sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Diretor nacional executivo do Instituto MDT fechou painel internacional do I Seminário Metropolitano de Cidades Inteligentes – Juntos pela mobilidade sustentável e segura


Uma conferência do diretor nacional executivo do Instituto MDT, arquiteto e urbanista Nazareno Stanislau Affonso, encerrou o primeiro dia dos trabalhos do I Seminário Metropolitano de Cidades Inteligentes – Juntos pela mobilidade sustentável e segura, realizado em 28 e 29 de julho de 2016, em dependências do Esporte Clube Vila Galvão, em Guarulhos/SP. O encontro foi promovido pelo Fórum Paulista de Dirigentes e Públicos de Mobilidade Urbana em conjunto com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS/SP).

Nessa exposição – intitulada Contextualização da Política de Mobilidade Urbana nas três ultimas décadas e que pode ser acompanhada em vídeo por meio de link ao final desta matéria –, o dirigente do Instituto MDT sumarizou as principais questões e os principais aspectos relacionados com a mobilização política do setor, a participação a popular, a Lei da Mobilidade e o Pacto Nacional da Mobilidade. A exposição focalizou os Investimentos em sistemas estruturais e o lançamento dos desafios da democratização do uso das vias pelos modos coletivos e não motorizados e da qualificação dos sistemas convencionais rodoviários e urbanos rumo a novas conquistas em direção à mobilidade urbana sustentável, com o Transporte Urbano como direito social.
Presença internacional. A exposição de Nazareno Affonso serviu como fecho para um dos mais significativos tópicos do programa, a mesa-redonda mediada pelo jornalista e professor Heródoto Barbeiro e que contou com a participação de especialistas internacionais que apresentaram experiências de êxito em suas respectivas cidades nas áreas de transportes e trânsito e saúde.
Descompassos. Projjal K. Dutta, diretor de Sustentabilidade da MTA – Metropolitan Transportation Authority, de Nova Iorque, Estados Unidos, destacou os problemas com o enorme consumo de energia e as consequências disso para o efeito estufa – situação que, em seu país, não é sustentável, em grande medida, em razão do modelo de transporte lá adotado. Ele falou sobre o tema da obesidade associada a quem dirige demasiadamente, deixando de caminhar ou de usar os ‘transporte verdes’, como bicicleta, destacando que onde se anda muito de bicicleta, as pessoas estão mais em forma. Ele acentuou que os Estados Unidos e o Canadá possuem os maiores índices de obesidade do mundo e que por isso há um esforço no sentido de fazer com que as pessoas a atentarem para esse problema; em sua cidade, são inseridas mensagem nos bilhetes de metrô.
As pessoas. O gerente de Mobilidade Humana da Cidade de Medellín, Colômbia, Juan Camilo Gómez Gonzáles, destacou o componente humano e a necessidade de se olhar com mais atenção para esse aspecto quando se estuda os índices de acidentes. “As economias estão voltadas para as máquinas, mas uma mudança de paradigma tem que ser pensada, voltando o alvo para o ser humano e não só nas vias. Passamos a pensar em uma pirâmide invertida da mobilidade, na qual o pedestre fica em primeiro lugar e os carros, em segundo”. Ele continua: “Mas, embora isso pareça bonito, também leva a problemas, porque os carros não são inimigos e não são atores, quem está dentro dos carros são pessoas; por isso, passamos a agir levando em consideração uma pirâmide integrada, girando em torno do ser humano e, nesse contexto, a bicicleta passou a ser integrada ao sistema, mas com infraestrutura cicloviária adequada, para que as pessoas possam utilizá-la cada vez”. Para ele, não há cidade sustentável sem ser feita por pessoas.
Regeneração urbana. A experiência de Madri, Espanha, foi demonstrada por Carlos Corral, subdiretor Geral de Planejamento de Mobilidade Sustentável – Área de Desenvolvimento Urbano Sustentável da prefeitura da capital espanhola. Ele destacou a necessidade de fazer as pessoas se interessarem em usar mais os meios verdes de deslocamento, razão pela qual foi desenvolvido o Projeto Regeneração Urbana dos Bairros, que leva em conta o aumento dos espaços públicos, ampliação da área de pedestres e bicicletas, calçadas contínuas sem barreiras e mais acessíveis. “Esse é um plano de qualidade do ar desenvolvido há seis meses em Madri, porque precisamos fazer mudanças cada vez mais necessárias para melhorar a vida das pessoas”. Algumas medidas para se alcançar esse intento giram em torno da redução de velocidade nas vias de acesso, redução das viagens na origem, diminuindo as áreas de estacionamento. Mais de um milhão de pessoas vivem nas áreas periféricas de Madri e se dirigem à capital, que conta com de 1,5 milhão de habitantes.
Dados sobre acidentes são fundamentais. Mariano Morel, diretor de Transportes e Segurança de Vias da Subsecretaria de Transportes da Província de Buenos Aires, na Argentina, fez a última exposição dos convidados internacionais, concordando com o secretário de Transportes e Trânsito de Guarulhos, Atílio André Pereira, no que diz respeito à importância de liberação do sistema de dados de acidentalidade. Atílio havia afirmado na abertura do evento, que há muita dificuldade em se conseguir dados de mortes em acidentes, porque eles não estão disponíveis.
Para Mariano Morel, é fundamental dados de óbitos e feridos em acidentes de trânsito. “Quando falávamos em mortes no trânsito, não se contava as que ocorriam no caminho ou nos hospitais. Agora, acompanhamos 30 dias nos hospitais para a obtenção de dados reais e podemos levantar quantos feridos e mortos e os custos disso para as cidades. É fundamental saber o tempo de recuperação dos que recebem atenção médica e o custo disso. Com dados completos e reais fizemos um mapa de sinistralidade e passamos a trabalhar onde era mais necessário: nas vias, enviando agentes e engenheiros, identificando as esquinas mais perigosas e melhorando o trajeto, identificando a falta de iluminação, de segurança dos veículos etc.”.
O especialista argentino informou que em Buenos Aires foi feita a interação com outros departamentos para planejamento urbano e aumentaram as áreas para pedestres, principalmente onde havia transporte público, construindo ilhas para os ônibus terem que reduzir a velocidade nas curvas, melhorando todo o percurso dos coletivos, entre outras medidas. “É preciso devolver o que foi solicitado através de políticas viárias seguras”.
Carta de Guarulhos. Concluídos os trabalhos, foi elaborado o documento final do evento, intitulado Carta de Guarulhos, com foco na integração das ações da área de saúde com a de mobilidade. Esse documento foi elaborado com contribuição do Instituto MDT, que também foi um dos promotores do evento. Acione o link apropriado a seguir para ter acesso à íntegra da Carta de Guarulhos.

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