segunda-feira, 23 de julho de 2012

Veja o Boletim n 122 do SENGE-BA

Metrô em Salvador: planejamento precisa ser explícito e registrado
"Complexidade do transporte metroviário não se resume a obras", alerta engº Emiliano Affonso, conselheiro da AEAMESP

Por Tanara Régis
Ascom / Senge BA

Segundo a proposta do governo da Bahia, daqui a três anos, Salvador e Lauro de Freitas terão um sistema de metrô em pleno funcionamento. A previsão é que as obras comecem no início de 2013, sejam finalizadas em 36 meses, sendo que com apenas 18 meses já comecem a operar. Para os especialistas da área, não há dúvidas que o plano é um desafio cujo grande tamanho pode está sendo subestimado.
“A implantação do transporte metroviário é de uma complexidade que vai muito mais além de obras, constitui um verdadeiro desafio para a engenharia e tecnologia”, alerta o engenheiro Emiliano Affonso, conselheiro da AEAMESP - Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô em São Paulo.
Emiliano integra um verdadeiro time de especialistas que vivenciaram profundamente a experiência de implantação do transporte metroviário em São Paulo. Eles se encontraram, nesta última quinta-feira (5), para apresentar o Seminário Planejamento, Implantação e Operação do Transporte Metroviário, realizado às 19h, na Escola Politécnica da Ufba, evento de iniciativa do Sindicato dos Engenheiros da Bahia (Senge BA).
O evento mostrou porque o metrô de São Paulo deu certo e esclareceu a realidade do projeto em Salvador, o que para o presidente do Senge BA, o engº Ubiratan Félix, é de suma importância diante do descrédito da população sobre a gestão pública das obras de infraestrutura na cidade.
“Sabemos que o primeiro projeto de construção do metrô em Salvador arrasta-se há mais de uma década. A situação virou até tema entre comediante. Mas para a população significou evidência de corrupção, burocracia, incompetência e descaso com o cidadão”, lembra Félix .
Para o diretor da Escola Politécnica da Ufba, engº Luiz Edmundo Prado, o tema assume ainda mais importância quando Salvador é apontada pelas recentes pesquisas do IBGE como a terceira cidade mais congestionada do país enquanto o governo federal estimula o crescimento da frota de automóveis com a redução de impostos. 
Vale lembrar que em janeiro deste ano foi instituída a Política Nacional de Mobilidade Urbana que incentiva a priorização do transporte coletivo, público e não motorizado, em vez do individual, particular e motorizado”, destaca o arquiteto Nazareno Affonso, coordenador nacional do “Movimento pelo Direito ao Transporte Público e de Qualidade” (MDT).
MetrôDesde 21 de junho deste ano, está aberta a Consulta Pública do PPP (Parceria Público Privado) do Sistema Metroviário de Salvador a Lauro de Freitas. Durante 60 dias as empresas interessadas em executar a obra poderão analisar o edital e em novembro está prevista a realização de um pregão na Bovespa para definir o vencedor.
Mas, para a deputada estadual, engª Maria Del Carmen, a demonstração de vontade política do governo do Estado não amenizou as suas preocupações quanto ao planejamento da implantação do sistema metroviário. “A prefeitura de Salvador vai fazer uma licitação para concessão das linhas sem reavaliá-las e analisá-las de acordo com os novos trajetos propostos nas linhas 1 e 2”, diz a deputada que conclui: “A implantação do metrô precisa atender a demandas de projeto, execução, inspeção, testes, operação, manutenção e até mesmo o atendimento ao usuário. Além disso, precisa está articulado com outros modais de transporte. Ou seja se exige muito mais e não sei até que ponto estamos preparados”.

Não é por a caso a insegurança. O engº José Baião, presidente  da AEAMESP, explica que tanto a operação quanto a manutenção do sistema precisa ter procedimentos, ou seja, de estratégias operacionais.  Segundo Baião, além de todos os equipamentos tecnológicos para implantação (desde material rodante até o sistema de composição elétrica, telecomunicações, sinalizações, equipamentos para as estações etc) exige-se uma engenharia de logística, como equipes de restabelecimentos de serviços e de corretiva de trens, funcionando 24 horas por dia, durante os sete dias da semana.
“Toda obra de infraestrutura tem a sua complexidade e envolve aspectos que têm que ser considerados desde a fase de planejamento até a operação. O conhecimento que é tácito precisa está explícito e registrado, porque envolve a segurança das pessoas”, alerta Baião.
Cooperação – Outra iniciativa debatida no evento foi a assinatura do termo de cooperação entre os municípios de Lauro de Freitas, Salvador, Simões Filho e o governo do Estado para as ações de mobilidade urbana.
O engº Claudio de Senna, integrante do conselho diretor da ANTP - Associação Nacional de Trânsito e Transporte Público concorda que as causas do problema de mobilidade em uma região metropolitana acontecem muitas vezes em um município, mas as conseqüências aparecem no outro.
 “Um município faz desenvolvimento habitacional em condomínio, gerando aumento da quantidade de carros que vão atravessar as ruas do outro município. Isso também impacta em outros sistemas, como metrô e ônibus”, explica.
“Então é preciso que as entidades metropolitanas tenham o poder e a responsabilidade de conduzir os acordos entre os vários municípios e o Estado, para alcançar uma solução que seja realmente para todos”, conclui Senna.
 
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