sexta-feira, 6 de maio de 2016

ENTREVISTA: A Mobilidade Limpa na América Latina

ônibus elétricos
Apresentação da Zona Verde, em Santiago, que vai contar com ônibus e táxis elétricos, e privilegiar deslocamentos a pé. Cidade sediou evento da CEPAL sobre clima, poluição e mobilidade.
 O diretor de relações governamentais da BYD no Brasil conversou com o Blog Ponto de Ônibus a respeito de seminário sobre sustentabilidade da CEPAL diretamente do Chile. Faixas de ônibus em São Paulo foram apontadas como soluções exemplares no evento internacional. Chile passa a contar com ônibus elétrico sem cobrança de passagem. Licitação do Transantiago deve exigir ônibus elétricos. No Brasil, produção de chassis para seis modelos de ônibus começa em junho
 ADAMO BAZANI
Comparar o Brasil a países da Europa, Ásia e América do Norte no quesito mobilidade urbana limpa pode ser até covardia, diante das poucas iniciativas do poder público brasileiro para estimular os deslocamentos não motorizados, por sistemas de trilhos e com ônibus menos poluentes.
Entretanto se a comparação for feita com os países vizinhos, neste quesito o Brasil também está em desvantagem.
Nos últimos dias 02 e 03 de maio, a CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, realizou em Santiago, no Chile, o seminário sobre Mudanças do Clima, Governança e Mobilidade.
O evento foi uma oportunidade para discutir as necessidades de novas intervenções urbanas e modernização nas redes de transportes em toda América Latina para que o meio ambiente seja respeitado, melhorando assim a qualidade de vida nas cidades.
Um dos participantes foi o diretor der relações governamentais da BYD no Brasil e ex-diretor da Rede C40 no País (grupo das maiores cidades do mundo líderes no tema das mudanças climáticas).
Por e-mail, Adalberto Maluf concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Ponto de Ônibus e contou sobre as principais novidades a respeito da mobilidade na América Latina debatidas no evento. Foi possível traçar um perfil sobre os avanços e necessidades para que as cidades ofereçam melhores condições de vida.
Apesar das conquistas do Brasil, o país ainda está atrás de iniciativas de outros governos da região.
“Colômbia, Uruguai e agora o Chile estão liderando a agenda da mobilidade sustentável. Aqui no Chile, foi lançada nesta semana a Zona Verde, um projeto de que prioriza o uso de veículos elétricos, bicicletas e pedestres no centro histórico da cidade. Eles [chilenos] terão ônibus elétricos (da BYD) gratuitos rodando pelo centro como medida para reduzir emissões” – disse.
O especialista vê como fundamental a maior participação do poder público para estimular a ampliação da frota de ônibus não poluentes no Brasil.
“Existe, ainda, um grande desconhecimento dos operadores de ônibus privados sobre as vantagens do uso dos ônibus elétricos. Operadores tradicionais são avessos a riscos e como estão acostumados com ônibus diesel há décadas, eles dificilmente farão a transição aos elétricos se não houver pressão dos governos. Muitas das cidades ainda não aperfeiçoaram as regras de concessão para permitir o uso dos elétricos, uma vez que o modelo de remuneração das tarifas, atualmente, não privilegia a redução de custos e o uso de modelos mais eficientes.”
No seminário da CEPAL foram relacionadas soluções que com baixo custo e de maneira rápida podem melhorar as condições de mobilidade no transporte público. As faixas de ônibus em São Paulo, cuja ampliação ocorreu na gestão do prefeito Fernando Haddad, foram destaques que receberam menções positivas no evento.
Adalberto Maluf também disse que as encarroçadoras de ônibus no Brasil já finalizam modelos para os chassis de ônibus elétricos da BYD. A empresa de origem chinesa deve fabricar a partir de junho de 2016 seis modelos de chassis elétricos urbanos, como chassis para micro-ônibus (7m e 8m), urbanos básicos (12,5m), Padron (13,2m e 15m) bem como articulados (18,5m) tanto piso baixo quanto piso alto para BRT.