quarta-feira, 8 de julho de 2015

Entrevista sobre planos de mobilidade do Coordenador do MDT, Nazareno Affonso

JP enfrenta problemas de mobilidade 
Sem plano de mobilidade, João Pessoa pode ficar sem recursos para trânsito; relembre obras

Na Paraíba, apenas Campina Grande cumpriu a lei e entregou o plano dentro do prazo; Semob diz que plano da Capital está em fase de conclusão; relembre abaixo todas as obras de trânsito anunciadas para João Pessoa

As dificuldades da mobilidade urbana que prejudicam diariamente o trânsito nas cidades ainda não têm mobilizado os gestores paraibanos de municípios com população acima dos 20 mil habitantes. Das 32 localidades com essa população, apenas Campina Grande cumpriu o prazo que terminou em abril e entregou ao Ministério das Cidades o plano de mobilidade urbana para ter direito aos recursos federais na ordem de R$ 143 bilhões destinados ao setor.

Os outros 31 municípios só poderão dispor de recursos do Ministério da Cidades quando elaborarem e entregarem seus planos.

O presidente da Associação Nacional pelo Direito do Transporte Público, o arquiteto e urbanista Nazareno Affonso, informou que apenas 30% desse montante já foi disponibilizado.

O especialista acredita que os recursos restantes serão utilizados nos projetos já prontos e entregues. Quem perdeu esse prazo, ele diz que deve ficar de fora.

Na opinião de Nazareno Affonso, a maioria das cidades brasileiras, mesmo as consideradas de médio porte, com população de cerca de 500 mil habitantes, não têm gente com capacitação técnica para a elaboração dos planos.

"Visitei cidades de médio porte, com uma média de 500 mil habitantes, que só tinham dois técnicos para cuidar da área de transporte. Essas cidades não têm como elaborar corredores de ônibus ou veículos sobre trilhos, por exemplo", argumentou.

Na opinião de Nazareno Affonso, é preciso que o governo federal e os Estados façam parcerias com os Municípios para capacitação de pessoal para que os planos possam ser elaborados.

O plano de mobilidade das cidades de médio porte, conforme Nazareno Affonso, é um instrumento para que a população possa saber como será a mobilidade no futuro, ou seja, é a referência sobre qual a cidade que o povo quer. "Sem falar que é um instrumento para evitar custos desnecessários", acrescentou.

Transporte público abandonado


Nazareno Affonso criticou a política de estado brasileira dos últimos anos que privilegiou o automóvel em detrimento do transporte público que, na opinião dele, foi abandonado tanto de políticas quanto de recursos.

"O resultado disso é que as prefeituras não elaboraram seus planos e nem se capacitaram para o setor ", reforçou.

Ainda sem plano

Em relação a João Pessoa, a Prefeitura Municipal, através do superintendente de Mobilidade Urbana, Roberto Pinto, informou que o plano já está sendo concluído, mas não adiantou nenhuma informação sobre o projeto.

A Promotoria do Meio Ambiente e Patrimônio Social de João Pessoa chegou a ajuizar ação civil pública requerendo a imediata elaboração do plano de mobilidade urbana da Capital. A Prefeitura teria sido notificada ainda no início de março para que apresentasse o projeto.

Portal Correio
05/07/15