sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Eleições: vote em políticos comprometidos com a mobilidade sustentável

As eleições presidenciais se configuram  o momento adequado dos candidatos se comprometerem com a sociedade. Temos que analisar se vão ou não mudar a politica de mobilidade do país que vem desde os anos 50 priorizando os investimentos públicos para universalizar o acesso ao automóvel e recentemente as motocicletas.

O MDT sempre acreditou que fabricar automóveis e facilitar sua compra não é essencial ao desenvolvimento sustentável, econômico e social do país muitas pessoas pensam que estamos loucos ou contrários aos interesses da nação. Esse senso comum está incorreto. Os dados demonstram que a geração de emprego não justifica o privilégio público aos automóveis, pois a industria automobilística está em 38o lugar no ranking de 41 dos principais setores de geração de emprego no país, segundo o BNDES (gerando 85 empregos enquanto a industria de vestuário gera 211). Além disso, para 2010 estima-se um crescimento da população de 2,5% enquanto a frota de veículos deve crescer 5% já alcançando os 60 milhões de veículos.

Os privilégios dos automóveis

A força da cultura automobilística é enorme. Ela cega e neutraliza as mentes e corações dos brasileiros que não observam o genocídio causado pelo trânsito no Brasil. Ninguém se dá conta que somente que mata 100 pessoas por dia e que somente 20% do espaço viário é ocupado pelos ônibus que, no entanto, transportam 70% dos usuários. Pode-se afirmar também que é um engodo ou um tiro no próprio pé, o sonho e a esperança que cada brasileiro alimenta de algum dia ter seu carro próprio e poder trafegar livremente pelas ruas das cidades. . Mais vias significam mais congestionamentos

Enquanto isso no mundo desenvolvido

Em particular na Europa, o poder público tem afinado as suas políticas ambientais e de qualidade de vida começando a reestruturar as cidades para tratar a mobilidade de forma sustentável onde a prioridade é o deslocamento de pessoas e não o deslocamento dos veículos. Essa abordagem tem como eixo estruturador a prioridade ao transporte público e ao ‘não motorizado’, restringindo a circulação dos automóveis nas áreas centrais e corredores de transporte, e igualmente fazendo uso parcial de faixas de circulação do sistema viário para destinar à circulação de pedestres além de estabelecer metas e exigências à indústria automobilística cobrando a fabricação e produção de carros pequenos que utilizem combustíveis limpos.


Mobilidade

Devemos questionar profundamente o paradigma da mobilidade centrado exclusivamente no automóvel e na fluidez desse modo de deslocamento. Devemos questionar às ações nefastas do automóvel no Brasil que tem sorvido muito dinheiro público financiando montadoras estrangeiras com verbas do BNDES, com incentivos à compra do “automóvel popular” estimulada por uma grande oferta de instrumentos de créditos ao consumidor, e promovendo isenções de impostos federais e estaduais atraindo montadoras que geram empregos e simultaneamente geram muitas externalidades negativas à sociedade.

Os recursos públicos devem ser aplicados unicamente no transporte público e no não motorizado. Por tudo isto se pode imaginar que no futuro tenhamos leis que regulamentem as propagandas de automóvel e exijam que ao final das peças publicitárias conste alguma inscrição do tipo: “Cuidado : o automóvel mata, polui e degrada a qualidade de vida”.

No próximo dia 31, ao votar, pense o que pode fazer para melhorar o mundo. Pense na qualidade de vida, no stress, nos mortos e acidentados no trânsito, na poluição e ruídos que você convive diariamente na sua cidade.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT