sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Seminário durante o GreenNation Fest reuniu Jaime Lerner e Nazareno Affonso

Uma sessão em setembro passado, no Auditório do Museu da República, no Rio de Janeiro, com o tema Mobilidade Sustentável, reuniu os arquitetos e urbanistas Jaime Lerner e Nazareno Affonso, marcando a abertura do ciclo Seminários Internacionais de Economia Verde e Criativa, parte do evento GreenNation Fest. Com apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura e do Sebrae, o encontro foi promovido pela GreenNation, organização que se define como “um ambiente colaborativo online, que interage com pessoas para convergir cultura, informação e proteção ambiental a partir de questões que envolvem o futuro do planeta”.
Em sua exposição, Lerner mostrou os aspectos conceituais principais do modelo de transporte público urbano de Curitiba, do qual foi criador ainda nos anos 1970. Ele assinala que o êxito do modelo curitibano, precursor dos sistemas de BRT, ambos baseados em veículos sobre pneus, reside em boa medida na absorção de atributos mais qualificados de outros modos. Foi preciso “metronizar” o ônibus, garantindo assim um padrão de desempenho mais elevado, que se caracteriza essencialmente por ter a pista exclusiva, embarque rápido e boa frequência. Lerner costuma frisar que na capital paranaense os usuários não esperam pelo transporte mais que um minuto e que os cadeirantes acessam o sistema com independência.
Para uma plateia que reunia além de arquitetos e urbanistas, também representantes do movimento social, membros do movimento ambientalista e pessoas interessadas no tema da mobilidade, Nazareno Affonso destacou a importância de o País ter produzido a Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/14), que subverte integralmente a lógica anterior, segundo a qual, a primazia nos deslocamentos urbanos deveria ser concedida aos automóveis.
“A Lei de Mobilidade Urbana impõe que a prioridade seja dos mais frágeis – os pedestres, os usuários do transporte não motorizado, como os ciclistas, alcançando a seguir o transporte público. Em termos de prioridade, automóvel particular vem em último lugar. E essa nova organização não é apenas formal; com a lei, os projetos de mobilidade urbana feitos com recursos públicos não mais poderão beneficiar apenas os automóveis. No passado, tivemos diversos projetos de viadutos e túneis concebidos apenas para carros e motos, aos quais pedestres, ciclistas e mesmo veículos de transporte público não tinham acesso; com a nova lei, isso acabou”.
Acentuando que a existência de sistemas de transporte público eficiente compõe parte importante da economia urbana e, por isso, da economia nacional, Nazareno frisou que, além de eventualmente investirem em sistemas estruturadores de maior capacidade, as cidades devem se preocupar em garantir melhor desempenho dos ônibus no sistema viário, com faixas exclusivas e um modelo de gestão do tráfego que favoreça o transporte coletivo. Os gestores municipais precisam se preocupar sobretudo com o conforto e a segurança dos usuários do transporte público, com pontos de parada cobertos, iluminados e que disponibilizem informações, em especial, sobre itinerários, horários . “Precisamos também investir na qualificação ambiental do transporte por ônibus, com a disseminação do diesel com baixos terrores de enxofre e com a adoção de combustíveis limpos”, afirmou
O ciclo de seminários teve uma conferência de Céline Cousteau, filha de Jacques Cousteau, e tratou ainda dos seguintes outros temas: Arquitetura e Design Sustentável, Moda Sustentável, Empreendedorismo Sustentável: de pequenos a grandes negócios, Alimentação e Saúde, Arte e Meio Ambiente e Gestão Eficiente do Uso de Energia.

Informativo MDT

Reeleição garante apoio a montadoras


Valor Econômico
O ruído que se propaga no mercado financeiro em torno da reeleição da petista Dilma Rousseff dificilmente atingirá os escritórios de Detroit, Turim, Wolfsburg, Paris e Tóquio, onde se concentra o principal comando da indústria automobilística. Ao longo das últimas seis décadas, muitos governantes brasileiros concederam vantagens ao setor automotivo. Mas poucos garantiram programas de benefícios que permitem planejamento de prazo tão longo como o que foi firmado por Dilma há dois anos.
Conhecido como Inovar-Auto, o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores foi um dos passos mais firmes que a gestão do PT deu no sentido de proteger o setor no país.
Mas garantiu, sobretudo, alívio àquelas que construíram fábricas no país nas décadas de 50 e 70 e que começaram a sentir, mais recentemente, a ameaça de marcas novas, principalmente chinesas, que tentavam instalar no país centros de montagem final com boa parte das peças importadas.
A série de medidas maturadas em conjunto, entre montadoras e governo durante a gestão de Lula, e oficializadas, por meio de decreto, por Dilma, sob o guarda-chuva do chamado Plano Brasil Maior, concede benefícios tributários para empresas que concentram no país investimentos em produção e pesquisa e desenvolvimento.
O programa prevê desconto de até 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos produzidos no país. Quase nenhum esforço foi necessário a veteranas como Volks, GM, Ford e Fiat para cumprir uma série de contrapartidas que há anos fazem parte do seu dia-a-dia, como o desenvolvimento de motores menos poluentes.
O prazo fixado para o cumprimento das metas vai até 2017, o que ajuda a dar fôlego às empresas que se instalaram no país mais tarde, em meados dos anos 90. Foi, aliás, esse o ciclo de investimentos do setor embalado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
Renault, PSA Peugeot Citroën, Toyota e Honda só se animaram a produzir no país depois que FHC ofereceu incentivos tributários. O programa também beneficiou veteranas que ampliaram o parque industrial na carona não só do programa federal como da guerra fiscal que movimentou os Estados.

Para os fabricantes, fica mais fácil, com a reeleição, manter a estratégia no Mercosul. Mesmo numa conjuntura desfavorável ao intercâmbio comercial com a Argentina, o relacionamento amigável com o país vizinho, que Lula e Dilma mantiveram, favorece os planos de complementaridade de linhas de veículos e controle da manufatura em ambos os lados da fronteira, que praticamente todas as empresas do setor sonham manter.