Sofremos de uma histórica falta de investimentos nos modais coletivos. Hoje, pagamos o preço caro da ilusão da ''sociedade do automóvel''", critica Maurício Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo, instituição de defesa de direitos civis.

Os problemas não resolvidos ao longo de décadas desembocaram na adoção de medidas coercitivas. Em 2010, a Prefeitura de São Paulo restringiu o tráfego de caminhões entre as 5 e 21 horas nas marginais e nas principais vias da zona sul. Em 2009, as restrições foram impostas à circulação dos ônibus fretados. Ao mesmo tempo, cresceu a quantidade de equipamentos para fiscalização. Os 530 radares espalhados pela cidade conseguem flagrar, além das restrições já citadas, o desrespeito ao rodízio municipal de veículos e a invasão de faixas exclusivas para ônibus por automóveis.

De acordo com a prefeitura, essas iniciativas, associadas a um novo trecho do rodoanel e a novas estações do metrô, reduziram a média de congestionamento nos horários de pico em 2010 para 99,3 km. O número ficou abaixo dos 100 quilômetros pela primeira vez desde 2007.

Apesar de melhorias para o trânsito no curto prazo, as medidas restritivas são consideradas insuficientes por analistas. De acordo com o Broinizi, é necessário um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para mudar a situação. Sua proposta, junto com outras organizações da sociedade civil, está em um documento chamado "Plano de Mobilidade e Transporte Sustentável", já aprovado pela Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara de Vereadores paulistana. O plano de ação pede mais agilidade na construção do metrô e de uma série de corredores expressos de ônibus (BRTs). Além disso, também recomenda a descentralização dos serviços públicos e centros funcionais, com o objetivo de desconcentrar o tráfego.

RIO DE JANEIRO

A geografia do Rio de Janeiro premia a cidade como uma das mais belas do mundo. No entanto, por estar entre o mar e montanhas, a capital fluminense oferece um desafio constante em relação à mobilidade urbana. Some-se a isso seguidos anos de ausência de planejamento e de prioridade no sistema de transporte, principalmente o coletivo. Um dos resultados desse descaso está em estudo divulgado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Considerando as regiões metropolitanas, o Rio de Janeiro possui o menor porcentual de trabalhadores que se deslocam diretamente para o trabalho com tempo inferior a 30 minutos: apenas 43,9%.

O doutor em Engenharia de Transporte e professor de Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), Walber Paschoal, afirma que falta transporte público para atender a demanda. "E o pouco que é oferecido, é de má qualidade." Segundo ele, um entrave na questão da mobilidade também passa pela atenção à "convergência radial" do Rio. "A configuração da cidade é a seguinte: existe um centro comercial e a maioria das viagens converge para aquele ponto. Para esse tipo de situação, o ideal, mostram estudos, é investir em transporte de massa para desafogar as vias", explica.

O secretário municipal de Transportes do Rio, Alexandre Sansão, diz que o porcentual da população que se utiliza de transporte público é de 70% entre as viagens motorizadas, ante um índice de 50% verificado em São Paulo. "Nossa maior tarefa para melhorar os índices de mobilidade é dar eficiência ao transporte coletivo, tanto em velocidade operacional quanto em adequação entre oferta e demanda." Ele admite que há uma oferta de ônibus excessiva nos bairros da zona sul e escassa em regiões mais distantes, como a zona oeste. "Nossa tarefa é reverter esse quadro."

Paschoal concorda, mas mostra certa precaução com promessas: "Há anos é preciso mudar esse quadro, e o poder público insiste em investir em novas vias, em aumentar a largura delas. Essas ações atendem pontualmente, mas a longo prazo voltam os congestionamentos."

Como solução para os principais gargalos de locomoção, Paschoal enumera um planejamento em três pontos. Primeiro, de estratégia, o que significa fazer um diagnóstico da qualidade com que os meios de transporte operam na capital fluminense. Depois, uma ação tática. Com os dados estratégicos em mãos, implantar simulações para observar o impacto que intervenções propostas teriam no sistema de transporte. Por fim, um planejamento operacional. "Acompanhar os efeitos resultantes das ações de estratégia e tática."

Sansão lembrou que a Prefeitura do Rio promoveu em setembro de 2010 a primeira licitação do sistema de passageiros de ônibus de sua história. Em vez de 47 empresas, o sistema passou a ser operado por quatro consórcios. Para ele, o novo marco jurídico permitirá a gestão integrada de uma rede de transporte hierarquizada e com integração tarifária. "O Bilhete Único, que garante a realização de duas viagens (ônibus mais ônibus) ao custo de apenas uma tarifa (R$ 2,40) já está em vigor e vai mudar o padrão das viagens realizadas no município."

Para os Jogos Olímpicos de 2016, Sansão afirma que o Rio contará com quatro corredores de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), sistema que viabiliza o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos. Serão eles: Transcarioca, TransOeste, TransOlímpica e Avenida Brasil.

Para Paschoal, o governo passará a dar mais atenção ao sistema de transporte com a Copa de 2014 e a Olimpíada. "Vai melhorar a mobilidade. Mas logo, logo estará tudo congestionado de novo", diz, tendo décadas de ausência de planejamento como respaldo para sua previsão.

BRASÍLIA

Cidade planejada, Brasília deveria ser hoje exemplo na mobilidade urbana. Não é. A capital brasileira, com 2,5 milhões de habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, enfrenta os mesmos problemas que outras capitais de mesmo porte. "Há um rápido adensamento da cidade e do entorno sem controle do uso e ocupação do solo, carência de um sistema viário eficiente e falta de políticas integradas entre os governos federal, distrital e municipal", afirma o secretário dos Transportes, Paulo Barongeno.

O arquiteto e urbanista Valério Medeiros cita que a "forte setorização (bairros distante uns dos outros), resultante do desenho de Brasília, contribui para dificultar a dinamização do espaço". Ele lembra que a cidade detém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, distinção que impede certas mudanças em sua arquitetura.

Medeiros afirma que, além de buscar a integração entre meios de transporte e incentivar a população a diminuir o uso do automóvel, é preciso trabalhar com uma gestão metropolitana. De acordo com ele, além dos cerca de 30 municípios em torno do plano piloto - o projeto urbanístico - há cidades até de Goiás que sofrem influência de Brasília. "Existe a necessidade de uma postura metropolitana, que considere movimentos diários entre todas as cidades. Os municípios crescerem não é um problema. É só necessário que esse crescimento seja acompanhado por políticas públicas."

A Secretaria dos Transportes informa que está em execução o Plano de Transporte Urbano (PTU), a fim de implantar uma "nova concepção de operação do sistema de transporte público coletivo, fundamentada na ideia de integração entre itinerários ônibus/ônibus e ônibus/metrô". O órgão também aponta que trabalha com um projeto cicloviário para Brasília e destacou as obras no Lago Sul e no Lago Norte que preveem sinalização e o "compartilhamento harmônico" das vias entre bicicletas e veículos.

Medeiros vê com bons olhos os projetos de ciclovia, pois, segundo ele, Brasília já possui uma das maiores malhas de ciclovia do País. "O terreno (da cidade) é suave, sem grandes subidas e descidas." O urbanista só lamenta o "preconceito" que algumas pessoas têm em relação ao ônibus e à bicicleta, como se utilizá-los denotasse perda de status. "É preciso uma mudança de cultura."

A obra de maior impacto em Brasília para a Copa do Mundo de 2014 será a implantação de um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um trem urbano com menos capacidade e velocidade que os trens do metrô, porém menos poluidor e barulhento. A verba para a construção do VLT, que custará R$ 263 milhões e vai ligar o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek ao Terminal da Asa Sul, estão garantidas, segundo o governo.

SALVADOR

Salvador perdeu o título de capital brasileira para o Rio de Janeiro em 1763. Passados 247 anos, a capital baiana quer se reerguer e chegar longe, tornando-se "Capital do Mundo". Este é o título do projeto apresentando em 2010 pela Prefeitura de Salvador, que pretende investir em infraestrutura e mobilidade urbana com o objetivo de preparar a cidade para a Copa do Mundo de 2014. O desafio, porém, será desafogar o trânsito e garantir acesso de transporte público a todos os cidadãos.

Salvador tem os mesmos gargalos das maiores cidades do País, como excesso de carros, aglutinamento da região metropolitana e escassez de transporte de massa. Além disso, a topografia da cidade é acidentada, com praias e morros, cidade alta e cidade baixa, o que dificulta ainda mais o deslocamento. "O trânsito em Salvador é como um caminho de água. Ele escoa das partes mais altas e estreitas para os vales, de maior fluidez. Só que isso tem sobrecarregado as principais vias, que ficam nos vales", explica a pesquisadora Ilce Marília de Freitas, do Departamento de Transportes da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Para evitar congestionamentos de veículos, é necessário aumentar a eficiência do transporte coletivo de Salvador, que transporta apenas 1,7 passageiro por quilômetro, enquanto o ideal seria entre 2,5 e 5 passageiros por quilômetro, segundo Ilce. A ineficiência se deve a falhas na cobertura do itinerário dos ônibus, baixa frequência das viagens e tarifa (R$ 2,30) considerada cara pela população de baixa renda. Isso explica porque 25% a 30% da população se deslocam a pé todos os dias, um índice alto. "Andar a pé ou de bicicleta é bom, mas não serve para grandes distâncias", diz Ilce.

O pacote "Salvador, Capital do Mundo" reúne mais de 20 projetos de mobilidade, entre eles a ampliação da Avenida Paralela, uma das principais vias da cidade, e a construção de duas novas avenidas. O principal projeto é a implantação do sistema de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), inspirado no modelo de Bogotá, na Colômbia. O BRT soteropolitano prevê 20 km de vias, tráfego em corredores exclusivos e ligação com o aeroporto e com a zona metropolitana.

Orçado em R$ 570 milhões, ele faz parte da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e deve ficar pronto em 2013, segundo a prefeitura. "O sistema foi escolhido porque é três vezes mais barato que o metrô e aproveita condições de infraestrutura da cidade", afirma Renato Araújo, chefe da Superintendência de Trânsito e Transportes do Salvador.

Para a pesquisadora da UFBA, o sistema é bem-vindo, mas não resolverá sozinho o problema, pois Salvador demanda transporte de grande capacidade, como o metrô. Nesse quesito, a evolução é lenta: após oito anos de obras, a primeira etapa do metrô (Lapa-Acesso Norte) ficará pronta em 2011.

RECIFE

Pernambuco quer aproveitar a Copa de 2014 para dar ênfase na qualidade do transporte público na região metropolitana de Recife. Com isso, pretende incentivar a população a usar ônibus e metrô e a diminuir o uso do automóvel. A meta é melhorar a mobilidade urbana. O secretário das Cidades do Estado de Pernambuco, Dilson Peixoto, explica que o objetivo é necessário porque as ruas do Recife já estão "fartamente" ocupadas, e a frota de veículos cresce mais de 7% ao ano. "Para piorar, por ser antiga, a cidade possui ruas estreitas e qualquer razoável obra viária tem um custo muito alto de desapropriação."

Peixoto, que acumula o cargo de presidente do Grande Consórcio Recife, responsável por gerenciar o transporte público da capital e região metropolitana, admite que hoje não há qualidade no ônibus e no metrô. "O transporte público tem capilaridade, mas não tem qualidade. É preciso garantir eficiência, conforto e pontualidade para incentivar as pessoas a usá-lo, deixando o carro em casa."

Para a Copa, uma das metas do governo é construir o Terminal de Metrô Cosme e Damião. Com 39,5 km de extensão e 28 estações, a rede de metrô do Recife é atualmente composta pela linha Centro e pela linha Sul. O terminal ficará na linha Centro, entre as estações Rodoviária e Camaragibe. A obra permitirá que passageiros que cheguem à rodoviária tenham acesso à linha BRT Leste-Oeste, ainda em fase de projeto.

A Leste-Oeste terá a implantação de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), sistema que viabiliza o deslocamento rápido dos passageiros por meio de estações de transferência e corredores exclusivos, e vai ligar a Avenida Caxangá à Cidade da Copa, onde serão realizados os jogos, em um trecho de três quilômetros, em São Lourenço da Mata. Nesta região, o BRT fará o atendimento tanto ao terminal integrado e estação do metrô de Camaragibe quanto ao futuro terminal e estação de metrô de São Lourenço.

Nos mesmos moldes será o BRT Norte-Sul, que vai conectar Igarassu, o terminal Joana Bezerra e o centro do Recife. Com 15 km de extensão, terá conexão com os projetos Corredor da Via Mangue e Corredor Caxangá Leste-Oeste. Este abrigará faixa exclusiva de ônibus, ligando a Avenida Conde da Boa Vista à Caxangá, com meta de beneficiar 900 mil pessoas e 27 mil veículos que circulam pela via. Aquele será uma via expressa de 4,5 km com corredor exclusivo de tráfego de veículos para a zona sul da cidade. O projeto também contempla uma ciclovia.

O consultor em transporte urbano Germano Travassos afirma que o "Recife está caminhando para ter uma rede (de transporte) tão densa quanto à de Curitiba". A capital do Paraná é pioneira no País em projetos nessa área e vista como referência. "A região metropolitana do Recife foi a que mais avançou (no País) em termos de ações integradas." O governo espera que essas obras deem qualidade ao transporte público e melhorem a mobilidade urbana. Travassos, no entanto, diz que pouco que tem sido feito para dar conforto e segurança para quem usa ciclovias. "Não temos muito o que apresentar a não ser boas intenções no quesito bicicleta."

BELO HORIZONTE

Belo Horizonte é uma das capitais onde o transporte público mais perdeu espaço nesta década. O número de carros, motos, ônibus e caminhões nas ruas da capital mineira cresceu 84% em nove anos. O salto foi de 706 mil veículos em 2001 para 1,3 milhão em 2010, de acordo com dados da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). Entre todas as categorias, o maior crescimento foi visto na frota de transportes individuais: motos (114%) e carros (38,8%). Os ônibus aparecem em terceiro lugar (24%).

O fenômeno é avaliado por analistas de trânsito como o resultado de políticas públicas que privilegiaram, ao longo dos anos, o transporte individual em vez do coletivo. Aumentaram drasticamente os congestionamentos nas ruas, o que configurou um "atentado à mobilidade urbana".

"Com esse crescimento da frota, não há investimento público em túneis e viadutos que suporte a demanda", afirma Ramon Victor Cesar, presidente da BHTrans. Ele conta que, ao mesmo tempo em que a cidade viu expandir sua frota nas últimas duas décadas, o transporte coletivo perdeu muita qualidade, o que acelerou a migração para o transporte individual. "O transporte coletivo ficou insustentável", diz.

Para o presidente da BHTrans, a melhora na mobilidade urbana depende do renascimento dos transportes públicos na matriz de tráfego. Hoje, na capital mineira, 55% dos deslocamentos são feitos por transportes coletivos (ônibus e trens). "Nossa meta é chegar a 70% até 2030, como na cidade de Barcelona", afirma Cesar. "No início da década de 90, esse índice já alcançou 65%, mas foi perdendo participação para os carros".

A Copa do Mundo de 2014 pode acelerar o cumprimento da meta. Belo Horizonte foi a primeira cidade a fechar com o governo federal recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinados a melhorias da mobilidade urbana. Até 2014, serão investidos R$ 1,23 bilhão nas obras que incluem o sistema de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês) nas avenidas Presidente Antônio Carlos, Dom Pedro I, Dom Pedro II, entre outras, além da ampliação da Central de Controle de Tráfego da BHTrans. Em outra vertente, a cidade também aposta em um ambicioso projeto de 345 quilômetros de ciclovias, o segundo maior do Brasil, atrás somente de Porto Alegre, com 495 km.

Na opinião do professor Nilson Tadeu Nunes, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os BRTs - principais projetos das cidades brasileiras para a Copa - são muito úteis. "Não dá para permitir a concentração em apenas um meio de transporte", diz. Por outro lado, correm o risco de iniciar o funcionamento já no limite da capacidade. Em algumas vias, segundo Nunes, a demanda já supera 40 mil passageiros por trecho a cada hora. O ideal para este fluxo é o transporte por trens urbanos, mas, por falta de recursos, elas não entraram no pacote de infraestrutura para a Copa.

PORTO ALEGRE

Entrar em Porto Alegre pode ser uma tarefa difícil. Sair também. A dificuldade de acesso à capital gaúcha se explica pelos gargalos viários logo no entorno da metrópole, de acordo com avaliação do professor Luis Antonio Lindau, do Laboratório de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Na zona norte, o problema está na saturação da rodovia BR-116, principal passagem para veículos de passeio e carga entre a capital gaúcha e a região metropolitana. A rodovia federal recebe cerca de 120 mil veículos por dia, uma saturação que obriga os motoristas a reduzir a velocidade para 40 km/h em vários trechos.

Na sequência da rodovia fica outro gargalo - a ponte do Rio Guaiba - que liga Porto Alegre ao sul do Estado. A ponte, de 1960, sofre constantes problemas técnicos para içar o trecho por onde passam navios. "Tem vezes que ela sobe e não desce, parando o trânsito", conta o professor. Segundo ele, a tecnologia de içamento está ultrapassada e não serve mais para o cenário atual, em que o fluxo de veículos na região é consideravelmente maior.

Hoje, a solução para os dois pontos de afogamento da mobilidade urbana dependem de grandes obras de infraestrutura. No eixo norte, o prolongamento da Rodovia do Parque, da BR-386 até a BR-290, deve ficar pronto em dois anos, e criará uma rota alternativa entre a região do Vale dos Sinos e parte da zona metropolitana com destino à capital. Já a conexão com o sul do Estado depende de uma outra ponte, que não condicione o tráfego a interrupções, segundo Lindau.

Dentro de Porto Alegre, o excesso de veículos (frota estimada de 542 mil) e motos (72 mil) é o principal problema, associado a corredores de ônibus lotados. A situação tende a se agravar com o crescimento anual da frota estimado em 5%, o equivalente a 30 mil carros e motos a mais por ano. "A motorização será mais forte na periferia, onde os aumentos recentes da renda familiar têm possibilitado à população a compra de veículos", afirma Lindau. "O uso do carro não é um mal em si. O problema está no uso em excesso e nos horários de pico", ressalva.

O único jeito de escapar à paralisia está no investimento pesado em transportes coletivos e alternativas complementares. Nesse quesito, o cenário é otimista. A Prefeitura de Porto Alegre tem dois projetos ambiciosos. O primeiro deles é o de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT, na sigla em inglês), um tipo de corredor expandido, com estações fechadas, veículos maiores e faixas exclusivas para o tráfego. Até a Copa de 2014, estão previstas 11 estações, em vias como as avenidas Bento Gonçalves, Assis Brasil e Protásio Alves. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) de Porto Alegre, o BRT associado a outras intervenções urbanas, como túneis e viadutos, vai desafogar o trânsito no centro da cidade.

A prefeitura também aposta no maior projeto de ciclovias do Brasil. O Plano Diretor Cicloviário, já sancionado, quer expandir a rede atual de 7,9 km de ciclovias para 495 km. Desse total, a prefeitura espera entregar 14 km nas Avenidas Ipiranga e Serório em 2011. "Não pensamos a bicicleta apenas como lazer. Buscaremos integrar as ciclovias ao transporte público, para que o cidadão possa utilizar a bicicleta e ônibus para deslocamentos", afirma a EPTC.



Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT