sexta-feira, 1 de abril de 2011

O MDT e a questão do automóvel

Pesquisas recentes da ANTP e do IPEA revelam gastos anuais de aproximadamente R$28 bilhões com os chamados ‘acidentes’ de trânsito, nas cidades e nas estradas, resultantes inclusive de milhares de mortos e de centenas de milhares de feridos nas ruas e estrada. Banalizadas, as mortes do trânsito pouco sensibilizam; esses acontecimentos raramente são punidos como crimes e no imaginário coletivo figuram como fatalidades, que a providência divina interpôs na vida dos acidentados, quando, na realidade, decorrem de omissões das autoridades nas três esferas de governo, ou mesmo de ações deliberadas de governantes, como ocorre no caso dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), desviados de suas finalidades legais para das sustentação à política macroeconômica do governo.
Já se disse que as cidades do Século 20 foram projetadas para o automóvel e a grande quantidade desses veículos em circulação mostra que essa é uma realidade que deve permanecer por muitos anos ainda. Por conta disso, na formulação de políticas públicas de mobilidade urbana, é preciso que se tenha em conta formas de tornar o automóvel individual menos agressivo. Uma maneira tentada ainda timidamente está nos projetos de moderação de tráfego, que propõem intervenções físicas no viário de modo a modificar o comportamento do motorista, induzindo-o a reduzir a velocidade e agir com segurança ao volante, o que, de quebra, permite tornar menos intenso o tráfego de passagem e contribui para revitalizar espaços urbanos e áreas verdes.
Sedimentado culturalmente por anos e anos de intensos esforços de marketing das grandes montadoras, o carro individual acha-se arraigado culturalmente e, segundo alguns especialistas, é, há algum tempo, um instrumento real de reprodução econômica e social para vastos segmentos dos estratos médios da sociedade – uma população inteira que desaprendeu a viver sem ser sobre quatro rodas. Mesmo sabendo disso, é preciso restabelecer o controle do uso do veiculo individual e buscar formas de promover o seu uso racional e moderado.

Um caminho está no estabelecimento de políticas de integração do automóvel às demais modalidades de transporte. É preciso pensar na mobilidade, levando em conta os diferentes modos de deslocamento, o que vale dizer: sistemas metroferroviários integrados a sistemas.

Texto -  MDT parte II
Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

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