segunda-feira, 1 de junho de 2015

PLANEJAMENTO URBANO E MOBILIDADE

A política pública de mobilidade urbana em nosso país obedece a uma política não explícita, centrada na viabilização de um único modo de transporte que é o automóvel, com efeitos perversos para os seres humanos (segurança e a qualidade de vida).

O Futuro dessa POLÍTICA PÚBLICA se mantidas as estimativas de crescimento de 2,5% da população urbana brasileira e de 4% da frota de veículos, a frota atual de 29 milhões poderá chegar a 39 milhões em 2010, para uma população futura de 200 milhões de habitantes (contra os 170 milhões atuais).

Os congestionamentos nas duas maiores cidades brasileiras - São Paulo e Rio de Janeiro, se estenderá para outras grandes cidades brasileiras e já representam 506 milhões de horas gastas a mais por ano pelos usuários do transporte coletivo, 258 milhões de litros de combustível gastos a mais por ano e uma poluição ambiental que pode ser medida em 123 mil toneladas de monóxido de carbono e 11 mil toneladas de hidrocarbonetos, jogados na atmosfera.

Saúde pública e a qualidade de vida das cidades degradadas devido sobremaneira aos congestionamentos e a ocupação desordenada dos espaços verdes pelo automóvel, que polui o ar e provoca níveis insuportáveis de ruído. os catalisadores que reduzem em trinta vezes o nível de monóxido de carbono dos carros - que afetam principalmente os indivíduos com problemas cardíacos e respiratórios - equipam apenas 10% dos carros em circulação no mundo.

Apropriação desigual do sistema viário implantado: espaço ocupado pelo automóvel nas vias compartilhadas com os ônibus pode ir de 70 a 90%, ao tempo em que responde por 30% do total de viagens e até 50% das viagens motorizadas (na Região Metropolitana de São Paulo).  O espaço das vias ocupado pelos passageiros dos automóveis é de 6 até 24 vezes maior que o ocupado pelos passageiros de ônibus.

Domesticar as pessoas a serem motoristas e a viverem no trânsito sem atrapalhar a fluidez foi instalado um imenso aparato de normas e bases educacionais. Os espaços vivenciais de trânsito para crianças não ensinam o que é mobilidade de pessoas e sim como elas devem se proteger dos automóveis  e como se portar segundo os ditames da fluidez.

Para eficácia dessa fluidez, mais de 35 mil seres humanos são chacinados no momento do acidente; mais de 15 mil nos hospitais ou até um mês depois do acidente; outros 150 mil tornam-se portadores de deficiência de necessidades especiais devido aos traumatismos sofridos. Dentre essas vítimas, 60 a 80% são pedestres, a maioria das quais com sequelas permanentes, cujas repercussões econômicas e sociais atingem valores e extensão ainda não mensurados.

Cartilha do MDT