quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Brasil terá 150 mil mortes no trânsito até 2014, diz estudo

Nos próximos quatro anos, o trânsito no Brasil vai deixar 150 mil mortos e 500 mil feridos graves, segundo indica projeção do movimento Chega de Acidentes, que reúne ONGs e empresas. A estimativa levou em conta o crescimento populacional, da frota de veículos e a projeção dos atuais índices de violência no trânsito.

Os acidentes devem gerar ao país, até 2014, custo de R$ 140 bilhões em resgate, tratamento e perda de produção das vítimas. O valor daria para construir ao menos quatro trens-balas nos moldes do que vai ligar o Rio de Janeiro a São Paulo, considerando o custo de R$ 33,1 bilhões estimado pelo Tribunal de Contas da União.
No último feriado da Proclamação da República, entre 0h de sexta-feira (12) e 24h de segunda-feira (15), 142 pessoas morreram nas estradas federais brasileiras. Foi o segundo feriado mais violento neste ano, ficando atrás do Carnaval, quando foram registradas 143 mortes em seis dias.
Dados mais recentes do Datasus, banco de dados do Sistema Único de Saúde, apontam que o Brasil registrou 37,4 mil mortes no trânsito em 2007. Desde 2000, os números de mortes no trânsito crescem de ano a ano.

O consultor de trânsito Horácio Figueira afirma que, se nada for feito com urgência, os números podem ser ainda piores.

– Se nada mudar, vai ser isso mesmo ou ainda pior. Infelizmente, vamos ficar contando mortos.

Jakow Grajew, professor de administração da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) e um dos coordenadores do Chega de Acidentes, afirma que esses números podem ser revertidos, se o poder público investir nos eixos de ação apontados pela ONU (Organização das Nações Unidas): melhoria dos veículos e das vias; educação para o trânsito; atendimento às vítimas e fortalecimento institucional (legislação, fiscalização, troca de informações entre os entes públicos). Para ele, o país tem deficiências em todos os tópicos.
– Os governos têm bons técnicos, que sabem o que precisa ser feito. O que ainda falta é um amparo do político. O dia em que houver um clamor popular dizendo "chega de acidentes", esse amparo político deve aparecer.

O movimento Chega de Acidentes foi lançado na quarta-feira (17) na capital paulista e tem como um de seus objetivos sensibilizar a população sobre o tema.

O presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), Aílton Brasiliense Pires, atribui parte da violência no trânsito à impressão que cada indivíduo tem de que os acidentes só acontecem com os outros.

Por meio de nota, o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), autoridade máxima de trânsito no país, disse que capacitou 6.500 profissionais do sistema nacional de trânsito neste ano. Além disso, a entidade afirma ter feito quatro campanhas publicitárias educativas. O Denatran informou ainda ter destinado mais de R$ 196 milhões para projetos que visam reduzir os acidentes. 

O órgão tem dados diferentes do Ministério da Saúde. Segundo a autoridade de trânsito, houve queda no número de mortes entre 2003 e 2008. "O indicador de acidentes com vítimas fatais por 100 mil habitantes era de 18,8 em 2003, para uma população de 176,8 milhões de pessoas. Em 2008, o índice reduziu para 18,3, para uma população de 191,4 milhões de pessoas", afirma o Denatran por meio de nota.
João Varella, do R7

Faixas de ônibus reduziram tempo de viagem em 38 minutos em SP, diz prefeitura

faixas ônibus
Na Marginal Pinheiros, faixa exclusiva é novidade e melhorou a velocidade dos ônibus em 25%
A Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo divulgou estudo no fim de dezembro apontando que os 291 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus reduziram em 38 minutos o tempo médio de viagem na capital paulista em 2013. Segundo o estudo, a velocidade média dos coletivos cresceu 45% se comparada ao período anterior à criação das vias exclusivas, indo de 16 para 20 quilômetros por hora. O índice apresenta equilíbrio com os dados apresentados em setembro, quando havia 160 quilômetros de faixas.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) considerou as velocidades médias praticadas nas faixas e, também, a situação do trânsito em geral, após a implementação das faixas. Foram realizadas cronometragens dentro dos ônibus e o impacto do aumento de velocidade sobre um universo de 3 milhões de usuários diários.
As faixas estão distribuídas pelas cinco regiões da cidade, sendo a maior extensão na zona leste, com 117,9 quilômetros (40,5% do total); seguida pela zona sul, com 76,4 (26,2%); zona norte com 40 (13,7%); mais 31,3 na região oeste (10,8%); e centro, com 25,8 (8,8). De acordo com o estudo, o custo da implantação das faixas em toda a cidade foi de R$ 15 milhões.
A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) iniciou a implementação das faixas exclusivas após as manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus, em junho deste ano. A meta original era de 220 quilômetros. Neste ano deve ser iniciada a construção dos 150 quilômetros de corredores, do lado esquerdo das vias e com cobrança desembarcada – antes do acesso aos ônibus, como forma de diminuir o tempo de parada nos pontos e estações – prometidas pelo petista. Também serão iniciadas a avaliação da efetividade e de mudanças necessárias nas faixas existentes.
O estudo trouxe ainda dados sobre os congestionamentos na cidade entre os anos de 2011 e 2013. Segundo levantamento da CET, houve aumento de 7,6% nos índices de lentidão, entre 2012 e 2013. Entre os anos de 2011 e 2012, o aumento havia sido de 13,8%, quase o dobro. As médias de lentidão foram de 116 quilômetros (km) em 2011, de 132 km em 2012 e 146 km em 2013.
O aumento da lentidão, apesar de expressivo, contradiz a ideia de que as faixas exclusivas são diretamente responsáveis pelo aumento dos congestionamentos, já que ele foi menor na relação 2012-2013, quando as faixas foram implementadas, do que entre 2011-2012, sem criação de faixas exclusivas.
Os dados podem parecer discrepantes das notícias recentes de congestionamentos na cidade. O que ocorre é que alguns veículos de comunicação têm se utilizado do mapeador de trânsito da internet MapLink, parceiro do Google. As vias monitoradas pelo MapLink chegam a 2.179 quilômetros de extensão e abrange avenidas como Dona Belmira Marin, no Grajaú, extremo sul da capital, e Marechal Tito, no Itaim Paulista, extremo leste da cidade, entre as muitas que não entram nas avaliações da CET.
A CET monitora apenas 868 quilômetros de ruas e avenidas, aproximadamente 40% da capacidade do MapLink. O maior pico de congestionamento neste ano, segundo o órgão, foi no feriado de Proclamação de República, com 316 quilômetros. No Maplink, o registro foi quase o dobro: 764 quilômetros, no mesmo dia.

Queda nas reclamações

O secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, apresentou também dados indicando queda de 19% nas reclamações sobre o transporte coletivo em 2013. Entre os meses de novembro de 2012 e 2013, o número de reclamações recebidas pela São Paulo Transportes caiu de 10.461 para 8.442. Segundo a SMT, a reorganização de linhas e o aumento da fiscalização, seriam responsáveis pela melhoria na qualidade do serviço e consequente redução nas reclamações.
Outro dado apresentado foi o aumento do número de usuários no sistema, que vinha caindo nos últimos anos. O maior número de passageiros foi percebido no mês de outubro, quando foram realizados 2,6% a mais de embarques do que no mesmo período de 2012. Em novembro, o crescimento chegou a 0,4%, ante novembro do ano anterior.
Tatto ponderou, no entanto, que ainda não se pode afirmar se este crescimento é decorrente somente da implantação das faixas exclusivas e da melhora na velocidade