segunda-feira, 17 de junho de 2013

Tatto defende Cide para ônibus e que estudantes com mais recursos paguem passagem inteira

Pesquisas internacionais de diversos órgãos revelam que as pessoas que se deslocam de carro pelas cidades, individualmente, ocupam ao menos 10 metros quadrados do espaço urbano e poluem cerca de 17 vezes mais do que as pessoas que se deslocam de transporte coletivo.
A conta é simples. Um carro em média leva uma ou duas pessoas. Um ônibus convencional, sem grande aperto, pode transportar 80 pessoas. Assim, pode substituir entre 40 e 80 carros de passeio.
No entanto, a maior parte dos investimentos nas cidades é feita de maneira pouco inteligente ainda privilegiando o transporte individual. Entre os problemas que fazem com que as pessoas não deixem o carro em casa, estão ônibus que ficam presos no trânsito, sem terem uma rede de corredores e espaços exclusivos, sistemas mal planejados e que não priorizam os deslocamentos em massa que deixam as tarifas altas, e uma carga tributária sobre as passagens praticamente igual à de roupas e bolsas de grife.
A grande parte das passagens, integrações e gratuidades é bancada exclusivamente pelos passageiros pagantes.
Como o usuário de ônibus aproveita melhor o espaço urbano (ocupa 1,5 metro quadrado) e polui menos o meio ambiente, não seria justo ele continuar arcando sozinho com a mobilidade urbana.
Assim, cresce a movimentação de gestores públicos e especialistas em transportes para quem anda de carro ajude um pouco mais nos sistemas de deslocamento em massa.
E para isso, não é necessário criar mais um imposto.
Basta usar melhor os que já são cobrados, como a Cide – Contribuição sobre Intervenção do Domínio Econômico.
O chamado imposto da gasolina deveria ser destinado à conservação de estradas.
Mas como boa parte da frota de carros particulares roda pelas áreas urbanas, as propostas são de uso de pelo menos uma fatia da Cide para investimento em transportes coletivos, como para aumento de subsídios para redução nas tarifas ou verbas para a abertura de corredores e faixas para ônibus. Afinal, de acordo com os estudos de urbanismo e mobilidade, o dono do carro usa mais área na cidade.
A proposta voltou a ser defendida hoje.
O Secretário Municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, durante a inauguração de faixas para ônibus nos horários de pico entre as pontes Aricanduva e das Bandeiras, na Marginal Tietê, seguiu o discurso do seu superior, prefeito Fernando Haddad, e disse que o usuário do carro deveria ajudar a financiar os transportes públicos.
"Acho que quem devia pagar e financiar o transporte público é o usuário do transporte individual. É uma tese", disse Tatto enquanto vistoriava o primeiro dia das faixas exclusivas para ônibus na Marginal do Tietê. "A Prefeitura tem condição de arcar sozinha com os custos do transporte? Parece-me que não, até porque neste ano ela já vai gastar R$ 1,25 bilhão em subsídios." – disse em entrevista coletiva.
Tatto ainda disse que a cada dez centavos que possam sair da gasolina, é possível reduzir trinta centavos de uma tarifa como a de São Paulo
"Tem um estudo que a cada dez centavos que você cobra da gasolina equivale a 30 centavos da passagem de ônibus. E do ponto de vista inflacionário incide mais sobre inflação o aumento da passagem de ônibus que o aumento da gasolina. Só é preciso transformar o foco da Cide. Em vez do superávit primário, deveria servir para o transporte público." – complementou ao defender a criação de uma lei federal para que fossem destinados recursos da Cide para as cidades.
Tatto reconheceu na coletiva que o espaço na cidade de São Paulo não é democrático.
"O usuário do carro usa um espaço além do espaço dele, usa muito mais espaço no viário.".
SECRETÁRIO DEFENDE QUE ESTUDANTE COM DINHEIRO PAGUE PASSEM INTEIRA:
Sobre gratuidades e benefícios tarifários, Tatto deu uma declaração polêmica.
Ele disse que não é justo que estudantes com condições financeiras paguem meia tarifa. Essa meia gratuidade, segundo ele, é bancada por passageiros comuns que muitas vezes têm renda menor que diversos estudantes
"Não me parece ser correto, embora seja uma conquista de todos, mas aqueles que têm dinheiro, que têm condição de pagar a passagem, passagem de graça penaliza ou o trabalhador que está dentro do ônibus ou penaliza toda a cidade. Então, me parece que quem tem condições de pagar a tarifa, deveria pagar", afirmou Tatto.
Adamo Bazani

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