terça-feira, 3 de março de 2015

Panorama das dificuldades e oportunidades para o Rio depois de 2016


O Globo
Os engarrafamentos que afligem os cariocas continuarão sendo um dos maiores desafios para o Rio após as Olimpíadas de 2016. Apesar dos investimentos realizados na última década em transporte de massa, os problemas de mobilidade urbana travam o desenvolvimento da cidade, que deixa de produzir o equivalente a R$ 13 bilhões por ano com as horas perdidas no trânsito. O cálculo está em um dos artigos reunidos no livro "Depois dos Jogos: pensando o Rio para o pós-2016”, organizado pelo economista Fábio Giambiagi, do BNDES. A obra, recém lançada, também traz previsões, abordando desde os aspectos econômicos até a gastronomia e o esporte.

Para Giambiagi, o maior legado dos Jogos será a expansão da malha de transportes, com a criação dos BRTs, a ampliação do metrô e a reconfiguração do Centro. O economista ressalta que, apesar do alto investimento, a relação entre a dívida pública da cidade e seu PIB caiu de 0,6 em 2008 para 0,4 no ano passado.
— São gastos que não vão cair por terra porque eles (projetos) estarão sendo usados em alguns casos desde antes das Olimpíadas, como os BRTs. Eles vieram para ficar e deixam um legado útil — afirma Giambiagi, acrescentando que a vinda de um evento como esse coloca o Rio no patamar de metrópoles como Nova York, Londres e Paris.
Mesmo assim, a cidade ainda terá muito a fazer. O economista Sérgio Ferreira, autor de um dos artigos reunidos, lembra que, apesar do avanço em mobilidade na Zona Oeste, também é importante pensar no fluxo de três milhões de pessoas que viajam diariamente entre a Baixada Fluminense e a capital. Segundo Ferreira, quanto melhor for a mobilidade na cidade, maiores serão as oportunidades de negócios.
Além disso, o economista propõe que o Rio procure se firmar no calendário de grandes eventos mundiais, como forma de estimular a economia:
— A cidade não pode se esgotar nas Olimpíadas. Ela deveria estar batalhando por outros grandes eventos, que sejam âncoras para motivar inovações e manter a marca da cidade.
Autor de outro artigo do livro, Carlos Eduardo Maiolino, assessor especial da Secretaria municipal de Transportes, afirma que o maior desafio não é apenas construir alternativas de locomoção, mas fazer com que a população mude sua postura em relação ao transporte público. Responsável pela implantação dos BRTs no Rio, Maiolino diz que parte da classe média ainda não se conscientizou sobre a importância de trocar o carro por ônibus ou metrô. Ele sugere a ampliação da rede cicloviária e a ligação do metrô até a Praça Quinze como projetos pós-2016.
O livro aborda ainda a economia do Rio, em artigo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a educação, pela ex-secretária municipal de Educação Claudia Costin, e a gastronomia, pela jornalista Luciana Fróes, do GLOBO, entre outros assuntos.

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