segunda-feira, 4 de março de 2013

Em Bogotá, decisão de restringir o automóvel veio antes de melhorias no transporte público

E fevereiro  a capital da Colômbia realizou seu 13º Dia Sem Carro. A principal diferença para o Dia Mundial Sem Carro que temos aqui, além da data, é a multa para quem usar o automóvel ou moto nesse dia. Ou seja: a adesão é obrigatória.
O evento se repete toda primeira quinta-feira de fevereiro, desde o ano 2000 (na primeira edição, aconteceu no dia 24). Além dos ônibus, que são disponibilizados em maior quantidade nesse dia, só circulam bicicletas táxis, veículos policiais, motos, ambulâncias, transporte escolar e carros com placas diplomáticas. A multa para quem descumprir a orientação é de 294 mil pesos colombianos (cerca de R$ 326).

Restrições ao automóvel

Em 2000, 80% das pessoas usavam transporte público, porém 95% do espaço era ocupado por veículos particulares motorizados. Percebendo que a mobilidade baseada no carro e na moto era um beco sem saída, os bogotanos resolveram mudar esse cenário, apoiados na coragem política de Enrique Peñalosa, então prefeito da cidade.
Em outubro de 2000, foi realizado um referendo para definir se o uso de veículos particulares deveria ser restrito durante as seis horas de maior tráfego (6 às 9h e 16h30 às 19h30), a partir de 2015. 51% dos votos foram favoráveis à medida (com 34% contrários e o restante votos brancos). Na mesma votação, 63% foram favoráveis à adoção do Dia Sem Carro como evento anual.
Desde então, a cidade vem se preparando para diminuir cada vez mais sua dependência de veículos particulares motorizados. Cabe salientar que essa disposição de restringir o uso do automóvel veio antes de melhorias para a mobilidade como o sistema rápido de ônibus (BRT) chamado de Transmilênio, que começou a operar em dezembro de 2000. E o metrô só ficará pronto, na melhor das hipóteses, em 2016.
Naquela época, já havia cerca de 120km de ciclovias na cidade, mas foi nos anos seguintes que elas foram expandidas até ultrapassar os 300km. Bogotá já contava com uma iniciativa parecida com nossas ciclofaixas de lazer: vias para bicicletas operando apenas aos domingos, com o diferencial de ocupar toda a largura das avenidas onde estava presente, em vez de apenas uma faixa. As ciclovias de domingo acontecem por lá desde os anos 80