quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Carrodependência: o MDT combate

Apocalipse Motorizado
Para comemorar o Dia Mundial Sem Carro, dia 22 proximo, aproveito para colocar alguns posts de reflexão.

Quem possui um carro (e algum dinheiro para sustenta-lo), passa a não enxergar nenhum outro horizonte de mobilidade urbana.
Do outro lado, vultuosos montantes envolvidos na construção e manutenção de tudo que os carros precisam para rodar (ruas, pontes, avenidas, combustível, pneus, autopeças, estacionamentos…) e quase 100 anos de técnicas de planejamento urbano e de políticas públicas voltados para atender o fluxo sempre crescente de automóveis deixaram o poder público amarrado ao problema, sem enxergar nem conseguir agir em favor das alternativas (a não ser quando a saturação de carros começa a ser um problema para os próprios carros).
Somado a estes elementos, interesses privados monumentais sustentam e estimulam o desperdício e o individualismo associados ao automóvel, em uma indústria responsável por boa parte do dinheiro em circulação no planeta (junto com as indústrias da guerra e do tráfico de drogas).
A epidemia mundial de cidades degradadas pela presença marcante do automóvel se alimenta desta tríade: indivíduos dependentes, iniciativas privadas altamente lucrativas e poder público inerte e/ou interessado no estímulo ao automóvel.
A proposta do Dia Sem Carro é, em primeiro lugar, experimentar outras formas de deslocamento e deixar o carro em casa. 

Vivenciar a cidade, seus problemas e belezas de maneira não-mediada é um remédio surpreendente para a carrodependência,  um antídoto para a degradação do tecido social, podendo inclusive resultar em transformações coletivas maiores e inesperadas.

Além disso o Dia Sem Carro é um momento de reflexão sobre o impacto do automóvel nas cidades e sobre a carrodependência urbana, momento de exigir condições de deslocamento dignas para quem não possui automóveis e de promover suas alternativas.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT