quarta-feira, 2 de julho de 2014

Dilma diz que FHC investiu pouco em mobilidade



A presidente Dilma Rousseff (PT) criticou o baixo investimento em mobilidade urbana e habitação durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em cerimônia que marcou a liberação de recursos federais a obras no setor em São Paulo e na região metropolitana, Dilma alfinetou o ex-presidente, sem citá-lo nominalmente. "Tenho perfeita consciência de que no passado não se investiu em obras de mobilidade urbana nessa dimensão."
Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), reunidos na sede da Prefeitura de São Paulo, Dilma foi categórica ao declarar que o padrão de investimentos só melhorou a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "No governo Lula nós começamos a fazer investimentos em mobilidade urbana. Naquela época [em 2005] chegaram para mim e disseram: 'Viva, o FMI [Fundo Monetário Internacional] nos deixou investir R$ 500 mil'. Porque naquela época o FMI deixava ou não. Quando nós pagamos o FMI, ele parou de dar palpite."
Dilma seguiu com as críticas à gestão tucana à frente da Presidência, entre 1995 e 2002: "O governo federal não tinha programa de habitação. Porque habitação não é ter feito dois ou três, é ter escala do programa em um país com 201 milhões de habitantes". A presidente discursou por quase meia hora, embalada por gritos de "Dilma, eu te amo!" de uma plateia de militantes trazidos pelo prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT).
Na ocasião, a presidente anunciou a liberação de R$ 4,4 bilhões para obras de mobilidade urbana e contra enchentes na capital paulista e na região do ABC. Dilma e Alckmin também assinaram contrato em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) autoriza empréstimo de R$ 1,7 bilhão para a obra da Linha 6-Laranja do Metrô - que ligará a estação São Joaquim, no centro, à região da Vila Brasilândia, na zona norte da cidade. A presidente anunciou ainda R$ 2,6 bilhões para obras de drenagem, saneamento e mobilidade para São Paulo e R$ 96,5 milhões para obras em Mauá e Ribeirão Pires, municípios da região metropolitana.
Mais tarde, em Santos, no litoral paulista, a presidente e o governador tucano voltaram a se encontrar para anunciar um pacote de obras de mobilidade urbana e infraestrutura a seis municípios do litoral sul de São Paulo: Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão e Bertioga. O governo federal vai transferir para essas cidades um total de R$ 480,9 milhões, sendo R$ 252,9 milhões em verbas a fundo perdido do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e R$ 228 milhões em financiamento de longo prazo com juros subsidiados. O governo do Estado entrará com cerca de R$ 114 milhões.
Somente Santos receberá perto de R$ 455 milhões em recursos federais. O valor pagará a implantação do Corredor Metropolitano Santos-São Vicente, com 16,6 km de corredores exclusivos de ônibus ligando a zona leste e noroeste da cidade ao município vizinho de São Vicente. Além disso, os recursos contemplam dois túneis de 1,35 km que cortarão um morro que divide as duas cidades. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), declarou que a Baixada Santista vive um momento histórico. "São obras esperadas há 60 anos e que vêm para atender o grande potencial de desenvolvimento econômico da região, que vive alta demanda em muitas áreas em função da descoberta do pré-sal." As outras cidades da Baixada Santista terão recursos federais para projetos de corredores e terminais de ônibus.
Em Santos, a presidente não fez críticas. Preferiu fazer um pequeno balanço dos jogos da Copa do Mundo, destacando a força das seleções latino-americanas e o sucesso do "padrão Brasil" de organização do evento. Deu até opiniões sobre os jogos, no estilo comentarista esportiva. "É uma Copa muito interessante. Cheguei à conclusão, depois de olhar os resultados, que é a Copa da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], dos países que vão do México à Patagônia. A chance desses times latino-americanos de vencer é muito grande. E isso é muito bonito de ver", declarou a presidente, que também lembrou dos outros participantes do Mundial.
"É bonito de ver a força dos latinos, mas não quero fazer desfeita com os demais países, porque somos os anfitriões. E [como anfitrião] brasileiro sabe receber muito bem, com gentileza, de braços abertos. A gente gosta de abraçar, de beijar, tem essa questão do tato, da afetividade [com o turista]. A Copa é um orgulho para nós porque o Brasil e o povo brasileiro estão demonstrando, dentro e fora de campo, que estamos fazendo uma Copa no padrão Brasil."
O Estado de SP
Dilma libera verba para Linha 6 e BRTs em SP
Prefeitura usará recurso em 6 corredores de ônibus; Estado quer entregar obra até 2018
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a liberação de R$ 2,64 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para investimentos em mobilidade urbana e combate a enchentes em São Paulo. Desse recurso, R$ 1,98 bilhão será utilizado para viabilizar o início das obras da Linha 6-Laranja do Metrô e a ampliação dos corredores de ônibus – outros R$ 651 milhões vão para obras de drenagem e saneamento.
Em seu discurso, ela voltou a dizer que a questão do transporte é crucial para a qualidade de vida dos brasileiros e citou que o governo tem investido R$ 143 bilhões em mobilidade no País. "Estamos colocando R$ 1,988 bilhão em mobilidade, para BRTs e corredores aqui”, afirmou."Com esses recursos a Prefeitura vai construir 51,7 quilômetros de BRTs.”
Em julho de 2013, Dilma também anunciou um pacote de investimentos de R$ 8,1 bilhões em obras de mobilidade, drenagem e recuperação de mananciais na cidade de São Paulo. Desse total, R$ 3 bilhões foram destinados para corredores de ônibus nas zonas leste e sul, R$ 2,2 bilhões para recuperação dos mananciais das Represas Billings e Guarapiranga, na zona sul, R$ 1,5 bilhão para construção de moradias para 20 mil famílias que vivem perto das represas e R$ 1,4 bilhão para a drenagem de córregos. Em outubro, a presidente ainda anunciou um repasse de R$ 5,4 bilhões em recursos do PAC 2 para melhorias nos transportes, incluindo metrô.
Belmira Marin. A Prefeitura informou que seis trechos de corredores de ônibus serão construídos com os recursos anunciados ontem. O que custará mais caro é o Corredor Perimetral Itaim Paulista/São Mateus (R$ 529 milhões). Outro corredor que deve sair do papel é o que será construído no eixo entre as Avenidas dos Bandeirantes, na zona sul, e Salim Farah Maluf, na zona leste, com custo de R$ 487 milhões. Os demais corredores do pacote são o M’Boi Mirim/Cachoeirinha (R$ 283 milhões), o Carlos Caldeira Filho (R$ 218 milhões), o M’Boi Mirim/Estrada do Guavirituba (R$ 266 milhões) e o primeiro trecho do Belmira Marin (R$205 milhões), todos na zona sul.
Para o urbanista e consultor de Transportes Flamínio Fichmann, a Prefeitura deve realmente dar prioridade às zonas leste e sul, onde a demanda por transporte público de massa é mais premente. "Alguns eixos, como M’Boi Miriam, Celso Garcia e Radial merecem investimentos de BRT. Não temos em São Paulo nenhum BRT, que não é um Fura-Fila turbinado.”
Metrô. Na cerimônia de ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, assinaram um contrato de financiamento de R$ 1,7 bilhão para a Linha 6-Laranja do Metrô. "É uma linha muito importante, uma das maiores de São Paulo”, disse o governador.
De acordo com o secretário de Transportes de São Paulo, Jurandir Fernandes, o recurso liberado pelo BNDES e a desapropriação de um terreno da Prefeitura, publicada no Diário Oficial de ontem, vão permitir o início das obras. "A expectativa é de que em 2018 nós já conseguiremos pegar essa grande massa humana e levar para o sistema da Linha 7 e Linha 8 (da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM), na Água Branca.”
Metrô atenderá universitários
A construção da Linha 6 será feita por meio de uma parceria público-privada (PPP), operada pela empresa vencedora da licitação (Consórcio Move São Paulo), composto pelos grupos Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC Participações e pelo Fundo Eco Realty. Segundo o Estado, o valor do empreendimento é de R$ 9,6 bilhões. Desse total, o BNDES será responsável por 39,2% do financiamento e 13,9% serão de recursos do governo estadual. O consórcio arcará com os 46,9% restante. Apelidada de "linha dos estudantes”, por ter previstas estações próximas de Faap, PUC, FGV, e FMU, ela terá 13,5 km e ligará os bairros da Vila Brasilândia, na zona norte da capital, até a Estação São Joaquim (Linha 1-Azul), na região central. A previsão é atender 633 mil passageiros por dia em  2020, quando estiver em pleno funcionamento.

Valor Econômico / O Estado de SP|