quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Avanços na sustentabilidade devem incluir as bicicletas

16/09/2015 07:37

Valor Econômico

A bicicleta é a principal aliada das cidades sustentáveis. O veículo é o que une cidades tão diferentes como Bremen, na Alemanha, onde 25% do transporte é feito de bicicleta, e Belo Horizonte, no Brasil, onde menos de 0,5% das pessoas pedalam diariamente de casa para o trabalho ou para escola. Impulsionadas pelo projeto Solutions (Sharing Opportunities for Low Carbon Urban Transportation), realizado pela União Europeia com a EMBARQ Brasil, uma rede de suporte a governos e empresas no desenvolvimento e implantação de soluções sustentáveis para problemas de mobilidade e desenvolvimento urbano, as duas cidades mantêm uma parceria embalada pela convicção de que pedalar ajuda a saúde, evita engarrafamentos e reduz a emissão de carbono.
"Bicicletas são essenciais em uma cidade eficiente. Do total da nossa população, 25% usam bicicleta e outros 25% andam a pé. Quase não temos tráfego. Isso reflete um debate político intenso sobre o nosso sistema de mobilidade urbana", diz Michael Glotz-Richter, gerente sênior de projetos em mobilidade urbana de Bremen, cidade com 552 mil habitantes conectada por redes de ruas reservadas às bicicletas. Ele foi um dos participantes do painel "Oportunidades para reduzir a emissão de carbono nas cidades" no Congresso Internacional Cidades & Transporte. "Não adianta só importar as ciclo-rotas de Bremen para Belo Horizonte, é preciso também uma mudança cultural porque o processo depende da redução da velocidade dos veículos motorizados", afirma Marcelo Cintra do Amaral, coordenador de Políticas de Sustentabilidade da BHTrans, integrante da mesa.
Um dos objetivos do projeto Solutions é apoiar o intercâmbio de soluções inovadoras e sustentáveis de mobilidade urbana entre cidades da Europa, América Latina e do Mediterrâneo. As atividades são organizadas em torno de seis temas: transporte público, infraestrutura de transportes, logística da cidade, planejamento integrado, planos de mobilidade urbana sustentável, rede e gestão da mobilidade e veículos e tecnologias limpas.
Além de Bremen e Belo Horizonte, as outras cidades parceiras são Budapeste (Hungria) e a província de Kocaeli (Turquia), Curitiba (Brasil) e Leon (México), Barcelona (Espanha) e Guiyand (China) e Hangzhou (China) e Kochin (Índia).
"Leon aprende muito com o intercâmbio com Curitiba, mas há poucas semelhanças entre uma e outra, além do fato de ela ter sido a primeira cidade mexicana a implantar um sistema de BRT, assim como a capital paranaense foi a pioneira do sistema no Brasil. É preciso levar em conta muitas diferenças. O período de governo menor, a metodologia e o fato de que lá o transporte é incumbência do Estado e não do município são peças de um quebra-cabeça", diz Gisela Mendes, coordenadora da EMBARQ México. "Em Leon vimos a importância da bicicleta, que é pouco usada em Curitiba. Mas a partir da troca de experiência já implantamos a Via Lenta para as bicicletas junto às canaletas dos ônibus do BRT e estamos discutindo a adoção da Zona 30 ou da Zona 40, com o limite de velocidade de 30 km/h ou 40 km/h para os ônibus", diz Rosângela Maria Battistella, engenheira da Urbes, empresa de transporte de Curitiba.

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