terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De acordo com estudo divulgado nesta segunda-feira, em São Paulo, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 20,5% dos brasileiros enfrentam congestionamento pelo menos uma vez por dia.

Arte: Nazareno Affonso

Segundo o presidente do Ipea, o economista Marcio Pochmann, os dados mostram que 69% dos brasileiros convivem com congestionamentos pelo menos uma vez por semana.
O estudo na área de Mobilidade Urbana faz parte do Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips), que aponta a compreensão da população brasileira sobre a qualidade dos serviços públicos e que entrevistou 2.770 pessoas em todos os Estados, em 2010. A margem de erro é de 5%.
Conforme a pesquisa, a região Sudeste é a que mais sofre com o trânsito, com 21,6%, seguida pelo Centro-Oeste, com 20,8% dos que declararam ter problemas de deslocamento. Quase um terço dos entrevistados, porém, afirmou que nunca enfrentou congestionamentos (39,3% na região Norte, e 34,4% na região Centro-Oeste).
Transporte público


Os dados do Sips na área de Mobilidade Urbana analisaram também a eficácia do transporte público, as dificuldades encontradas em sua utilização, condições das vias e os motivos de utilizações, entre outros. O estudo traz dados sobre as diferentes concepções que os brasileiros têm sobre a mobilidade urbana em análises por regiões, etnias, nível de escolaridade e faixa salarial.
Segundo a pesquisa, 88,8% da população brasileira faz uso de transporte público, sendo que para 44,3% da população esse é o principal meio de locomoção. A percepção da qualidade do transporte público, porém, é de "muito ruim" na opinião de 19,8% dos entrevistados. No plano geral, 31,3% dos brasileiros acham o transporte público "regular".
Na avaliação por região, o estudo mostra que o Sudeste é que mais depende do transporte público, com 50,7%. Essa região também é a que mais sofre com a falta de pontualidade na frequência do transporte público. Ou seja, 51,5% da população, acima da média nacional (41,5%), declararam que sempre há atrasos. No Sul, esse índice cai para 28,4%, abaixo da média do País, de acordo com os dados do Ipea.
Segundo Pochmann, foi verificado o crescimento da importância da compra de veículos na vida do brasileiro. Para ele, a decisão pelo transporte individual tem relação com a falta de eficiência do transporte público no País.
"Os avanços econômicos nesta primeira década foram convergentes com decisões de transporte individual. Justamente a expansão da frota se deu por motos e automóveis. Houve crescimento na frota de ônibus, mas não a mesma identificada na aquisição de veículos. Percebe-se que a população tem interesse no uso de transporte coletivo, mas não usa porque não se identifica com qualidade, rapidez e segurança, o que mostra que há espaço para o avanço das políticas públicas pelos governos estaduais e também federal".

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT