quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nem metrô, nem trem e nem ônibus: todos

Nem metrô, nem trem e nem ônibus: todos
Depois da situação de panes e superlotação nos modais ferroviários ter se tornado insustentável, o óbvio vem à tona: não dá pra pensar em ferrovia sem ônibus e vice e versa

ADAMO BAZANI – CBN
Lembra da época que nossas mães achavam que uma pomadinha muito famosa no mercado era a solução para tudo? Frieira, dor de cabeça, depressão, machucado depois de uma pancada.     “Pega a pomadinha, meu filho!!!!!”.
Com os transportes coletivos, os discursos de candidatos, pré-candidatos eram parecidos.
Quer melhorar a mobilidade? Metrô, metrô, metrô, metrô, metrô e só metrô.
Os ônibus e as melhorias nos trens suburbanos???? Ganhavam uma linha só. Não davam tanto Ibope.
Realmente, metrô, metrô e metrô é solução para os problemas de trânsito e transportes em São Paulo ou em outros grandes e médios centros urbanos. Mas ele é só parte desta solução.
A demanda por transportes é tão reprimida e cresce a cada dia que pensar que sozinhos o metrô, o ônibus, o trem, o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), o monotrilho ou o teletransporte atenderiam às necessidades de transportes é uma ingenuidade ou simplificação do problema.
É óbvio?
Aparentemente sim!
Mas parece que só agora as autoridades de transportes se deram contam disso.
A expansão do metrô é algo que São Paulo precisa. Mas expandir metrô sem oferecer um serviço que o complete ou que alivie sua lotação parece não ser o mais razoável.
E aí, os críticos de plantão, usam palavras chaves, como as pomadinhas de nossas mães, que acham que explicam tudo.
Uma delas é a tal da “sobreposição”. É uma palavra bonita de ser repetida.  Dá impressão de que a pessoa que fala entende do assunto.
Realmente, a sobreposição é algo que deve ser evitado, pois concentra custos e oferta de transportes em um só lugar, sendo que outras áreas ficam carentes. Mas oferecer ônibus e metrô ao mesmo tempo em determinadas rotas de São Paulo e cidades vizinhas não é sobreposição, é necessidade.
Agora, o novo presidente do Metrô, Peter Walker, num ato de lucidez, mostra que o metrô não dispensa a necessidade de corredores de ônibus e deixa implícito que só ônibus também não atendem a tudo.
A ideia da criação de corredores expressos de ônibus ligando estações da CPTM e do Metrô com maior demanda vai no sentido de que a mobilidade precisa: diversos tipos de transportes se complementando e não um disputando contra o outro.
Os ônibus serviriam parte da demanda do metrô, evitariam trajetos negativos, nos quais os passageiros precisam ir até um ponto para fazerem baldeação e voltarem boa parte do destino em outra linha e agilizariam os deslocamentos, que hoje fazem o cidadão perder parte de suas vidas dentro de carros, vagões ou ônibus.
Os estudos já mostram outro fator positivo: vão se unir CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, Metrô, SPTrans (que gerencia os ônibus municipais) e EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (que cuida dos ônibus intermunicipais).
Por outras vezes, estes órgãos deveriam sentar juntos para coordenar os esforços.
Os ônibus não fariam paradas seguiram de uma estação a outra diretamente.
Algumas ideias de corredores de ônibus são:
- Estação Vila Matilde e Estação Sé: A linha 3 vermelha do Metrô é a mais lotada. O total é de quase um milhão e meio de passageiros.
- Estação da CPTM, Santo Amaro, na zona Sul de São Paulo, e Estação Pinheiros, zona Oeste para aliviar a demanda da Linha 9 Esmeralda.
- Cidade de Caieiras e Lapa, na zona Oeste de São Paulo: O objetivo é diminuir o excesso de lotação na linha 07 Rubi.

Os estudos atendem a um pedido da Secretaria de Transportes Metropolitanos e devem ser apresentados ao Conselho Diretor de Transportes.
SPTrans e Metrô já estudam as alternativas aos pontos mais críticos da linha 3.
Peter Walker admitiu que uma parte dos problemas operacionais no metrô ocorre por causa da alta demanda, acima muitas vezes do que o modal deveria atender.
O fato de o metrô contar com o reforço de ônibus e linhas expressas como alternativas não significa demonstrar fraqueza ou que o sistema não funciona ou é insuficiente.
Outros críticos de plantão bradam dizendo que o metrô está apelando para o ônibus porque não consegue atender aos seus passageiros. Ônibus não é apelar!
O que para muitos pode ser uma fraqueza, na verdade é um gesto lúcido que demonstra que o metrô sozinho não resolve todos os problemas de mobilidade.
È uma das raras vezes que o presidente da companhia de um modal não fica ferrenhamente defendendo seu meio de transporte e olha para outras opções.
É uma lição aprendida às duras penas que os corredores de ônibus não podem ser colocados em segundo plano, como ocorrem nos discursos políticos.
A única coisa que a população espera é que os corredores e os ônibus tenham de fato uma qualidade e uma eficiência que realmente convençam as pessoas a tê-los como alternativas ao metrô.
O único fato negativo em relação a isso é que em vez de a cidade de São Paulo discutir formas de convencer os motoristas de carro a deixar seus veículos particulares em casa, tem pensado em como alocar a demanda de um transporte público para outro. Sinal que muito tem de ser feito no setor de mobilidade ainda e não é só um BRT, só um metrô, só um VLT, só um monotrilho que serão as soluções.


Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

COMENTÁRIO DO COORDENADOR DO MDT
Materia simples e direta contra a briga "BURRA" entre modais, principalmente os que defendem metrô chamado até de carroça as soluções de sistemas estruturais de ônibus. É momento de implatarmos a mobilidade sustentável e como disse a Presidenta Dilma no lançamento do PAC "...eu acredito que nós temos de olhar pelo lado da mobilidade sustentável, que é garantir primeiro menor tempo de viagens para das pessoas perdido no transporte;segundo menor custo;terceiro menor adequação ao meio ambiente"abcs Urbanista Nazareno Stanislau Affonso
Coordenador Nacional MDT