segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Secretário e dirigentes de transporte reúnem-se durante Congresso Cidades & Transportes no Rio

Reunião aconteceu durante Congresso Internacional Cidades & Transportes

10 de Setembro, 2015
Secretários Municipais de Transporte e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana se reuniram, nesta manhã (10), durante o Congresso Internacional Cidades & Transportes (CTBR) 2015, para definir temas a serem tratados nos próximos meses e mostrar exemplos de sucesso de suas cidades. Veja a Proposta Temática Preliminar da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), organizadora do encontro.
Ao todo, 20 cidades brasileiras, como Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Mangaratiba e Angra dos Reis (RJ), Fortaleza (CE) e Belém (PA), tiveram seus representantes na Reunião Extraordinária do Fórum Nacional de Secretários Municipais de Transporte e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana.
Roberto Gregório da Silva Jr., Presidente da URBS de Curitiba/PR  e do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana, explicou o objetivo da reunião, que também discutiu os temas que serão tratados nos próximos meses, até o final do ano que vem.
(Roberto Gregório da Silva Jr., Presidente da URBS de Curitiba/PR / Foto: Luke Garcia / WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
"Este encontro serve para estreitar as relações com a Frente Nacional de Prefeitos e criar um canal, um grupo de discussão exclusivo, no qual os temas serão debatidos a cada duas semanas, permitindo que todos aqueles que tiverem condições e interesse, apresentem as suas contribuições e a gente vá sistematizando e tirando resultados concretos", garantiu Gregório.
O Secretário Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dario Lopes, trouxe novidades e prazos sobre os planos de mobilidade de todo o País. Segundo ele, 3.326 municípios brasileiros precisam implementar um plano de mobilidade.
"Temos duas equipes na secretaria que fazem workshops em cidades pequenas, no sentido de orientá-las para a elaboração dos planos de mobilidade", afirmou Lopes.
O presidente da BH Trans, Ramon Vitor Cesar, falou sobre a 'Atuação da Guarda Municipal nas Atividades de Trânsito'. Além de pontuar os sucessos em redução de mortes no trânsito e as operações em conjunto com outros órgãos, como a Polícia Militar, ele contou um pouco da história da criação da Guarda Municipal em Belo Horizonte, que iniciou seus trabalhos em agosto de 2008.
(Presidente da BH Trans, Ramon Vitor Cesar / Foto: Luke Garcia / WRI Cidades Sustentáveis)
"Devido aos eventos e o lazer, temos operações intensas nos fins de semana. Para programar nossas ações, nos reunimos duas vezes por semana e ainda realizamos operações conjuntas, como a Lei Seca e a Fiscalização de Áreas com Bares e Restaurantes. Entre 2011 e  2013, coneguimos reduzir em 69% o número de mortes por acidentes de trânsito, levando em consideração os 30 dias seguidos do acidente. Com isso, 107 vidas foram salvas. Neste mesmo período, conseguimos aumentar os intervalos sem registro de morte: em 2011 eram seis dias, no ano seguinte aumentou para 9 e em 2013 eram dez. Ainda estamos calculando os números do ano passado", detalhou Ramon.
Prefeito de BH e Presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Marcio Lacerda, falou da importância de manter e aprofundar esse tipo de encontro. 
"Estamos conseguindo encaminhar pautas no Congresso, naturalmente selecionando-as. É importante que os fóruns encaminhem as questões para nós e nos dêem oportunidade de ajudar e tentar mobilizar parlamentares e executivos", pediu Lacerda.
(Vanderlei Luiz Cappellari, Presidente da EPTC/ Foto: Luke Garcia / WRI Brasil Cidades Sustentáveis)
Vanderlei Luiz Cappellari, Presidente da EPTC de Porto Alegre (RS), trouxe para o encontro assuntos relacionados à Sustentabilidade Financeira das Empresas Gestoras do Transporte e Trânsito. 
"Estamos trabalhando muito na questõe das concessões que a secretaria e a prefeitura fazem em relação a qualquer serviço público. Trabalhando na questão de ter uma receita para a empresa. Tivemos agora um projeto importante, que é o rastreamento da frota de táxis da cidade. Se criou uma taxa de gestão desse serviço. Hoje, os quatro mil táxis da cidade têm sistema de rastreamento de gestão e o permissionário paga uma taxa, em torno de R$ 80 por mês. Só neste ano, na taxa vai dar R$ 2,5 milhões. Estamos quase chegando na metade do orçamento da empresa com uma fonte de receita. Em 2020, provavelmente estaremos atingindo 97% a 98% do orçamento necessário", explicou Cappellari.
WRI Brasil Cidades Sustentáveis

Cidades são ineficientes por não priorizarem o transporte público

25/08/2015
Ayrton Camargo e Silva afirma que é preciso faixas exclusivas para os ônibus e programação semafórica para diminuir o tempo de trajeto
Assessoria de Imprensa Perkons
Poliane Brito
Linhas de ônibus sem integração, congestionamentos, inexistência de ciclovias, calçadas esburacadas. Esses são alguns sinais de que o espaço viário não é bem utilizado. Os congestionamentos e, como consequência o aumento dos tempos de viagens, são realidade nas cidades brasileiras. Três capitais já aparecem entre as 10 metrópoles mais congestionadas do mundo. O levantamento Measuring Congestion Worldwide da empresa TOMTOM, mostra que o Rio de Janeiro está em terceiro lugar, a quinta posição é ocupada por Salvador e em sexto está Recife.
Para falar sobre as escolhas que levaram à atual conformação das cidades e do sistema viário e medidas para tornar as cidades mais eficientes no quesito mobilidade, a Perkons entrevistou o arquiteto e urbanista Ayrton Camargo e Silva. Ele é o atual diretor presidente da Estrada de Ferro Campos do Jordão e autor do livro “Tudo é passageiro - Expansão urbana, transporte público e o extermínio dos bondes em São Paulo”.
Crise de mobilidade
O urbanista afirma que as grandes e médias cidades estão passando por uma crise de mobilidade. E os pequenos municípios também já esboçam sinais de colapso nos sistemas de locomoção. “A crise de mobilidade ocorre em função da incompatibilidade entre as viagens diárias feitas pelos modos motorizados e o espaço viário disponível para elas”, explica.
Ayrton sugere dar prioridade aos veículos de maior capacidade para chegar a um equilíbrio. “Enquanto as viagens crescem a cada ano, o sistema viário não. Motivo pelo qual deveria ser dada prioridade para nele circularem os modos de maior capacidade, exatamente o que não acontece hoje nas cidades.”, sugere como solução.
Crédito: Luiz Guarnieri/Brazil Photo Press/Folhapress
Especialista afirma que boa parte dos problemas de mobilidade de São Paulo se devem ao fim dos bondes e a falta de prioridade para o transporte coletivo
Ele compara o automóvel e o ônibus para mostrar a necessidade de priorização. “Um ônibus ocupa o lugar de pouco mais de dois automóveis, porém pode transportar até 100 passageiros em média simultaneamente. Enquanto um automóvel ocupa em média 1,7 passageiro por viagem. Apesar de o ônibus ser mais eficiente na relação entre o espaço viário ocupado e o número de passageiros transportados, eles não têm prioridade para circulação nas vias. Pouquíssimas cidades possuem faixas exclusivas para os ônibus circularem, e menos ainda possuem uma programação semafórica que contribua com o aumento de sua velocidade comercial”, afirma.
A falta de priorização do transporte coletivo e o mau uso do espaço viário, segundo o arquiteto e urbanista culminam em cidades ineficientes. “O fruto desse conflito são os congestionamentos e os acidentes, que ilustram o conflito na disputa para ver quem consegue ocupar antes o pouco espaço para circular. Isso tudo gera cidades ineficientes, que perdem sua competitividade econômica numa era de economia globalizada. Além da queda da qualidade de vida, que atinge a toda população de forma indiscriminada”, conclui.

Escolhas que levaram à crise de mobilidade

O urbanista afirma que as decisões, no Brasil, para estimular o crescimento das cidades levaram à crise de mobilidade dos dias de hoje. “A escolha foi feita em direcionar a expansão urbana fazendo-a dependente dos modos motorizados por pneus, em particular, o automóvel nos últimos 100 anos”.
Para ele, se fosse possível reescrever a história, a solução seria vincular a expansão urbana e seu adensamento diretamente à existência de transporte coletivo, garantindo a ele prioridade para circulação no sistema viário.
Ayrton afirma que para termos outro cenário, a cidade deveria seguir critérios para garantir expansão com mobilidade. “A expansão urbana deveria ser feita com base em indicadores de qualidade da sua mobilidade. Assim o acesso a uma determinada região ou bairro seria por corredores de transporte coletivo que deveriam ter níveis mínimos de desempenho, como por exemplo, elevada velocidade comercial {expressa pelo tempo gasto em todo o percurso} para os modos coletivos de transporte, níveis reduzidos de acidentes e emissões de poluentes, tempos máximos de viagem, intervalos constantes entre as viagens etc.", exemplifica.
Para isso, o transporte coletivo seria o protagonista principal no uso do sistema viário existente, e o adensamento urbano seria vinculado à existência de transporte coletivo, de forma a não impactar o sistema viário em sua área de influência.
Ayrton afirma que o inverso aconteceu em São Paulo. “O fim dos bondes em São Paulo, e a opção pela expansão do sistema viário sem que o transporte coletivo tivesse prioridade de circular foram as bases de boa parte dos problemas da mobilidade em São Paulo”, ilustra.
Ao priorizar o transporte coletivo e ordenar a expansão dos municípios, o urbanista acredita que as cidades seriam mais amigáveis. “Certamente {a cidade teria} uma ocupação mais compacta, menos espraiada, e com uma ocupação viária muito mais eficiente”, conclui.