segunda-feira, 3 de março de 2014

O MDT defende uma mobilidade sustentável






Na base da enunciação de qualquer principio regulador da civilização urbana, deve considerar-se a relação entre o Homem e o ambiente natural, desta relação dependem os equilíbrios fundamentais e a própria vida.
A coletividade tem que voltar a ser o sujeito pelo qual a cidade existe; deve garantir que a própria cidade respeite o equilíbrio entre as conotações culturais e o inteiro ecossistema territorial. Nas cidades se manifestam os efeitos de transformação que acontecem com rapidez e nunca se registraram no passado. Neste processo de equilíbrios e as particularidades dos locais são alteradas por modelos de crescimento em contraste com as dinâmicas do território. A Natureza, com os seus três reinos, e a relação entre o Homem e Natureza, tem que ser o constante ponto de referência para os processos de transformação
A considerar uma recente pesquisa da Ernst & Young, o clube dos produtos tidos como sócio ambientalmente incorretos, que já tem o cigarro, as bebidas alcoólicas e os armamentos, pode estar ganhando um novo e inusitado sócio. Trata-se do automóvel. Isso mesmo: o velho e bom carro, objeto de desejo de nove entre dez homens e um dos bens de consumo mais aspirados no Brasil e no mundo. A consultoria ouviu 70 analistas com o objetivo de avaliar os riscos estratégicos para os negócios em 12 setores da economia. Com o aquecimento global, o trânsito caótico dos centros urbanos e a crescente preocupação ambiental, a indústria automobilística já prevê lidar, nos próximos anos, com uma forte onda de rejeição e patrulhamento ideológico aos seus produtos.
O sistema de mobilidade na cidade futura deverá privilegiar o transporte coletivo; deverá alem disso ser consentida a plena liberdade de movimento individual em todas as formas compatíveis com a estrutura urbana: em primeiro lugar pedestre e bicicletas.Na Europa, ganha força o movimento pela adoção de bicicletas, pelo maior uso de transporte coletivo e pela substituição das tecnologias baseadas na matriz energética do combustível fóssil por formas mais limpas de energia. São dois os temas em jogo: um de natureza ecológica (a contenção da escalada das mudanças climáticas) e outro ligado ao âmbito cidadania no mundo urbano contemporâneo -- o legítimo direito de ir e vir no espaço público, a uma mobilidade sustentável que não obrigue cidadãos a desperdiçarem horas de sua vida em
Este é, seguramente, um dos grandes próximos dilemas de quem vive nas metrópoles. E a sua solução exigirá um rearranjo de forças e interesses individuais, baseado no pacto intersetorial entre governos mais reguladores e fiscalizadores, empresas dispostas a repensar modelos de negócios, organizações da sociedade civil mais engajadas e indivíduos interessados em rever padrões de consumo perdulários. Difícil, mas não impossível.
Para as companhias que baseiam sua ação no conceito de sustentabilidade, esse quadro de crise iminente pode representar uma grande oportunidade. A Ford, por exemplo, já está trabalhando com alguns governos no sentido de ajudar a construir soluções de transporte público. Outras deverão seguir o mesmo caminho, senão por convicção em um mundo melhor pela conveniência de sobreviver e se perenizar.
Aos que acham exagerado o prognóstico do caos da mobilidade urbana --há cinco anos, muita gente também achava o aquecimento global um delírio de abraçadores de árvores -- fica a recomendação de um teste empírico: andar de carro, em São Paulo, às 18 horas de uma sexta-feira chuvosa. Andar é força de expressão.