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quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Futuro de quem só utiliza carros será cada vez mais angustiante, afirma especialista
20/mar/2015 . 8:00
Prioridade e incentivo ao transporte coletivo podem tornar o meio atrativo.
PERKONS
Imagem: Reprodução/ Rio Ônibus
Um carro consome 30 vezes mais combustível por passageiro do que um ônibus, de acordo com levantamento doMovimento Respirar, e ocupam mais espaço na via: 25 carros carregam a mesma quantidade de passageiros que um ônibus, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) . Os
benefícios ao utilizar o transporte coletivo, para o meio ambiente e
para melhoria da mobilidade, são evidentes, mas ainda não são uma
realidade no Brasil. Problemas como a baixa qualidade do
serviço faz com que muitos optem por se deslocar em veículos
particulares. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, entre 2002 e 2012,
a proporção de usuários que preferiram o deslocamento individual
motorizado aumentou de 25,8% para 28,5%, e a dos que escolheram o
coletivo diminuiu de 74,2% para 71,5%.
Para melhorar a atratividade para o transporte coletivo, de acordo
com o especialista em trânsito da Perkons, Luiz Gustavo Campos, é
preciso garantir prioridade ao transporte coletivo no sistema viário –
como com a implantação de BRT e/ou faixa exclusiva para ônibus.
“Além disso, existem diversas medidas para tornar o transporte coletivo
mais atrativo, como oferecer uma frota moderna e confortável,
disponibilizar informação aos usuários, investir em vasta rede e
itinerários bem distribuídos, integrar as linhas e outros meios de
transporte, construir pontos confortáveis e seguros e operar com
pontualidade”, sugere.
A mudança na maioria das vezes é gradual e os resultados são
perceptíveis ao longo dos anos. Várias cidades brasileiras têm investido
na priorização do transporte coletivo, sendo que algumas já mostram os
sinais de melhoria. Como é o caso de São Paulo, onde o paulistano que
optou pelo ônibus passou a ganhar 38 minutos por dia, e as faixas
exclusivas deixaram o transporte 68% mais rápido. Os números são de um estudo que mostra a evolução desde 2011 até 2013 realizado pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET).
Na capital paulista, parte da população deixou de usar o
carro e migrou para o transporte coletivo e avalia positivamente a
criação das faixas exclusivas. “Somente uma medida isolada pode
não levar aos resultados esperados e, por isso, é preciso também
investir na melhoria da segurança, do conforto e da disponibilidade do
sistema. A velocidade dos corredores exclusivos de ônibus – criados há
12 anos – ainda está abaixo do objetivo divulgado na época. A meta da
SPTrans era chegar a 20 km/h nos horários de pico. Porém, dados da
empresa mostram que a velocidade média nos corredores até o final de
2014 era de 14 km/h.
O futuro dos carros
O urbanista e coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT), Nazareno Stanislau Affonso, lembra que a Lei da Mobilidade Urbana determina que para
o veículo motorizado particular deve ser reservado no máximo 30% das
vias. Os 70% restantes são para ônibus, ciclovias, ciclofaixas e
calçadas. Porém, na prática, o que vemos são ruas tomadas por
automóveis. “Ainda está no começo essa democratização do espaço público
da via, usurpado pelo automóvel, ao ocupar mais de 80% do mesmo”,
afirma.
Affonso acredita que as pessoas já estão percebendo que o futuro de
quem só utiliza carros será cada vez mais angustiante, com o aumento
progressivo do tempo de viagem e do custo com a manutenção. Portanto,
para ele, essa opção se mostrará inviável no futuro, com a perda dos
privilégios de usar o automóvel e este será um meio alternativo
integrado a sistemas de transporte público como metrô, ferrovia, veículo
leve sobre trilhos e corredores exclusivos de ônibus.
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