quarta-feira, 15 de maio de 2013

Na contramão do mundo, o Brasil ignora carro elétrico



Cerca de 500 mil veículos já circulam no mundo, mas são apenas 70 no país. Carro não polui e é até 10 vezes mais econômico do que o movido a gasolina. Para especialistas, setor não cresce por conta da alta carga tributária e da falta de incentivo do governo



Embora ainda representem uma parcela extremamente pequena da frota mundial, carros elétricos já podem ser vistos nas ruas de países da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos. Os investimentos e incentivos de governos ao setor também crescem cada vez mais. No Brasil, o carro elétrico permanece engatinhando. Dos cerca de 500 mil veículos elétricos que circulam pelas ruas do planeta, apenas 70 0,014%) se encontram no país. Na China, são 200 mil e no Japão, 100 mil (veja quadro). Para especialistas, o atraso no setor é preocupante. “O cenário é vergonhoso. Como potência energética, o Brasil deveria dominar este mercado”, afirma Paulo Roberto Feldman, coordenador de um projeto da FIA (Fundação Instituto de Administração da USP), em parceria com o IEE (Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP) e com a Sinapsis, contratado pela portuguesa EDP, que estuda cenários do setor no país.



Segundo Feldman, se 10% dos carros brasileiros fossem elétricos - o equivalente a 4 milhões de veículos -, o gasto energético do país aumentaria apenas 3%. “O impacto seria desprezível perto das vantagens que o carro tem”, afirma. O carro elétrico não polui, não faz barulho e é até 10 vezes mais econômico que um carro comum. Com uma recarga de R$ 6, o carro anda em média 150 km, ante 30 km do carro a combustível. “É bom para o meio ambiente e para o bolso do motorista”, diz Feldman. Apesar das vantagens, o carro elétrico não consegue se estabelecer no mercado brasileiro por conta da alta carga tributária. Um veículo que deveria chegar ao país custando R$ 60 mil chega pelo triplo desse valor.



Segundo o gerente de Planejamento Corporativo da Nissan, Anderson Suzuki, há empresas dispostas
a investir no setor, mas falta incentivo do governo. “Em outros países, a parceria entre governo e empresa privada já funciona muito bem. Sem esse modelo, o carro elétrico é inviável”. Suzuki afirma que reduzir o preço do carro é apenas uma das medidas necessárias. “O governo também precisa investir em infraestrutura e dar benefícios para quem utilizar o carro.” Um estudo internacional feito pela OACD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) prevê que até 2030 metade dos carros nas ruas da Europa sejam elétricos e que, até 2040, o veículo represente a maioria. No Brasil, especialistas preferem não fazer projeções.

Jornal METRO Taxista