quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Realizada em Vitória a 79ª Reunião Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte Urbano e Trânsito

Com 50 participantes, que representavam 17 municípios de 11 Estados, foi realizada nos dias 19 e 20 de novembro de 2012, em Vitória, Espírito Santo, a 79ª Reunião Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte Urbano e Trânsito. O encontro aconteceu simultaneamente com a reunião da Frente Nacional de Prefeitos e foi patrocinado pela Mercedes Benz do Brasil.
A solenidade de instalação dos trabalhos foi coordenada por Rogério Crantschaninov, presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos (CET-Santos) e presidente do Fórum Paulista. Participaram do ato Fábio Ney Damasceno, secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo; Domingos Sávio Gava, secretário Municipal de Transporte, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória; Leo Carlos Cruz, diretor presidente da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV). A ANTP foi representada por seu superintendente, Luiz Carlos Mantovani Néspoli.
INVESTIMENTOS EM MOBILIDADE URBANA
O governo federal pretende anunciar em 14 de dezembro de 2012 os resultados do processo de escolha de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) – Mobilidade Médias Cidades, segundo informou a representante da Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SeMob), do Ministério das Cidades, Lúcia Mendonça, ao participar, na manhã de 19 de novembro de 2012, da 79ª Reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte Urbano e Trânsito.
Ela assinalou que o cadastramento encerrou-se em 11 e setembro de 2012, tendo sido iniciado em seguida o processo de análise das propostas, com enquadramento e hierarquização, o que se estendeu até 15 de outubro. A terceira e penúltima fase, de reuniões presenciais com os proponentes, se estenderá até 10 de dezembro. Em seguida, será feito o anúncio dos projetos escolhidos.
O PAC 2 – Médias Cidades compreendia 75 municípios elegíveis. Cadastraram-se efetivamente 71 municípios, que somam 27 milhões de habitantes. Alguns dados apresentados por Lúcia Mendonça: a) Há 110 propostas cadastradas. b) 59% dos municípios que pleiteiam investimentos integram regiões metropolitanas ou aglomerados urbanos. C) Em 82% dos municípios cadastrados o sistema de transporte público utiliza bilhetagem eletrônica; em 5%, a bilhetagem eletrônica está em implantação, e em outros 3% há projetos visando à utilização dessa tecnologia de arrecadação e gestão.
Levantamento feito com base nas informações das cartas-consultas preenchidas pelos municípios proponentes do PAC 2 Mobilidade Médias Cidades revela o seguinte quadro de demanda por infraestruturas de mobilidade urbana: 2.118,68 km de calçadas ao longo dos corredores; 780,52 km de ciclovias ou ciclofaixas ao longo dos corredores; 6.828 pontos de parada (estações e abrigos); 250 terminais; 586,96 km de faixas exclusivas para ônibus; 576,78 km de faixas preferenciais/semi-exclusivas.
Grandes Cidades
O PAC da Mobilidade Grandes Cidades tem como objetivo requalificar e implantar sistemas estruturantes de transporte público coletivo com ampliação de capacidade. Estão cadastrados projetos de 22 municípios divididos em três grupos.
Um dos grupos compreende municípios sedes de Regiões Metropolitanas com mais de 3 milhões de habitantes e o Distrito Federal, abrangendo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Salvador, Curitiba, o Distrito Federal. O segundo grupo concerne a municípios entre 1 e 3 milhões de habitantes, reunindo Manaus, Belém, Goiânia, Guarulhos, Campinas e São Luiz.
No terceiro grupo estão municípios com população entre 700 mil e 1 milhão de habitantes, englobando Maceió, Teresina, Natal, Campo Grande, João Pessoa, Nova Iguaçu, São Bernardo do Campo. Há, ao todo, 43 propostas, com R$ 10,268 bilhões de recursos do Orçamento Geral da União (OGU); R$ 12,163 bilhões em financiamentos e mais R$ 10,305 bilhões em contrapartidas dos governos estaduais e municipais, totalizando R$ 32,736 bilhões de investimentos.
Corredores de ônibus
A representante da SeMob apresentou também um quadro de investimentos em projetos para implantação de 930 km de corredores de ônibus em grandes centros urbanos, com investimentos da ordem de R$ 15,1 bilhões.
Em relação à Copa do Mundo de 2014, estão previstos financiamentos que totalizam R$ 4,2 bilhões, com contrapartida dos Estados e Municípios que elevam o investimento a R$ 5,8 bilhões, significando a implantação de 330 km de corredores.
Por sua vez, o PAC Mobilidade Grandes Cidades garante para corredores de ônibus recursos de R$ 3 bilhões do Orçamento Geral da União (OGU), aos quais se somam R$ 4,5 bilhões de financiamento e R$ 1,8 bilhão de contrapartida dos Estados e Municípios, chegando a R$ 9,3 bilhões de investimentos, com a implantação de 600 km de corredores.
PAINEL SOBRE A LEI DE MOBILIDADE URBANA
Ainda na tarde do primeiro dia, desenvolveu-se um Painel sobre Lei da Mobilidade Urbana, organizado pela Frente Nacional de Prefeitos. O debate reuniu o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense Pires; o presidente da FNP e prefeito de Vitória, João Coser; o consultor da presidência da Caixa Econômica Federal, Vicente Trevas; o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), de Goiânia, e representante indicado pelo Fórum Nacional, José Carlos Xavier e ainda o prefeito de Rio Branco, capital do Acre, Raimundo Angelim. O portal da Frente Nacional de Prefeitos apresentou matéria sobre este debate.
Na sessão, Ailton Brasiliense assinalou que a mobilidade é um tema que afeta diretamente da qualidade de vida dos cidadãos. “Da forma como ele está colocado hoje na maioria das cidades do Brasil, o usuário está bastante desprotegido, desatendido. A qualidade do transporte público oferecido é ruim. São 70 milhões de veículos no país e caminhamos para atingir 120 milhões de veículos daqui a 20 anos. Precisamos oferecer transporte público a um preço menor”, afirmou.
Ele garantiu que o envolvimento dos três níveis de governo no tema é crucial para a solução. “Essa é uma questão importante, que envolve os prefeitos, o governo federal, e envolve os governos estaduais, em função da conurbação das nossas cidades hoje, ou seja, as diversas atividades sociais, econômicas e culturais, de um cidadão são atendidas em parte numa cidade e em parte nas cidades vizinhas”.
O consultor da presidência da Caixa Econômica Federal, Vicente Trevas, defendeu a adoção de políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana em áreas de regiões metropolitanas. "Precisamos adotar premissas que nos permitam atingir um novo patamar de mobilidade nas nossas cidades, especialmente num momento em que acontece a retomada dos investimentos públicos", disse.
De acordo com representante do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Transporte Urbano e Trânsito, José Carlos Xavier, o momento é de aprofundar os debates em torno da Lei de Mobilidade Urbana. "A Lei nos oferece instrumentos que permitem a racionalização e até mesmo a restrição do uso do automóvel, visando a equidade de utilização entre todos os modais de transporte", esclareceu.
Semanal ANTP