segunda-feira, 25 de julho de 2011

Motorista:é preciso respeitar a faixa de pedestre

Faixas pintadas em cor branca espaçadas no asfalto constituem o que se conhece universalmente como a faixa de pedestres. É aí que se concentra um grande desafio aos pedestres com relação à sua integridade física e à sua própria vida. Um desafio de civilidade e respeito.




Segundo a boa regra internacional, basta o pedestre por o pé na faixa para o motorista de um veículo estar obrigado a parar e dar-lhe passagem o que representa dizer que pondo o pé sobre a faixa o pedestre teria garantida a sua imunidade e segurança para atravessar a via.



A faixa de pedestre, quando amparada por um semáforo, conta com um aliado dotado de um mais forte instrumento educativo, qual seja, a punição. Passou no sinal fechado o motorista está sujeito à multa. Muitas vezes, o guarda ou agente de trânsito nem precisa estar presente, a infração é registrada por radar e o resultado é a multa. Por essa razão, em geral a faixa é respeitada. O Código de Trânsito Brasileiro estabelece que o desrespeito à faixa de pedestres é considerado infração “gravíssima”, punida com multa de 191,54 reais e 7 pontos na carteira. Porém, é a faixa sem semáforo que no Brasil costuma ser ampla e invariavelmente desrespeitada.



A CET-SPrealizou uma pesquisa diante de uma faixa sem semáforo em que um pesquisador observou o comportamento dos motoristas. Outro agente, a poucos metros adiante, entrevistava os mesmos motoristas, perguntando-lhes se costumavam respeitar as faixas. Noventa por cento dos motoristas não pararam na faixa; mas, na entrevista, 76% disseram que costumam respeitá-la. Como explicar? Para muitos, aquela seria apenas a marcação do lugar em que preferencialmente os pedestres deveriam atravessar a rua, porém desde que não haja carros passando.



Campanhas



É necessário que as campanhas de travessia dêem destaque à educação dos motoristas de forma que eles passem a respeitar os pedestres. São os carros que agridem e matam. São eles a parte forte do confronto e, a partir do momento em que os motoristas forem educados, a educação dos pedestres virá por gravidade.



Campanhas realmente para valer exigem a prévia revisão geral da localização das travessias. Nem sempre a faixa deve ficar exatamente na esquina; muitas vezes, ela seria mais eficaz se colocada em outro local como mais para o meio do quarteirão.

As campanhas de respeito à faixa de pedestres devem acenar com futuras punições.

Campanhas efetivas seriam aquelas que fixassem um prazo a partir do qual a ação educativa daria lugar à aplicação de multas.

Brasília

Multas e colisões

Foi o que ocorreu na única capital brasileira em que a população aprendeu a respeitar a faixa de pedestres. Não há educação que não acene com a punição ao infrator. Tantos casos de atropelamento se acumularam na cidade que, em 1996, o Governo, com apoio do jornal “Correio Brasiliense” iniciou uma campanha contra os desmandos dos motoristas. As notícias de atropelamentos passaram a ser publicadas nas primeiras páginas. Na mesma edição, vinham os editoriais e comentários. Houve uma passeata articulada pela imprensa e Governo à qual compareceram cerca de 25.000 pessoas.

O governo primeiro cobriu as vias expressas com radares, para coibir os excessos de velocidade. Em seguida, em janeiro de 1997, iniciou A campanha para estimular o respeito à faixa de pedestres. A campanha consistiu em anúncios nos meios de comunicação e na ação de guardas que orientavam os motoristas. Mas desde o início os motoristas foram avisados de que, a partir de abril, seriam aplicadas multas. O motorista brasiliense aprendeu que, ao avistar um pedestre com um único pé na faixa, no simples gesto de iniciar a travessia, deve parar.

Catorze anos se passaram e Brasília continua a dar a mesma atenção à faixa de pedestres. Em 2010, registraram-se apenas sete mortes por atropelamento em todo o Distrito Federal. Nos últimos catorze anos, 77. No ano passado, foram aplicadas 3.512 multas por desrespeito à faixa. Finalmente o pedestre passou a sentir segurança ao atravessar na faixa ao mesmo tempo em que o motorista se sente responsável e orgulhoso ao respeitar e parar na faixa dos pedestres.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT