sexta-feira, 20 de abril de 2012

Entrevista de Jurandir Fernandes: Em conforto, eu daria nota de 6 a 8 para o sistema

Pressionado pelo crescimento no fluxo de passageiros de Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, critica a falta de construção de corredores por prefeituras da Região Metropolitana, inclusive de São Paulo. Para ele, além do impacto do bilhete único e do crescimento da economia, houve "seccionamento do sistema de linhas de ônibus" e atraso de três anos no projeto da Linha 5 do Metrô. "Quando estiver operando, vai aliviar."

O sr. poderia fazer a previsão para os próximos cinco anos?

Estamos fazendo planejamento, na verdade, para três anos. Porque temos um programa já bem acertado de três anos de construção de 30 km de metrô - já entregamos 9 km na Linha 4. E em torno de 40 km na CPTM. Então vamos atingir, em agosto de 2014, a meta de 9,2 milhões de passageiros por dia, ou seja, 2 milhões a mais em três anos. E por que houve esse represamento? Como crescemos 1,2 milhão em um ano e nos próximos vamos crescer 2 milhões? É porque houve inauguração da Linha 4. Agora só haverá inaugurações importantes a partir de 2013/ 2014. Daqui até lá, temos volume importante de obras.

Que nota que o senhor dá para o serviço?

Pelo que temos visto, como na quarta-feira por exemplo, em que houve recorde de congestionamento e 49 pontos de alagamento, o sistema metroferroviário cumpre um papel bastante importante. E, como é importante para a cidade, eu daria de 9 a 10 de nota. No conforto, nota de 6 a 8. Tenho linhas com mais conforto e outras com menos. Na questão da confiabilidade, a gente daria, na comparação com outros sistemas do mundo, nota entre 8 e 9. Em um momento em que se fala em panes, temos indicadores quantitativos que mostram bastante confiança no sistema.



Qual a linha mais afetada?

A linha na CPTM que mais nos dá preocupação é a 9. Com a inauguração da Linha 4-Amarela, a Linha 9 da CPTM serviu de canalização para todo mundo que vinha da região sul, de Grajaú, Capão Redondo, para todos que tinham como alternativa descer no Largo 13 e pegar ônibus. Todos migraram e a Linha 9 deu um salto forte. A capacidade de transporte ficou comprometida. Resolvemos fechar aos domingos para acelerar os investimentos.

No horário de pico, há um forte desconforto dos passageiros.

Sim. É desconfortável. O que eu tenho criticado. Houve seccionamento de linhas de ônibus. Você repara na Radial Leste. Quase não tem mais ônibus na rua. Houve seccionamento em Guaianases e Itaquera e descarregou-se tudo no trem. Acho que se perde uma oportunidade de ouro. Quando você tira caminhões de circulação na cidade, seria importante ter preenchido com ônibus.



Fonte: O Estado de S. Paulo
Publicada em:: 14/04/2012

Marta Suplicy elogia política nacional de mobilidade urbana



A senadora Marta Suplicy (PT-SP) elogiou a legislação que institui as diretrizes da política nacional de mobilidade urbana (Lei 12.587/2012), que entrou em vigor na última sexta-feira (13). Na visão da parlamentar, a norma acerta ao valorizar a acessibilidade e a mobilidade das pessoas e rever o transporte de cargas nos municípios, além de integrar os diferentes modos de transporte do país e de prever investimentos de R$ 32 bilhões no setor. Ela também criticou o que classificou de ausência de uma política de transportes em São Paulo, responsabilizando tanto o governo do estado quanto a prefeitura pela omissão.

- A lei dá prioridade para os meios de transportes não motorizados e ao serviço público coletivo. Quer dizer, valoriza a calçada, a ciclovia, a integração do automóvel ao sistema de mobilidade sustentável – afirmou, destacando que os estados que se preparam para a Copa do Mundo de 2014 contarão com recursos para investir em mobilidade urbana.

A nova legislação prevê mudanças para melhorar a mobilidade urbana e obriga os municípios com mais de 20 mil habitantes a elaborar planos para a circulação dos habitantes no prazo máximo de três anos – antes a exigência era apenas para as cidades com mais de 500 mil habitantes. Marta Suplicy disse que a população precisa pressionar as prefeituras para que elaborem os planos de mobilidade urbana exigidos pela lei e assim tenham direitos aos repasses da União também previstos na norma.

A senadora também lembrou o Seminário Internacional “Mobilidade na Metrópole: planejamento e gestão democráticos”, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pelo Observatório das Metrópoles na segunda-feira (16). No encontro, estudiosos debateram a escolha da classe média de não usar ônibus porque o custo de tempo e de dinheiro acaba igual ou até maior que o do transporte privado.
- É necessário mudar os paradigmas e a competição econômica. Precisamos pensar em termos de rede, flexibilidade e complementariedade – sugeriu.

São Paulo
Marta Suplicy criticou duramente o sistema de mobilidade de São Paulo. Para a senadora, o metrô e o monotrilho – soluções apresentadas pelo governo estadual e a prefeitura – são ineficientes porque o primeiro não possui investimentos suficientes e o segundo tem capacidade pequena.
- O metrô de São Paulo tem batido recorde histórico de superlotação, 4.150.000 passageiros em um único dia, em todas as linhas do metrô. Trens da CPTM batem recordes de passageiros. O sistema atingiu a marca de 2,5 milhões de pessoas em um único dia da semana passada. E as linhas estão sofrendo com superlotação. A principal solução para os congestionamentos continua sendo a construção dos corredores de ônibus – disse Marta Suplicy.

Para ela, tanto a prefeitura quanto o governo do estado mantém o discurso “agradável à classe média”, mas não dispõem de uma política de transportes públicos. Além disso, criticou o preço dos transportes.

- A tarifa de R$ 3 é a maior do país e uma das mais altas do mundo – declarou, salientando que, pelo tempo perdido no transporte e pelo desconforto de viajar com superlotação, a classe média prefere usar carros, o que só piora o trânsito de São Paulo.
Agência Senado