segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Conforto é prioridade para usuários de transporte público


Mobilidade urbana é só transporte e trânsito? O que é uma boa qualidade no deslocamento da população? O que se entende por uma cidade bem conservada e com o trânsito fluindo? Perguntas que refletem um dos maiores desafios das grandes metrópoles: oferecer um transporte público de qualidade, que atenda às reais necessidades da população. Com o objetivo de identificar o que se entende por qualidade dos serviços de mobilidade, O Rio Como Vamos (RCV) elaborou um amplo estudo sobre a questão, em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento.
Numa pesquisa de percepção, que entrevistou 2.300 moradores do Rio em junho de 2014, os ônibus surgem como meio de transporte utilizado por 51% dos moradores. O uso dos demais meios varia de acordo com o local de moradia e com a oferta de transporte público. O metrô é mais procurado pelos moradores da Área de Planejamento 2 (22%), que engloba a Zona Sul e regiões como Tijuca e Vila Isabel. O trem (9%) e as vans (8%) são mais demandados pela população da Zona Oeste. Ainda se destaca o percentual de pessoas que anda a pé na região Central (19%) e na Zona Sul (14%) e a parcela de moradores que usa um veículo particular como meio de transporte (34%), em Barra e Jacarepaguá.
Segundo o levantamento, usuários de ônibus e de trem dão mais importância ao conforto (64%) e à segurança (55%) do que à questão da tarifa. Os entrevistados também apontaram a manutenção, o bom atendimento dos funcionários e o tempo, antes e durante a viagem, como fatores relevantes. Comparativamente, quem anda de metrô deu maior ênfase à segurança (68%) e à tarifa (53%), enquanto que os passageiros da barca priorizam a tarifa (74%), a previsibilidade (59%) e a acessibilidade (47%).
Os modais ônibus, trem e metrô têm em comum custo adequado, tempo de viagem proporcional ao percurso realizado, limite de lotação para evitar desconforto, investimento na melhoria de equipamentos como ar-condicionado, câmeras de segurança e sistema de som, além de desconto na integração com outros meios de transporte. Quando se inclui as barcas, os principais itens passam a ser a passagem com custo adequado, o tempo de viagem e o desconto na integração.
Perguntados sobre o que seria um bom profissional de trânsito (motoristas e guardas de trânsito), os entrevistados destacaram três temas principais: a preocupação com a segurança dos passageiros (57%), a paciência e a presteza no atendimento a idosos e portadores de necessidades especiais (55%) e a competência para exercer sua função (49%). Os entrevistados apontam, ainda, a importância de se ter mais policiais e guardas municipais nas ruas (67%) e a punição devida aos criminosos (46%) como fatores fundamentais para um deslocamento mais tranquilo.
A questão da segurança também está relacionada à conservação das ruas e calçadas. Além da insatisfação com buracos e a qualidade do asfalto, a ausência de rampas de acesso para deficientes e a sinalização inadequada são vistos pelos moradores do Rio como fatores diretamente vinculados ao tema.
Para melhorar a qualidade do trânsito, os entrevistados sugeriram o aumento da fiscalização e a aplicação de leis mais severas, acompanhadas por campanhas educativas para motoristas, usuários e pedestres, uma vez que cada ator envolvido tem sua parcela da responsabilidade.

A análise do RCV considerou o levantamento de experiências nacionais e internacionais - Europa, EUA, Canadá e Colômbia -, além da pesquisa de percepção. A conclusão do documento é de que existe informação ampla e qualificada sobre o tema, tanto na esfera pública (governo e órgão regulador), quanto privada (consórcios).
O Globo