terça-feira, 19 de julho de 2016

Seminário Cidade Expressa debateu em Campina Grande/PB a prioridade ao transporte coletivo. Representando o MDT, Nazareno Affonso foi palestrante e coordenador da mesa

No dia 3 de junho de 2016, no Teatro FACISA, em Campina Grande, Paraíba, foi realizado o Seminário Cidade Expressa – Plano de Mobilidade Urbana e Transporte Coletivo Urbano. O encontro que alcançou sua quarta edição anual é promovido pelo Comitê Técnico de Mobilidade Urbana (CTMU) de Campina Grande e Região Metropolitana, e, nesta ocasião, contou com o apoio da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Nordeste (FETRONOR), da organização Com Trans Legal e do Jornal da Paraíba. O MDT participou da iniciativa, representado por seu coordenador nacional, Nazareno Affonso, que já havia participado da segunda edição do seminário, em 2014.
A primeira mesa do encontro teve como tema Plano de Mobilidade Urbana: Desafios para sua implementação e foi mediada pelo jornalista Marcos Sousa, do portal Mobilize Brasil. Atuaram como debatedores Valéria Barros, coordenadora do Plano de Mobilidade Urbana de Campina Grande; João Braga, secretário de Mobilidade Urbana de Recife, e André Dantas, diretor da NTU. Veja a íntegra dessa mesa em vídeo publicado pelos organizadores do encontro e disponível por meio de link no final desta notícia.
Prioridade para o transporte público. Nazareno Affonso coordenou a segunda mesa, que sobre o tema Prioridade ao transporte público, fazendo uma exposição com foco na bandeira do MDT de ocupar as ruas com transportes públicos. Ele argumentou que a parte das vias destinadas a faixas de rolamento ou liberada para estacionamento – porções hoje ocupadas majoritariamente por automóveis – devem ser destinadas à implantação de faixas e corredores exclusivos para ônibus ou VLT (Veículos Leves sobre Trilhos), como está acontecendo no centro do Rio de Janeiro, ou, ainda, para a ampliação das calçadas e implantação de ciclovias e ciclofaixas.
Os debatedores fizeram suas ponderações ao responderem a perguntas formuladas pelo dirigente do MDT. Carlos Batinga, superintendente de Mobilidade Urbana de João Pessoa/PB, e membro do Conselho Diretor do Instituto MDT, falou sobre os ganhos que haveria com a retirada do privilégio dos proprietários de automóveis de circularem e estacionarem nas vias públicas e falou da dificuldade de retirar estacionamentos nas vias e criticou mudanças que revertessem as conquistas da Lei de Mobilidade Urbana. André Dantas, diretor da NTU, fez considerações sobre e os avanços das experiências internacionais em priorizar o transporte público e de como o governo federal poderia atuar para favorecer a qualificação dos sistemas convencionais de ônibus. Eudo Laranjeira, presidente da FETRONOR, se posicionou favoravelmente à concessão de maior espaço na via para o transporte público, com ganhos de produtividade dos sistemas, que podem acarretar redução das tarifas, e redução do tempo de viagem para os usuários.
Exemplo. Após o encerramento dos trabalhos, Nazareno Affonso elogiou Campina Grande/PB pela realização anual do encontro. “Nós não temos no Brasil um monitoramento tão fino do plano de mobilidade. Espero que vocês influenciem o País com essa iniciativa”, disse, acrescentando que considerou muito boa a dinâmica dos trabalhos e a profundidade e atualidade dos debates, já que foram tratados temas como a retomada do espaço viário hoje praticamente monopolizado pelos automóveis e a qualificação dos sistemas de transporte público.
Respondendo a uma indagação sobre como poderá ser feita a qualificação do transporte público, Nazareno Affonso mencionou diferentes exemplos, entre os quais a oferta de informações aos usuários, a instalação de elementos de segurança e conforto nos pontos de parada, e, ainda, a implantação de faixas exclusivas para os ônibus. Quanto a este último fator, disse ter sido informado de que Campina Grande possui apenas 1,5 mil metros de faixa livre para os ônibus e fez um desafio à administração municipal, para que se disponha a multiplicar por dez essa extensão até o próximo seminário, em 2017. Ele defendeu também a mudança do Código de Trânsito Brasileiro de modo a que seja proibido o estacionamento de automóveis em todas as vias urbanas em que circulam o transporte público.
O dirigente do MDT sublinhou ainda ser necessário encontrar fontes de financiamento extra tarifários e extra orçamentários para subsidiar as tarifas, de maneira que estas se tornem mais baratas para os usuários, como ocorre na maioria dos países altamente desenvolvidos. Entre medidas que podem propiciar tais fontes mencionou a instituição de uma política de estacionamento coordenada pelo poder público e operada por meio de concessões capazes de trazer recursos para os sistemas de transporte público, a captura de parte do adicional de lucros imobiliários ocasionados pela implantação de sistemas estruturadores de transporte público e mesmo a taxação direta da gasolina.
Carlos Batinga também elogiou o seminário e disse ter sido um privilégio participar de todas as quatro edições desse encontro. Ele considera que o modelo participativo adotado em Campina Grande, que tem como centro o Comitê Técnico de Mobilidade Urbana (CTMU), reúne os principais atores envolvidos com o desenvolvimento da cidade e interessados em aprimorar a mobilidade urbana.

Movimentando
Informativo - Número 120 - Junho 2016 -   
Matéria 02/9

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