Filas intermináveis de carros parados no trânsito soltando
muita fumaça, motoristas e passageiros (quando há), impacientes. No mesmo
cenário, ônibus, metrôs e trens lotados e usuários desesperados para entrarem
nas conduções e, quem sabe, poder chegar a tempo aos seus destinos.
O principal desafio das Regiões Metropolitanas hoje é a
questão da mobilidade. A impressão que dá é que nada funciona, não é mesmo? A
crise do automóvel chegou ao limite. O uso excessivo do carro está causando um
mal tremendo não só aos que usam carros, mas a todos os cidadãos. Precisamos
encontrar soluções mais sustentáveis para a nossa locomoção nas cidades.
Atualmente, o Brasil possui uma frota nacional superior a 50
milhões de veículos e esse número continua crescendo. Para piorar a situação,
os serviços de transporte público oferecidos, raramente satisfazem plenamente
as necessidades dos usuários. Este cenário formado pelo consumo excessivo do
transporte individual em detrimento do coletivo, já mostra seus impactos
ambientais, sociais e financeiros na vida dos brasileiros.
Algumas medidas que deveriam se constituir em
políticas públicas dos próximos governos com vistas à viabilizar a urgente
mobilidade sustentável nas cidades:
- Priorizar o transporte coletivo sobre o individual, ou
seja, investir na expansão das linhas de trem, metrô e ônibus, destinando os
espaços viários ao atendimento dos usuários e oferecendo rapidez e conforto,
definindo corredores, faixas exclusivas e áreas destinadas à integração ao
metrô e trens;
- Integrar metrôs, ferrovias e ônibus todos com
acessibilidade para pessoas com deficiência e estes com as bicicletas e
calçadas acessíveis;
- Desestimular o consumo do carro com medidas de restrição à
circulação e estacionamento de automóveis em vias públicas;
- Assumir um compromisso público para que o dinheiro
recolhido com as multas de trânsito seja aplicado na fiscalização, educação,
reforma de calçadas, criação de ciclovias e qualificação e implantação de novos
dos corredores de ônibus
- Estimular o consumo de meios não motorizados construindo
faixas exclusivas para bicicletas e outros meios não poluentes ao mesmo tempo
oferecer o serviço de bicicletas
públicas e educação para o ciclista e para ao motorista respeitar o ciclista;
- Garantir autonomia econômica às diversas regiões da cidade
multiplicando e descentralizando as atividades econômicas e espaços de lazer ao
longo do perímetro urbano, reduzindo as necessidades de longos deslocamentos de
casa para o trabalho, ou de casa para a escola;
- Regular os estacionamentos de automóveis com taxas
progressivamente mais altas segundo a proximidade aos grandes centros urbanos
e, com esses recursos, criar um fundo público para aplicação dos recursos em obras de transportes públicos, calçadas e
ciclovias;
- Implantar a bilhetagem eletrônica temporal (“bilhete
único”), onde o usuário poderá utilizar o transporte público por 1 ou 2 horas,
garantindo cidadania e redução de custo;
- Destacar transporte e trânsito como elementos da questão
ambiental incorporando novas abordagens para orientar as intervenções no
ambiente urbano, considerando a qualidade do espaço e do ar, respeitando a
permeabilidade do solo e a densidade da cobertura vegetal além da poluição sonora.
- Garantir lugares
públicos de convivência como praças,
parques e jardins recuperados e em
número e dimensão em relação aos espaços destinados ao tráfego de veículos
produzindo uma mudança na atual cultura de utilização do automóvel e maior
respeito às leis de circulação.
- Manter as condições das calçadas, principalmente nos pontos de ônibus. Nem sempre o passeio é
adequado para o embarque e desembarque: desníveis, buracos, grande diferença
entre a altura do passeio e a altura do degrau do ônibus são apenas alguns dos
exemplos das dificuldades que podem surgir para um idoso, uma pessoa que
utiliza bengala / muletas ou mesmo um cadeirante
- Trabalhar por uma
cidade ecológica, envolvida e respeitosa com os objetivos globais de redução da
emissão de gases nocivos e com a redução do impacto sobre a atmosfera e mudança
do clima global.
- Lutar por uma cidade segura, onde se reduza
progressivamente o número de mortes e de
feridos no trânsito, protegendo a caminhada das pessoas e os modos não
motorizados.
Enfim, chegou a hora de escolher candidatas e candidatos que
tenham um plano claro e contínuo para combater a crise da mobilidade que
estamos vivendo, com o compromisso de que sejam elaborados e implantados os
Planos de Mobilidade como recomenda a Lei da Mobilidade.
Boa eleição e boa escolha!
Cristina Baddini Lucas