Após quase duas décadas, Paris decidiu restabelecer o
rodízio de automóveis para combater os altos níveis de poluição do ar
registrados na cidade.
É a segunda vez na história que a capital francesa lança mão
da medida. Segundo a determinação, os motoristas só poderão dirigir em dias
alternados.
A medida foi tomada depois que os níveis de poluição
atmosférica excederam o limite de segurança por cinco dias consecutivos em
Paris e nas áreas vizinhas.
A restrição passa a valer a partir desta segunda-feira.
Em 1997, por motivos semelhantes, Paris decidiu instaurar o
rodízio de automóveis por tempo determinado.
Segundo as autoridades, as motocicletas também estarão
sujeitas à medida.
Em uma tentativa de encorajar as pessoas a deixar seus
carros em casa, o governo concedeu, na sexta-feira, acesso gratuito ao
transporte público por três dias. O benefício termina nesta segunda-feira.
O nevoeiro de fumaça que encobriu a cidade-luz foi causado
por uma combinação de noites frias e dias quentes, que impediu a dispersão da
sujeira.
Segundo a agência de meio ambiente da França, a qualidade do
ar de Paris atingiu um dos piores patamares da história, rivalizando com a da
capital chinesa Pequim, uma das cidades mais poluídas do mundo.
Na sexta-feira, os níveis de poluição chegaram a 180
microgramas de PM10 por metro cúbico, mais do que o dobro do limite tolerável
de 80.
As partículas PM10 são emitidas por veículos, sistemas de
aquecimento e indústria pesada.
O governo vai revisar os níveis de poluição nesta
segunda-feira, antes de decidir se estenderá as restrições para os automóveis.
Pesquisas mostram
efeitos do meio ambiente à saúde
Câncer: a agência
especializada em câncer que integra a Organização Mundial da Saúde (OMS)
anunciou em outubro de 2013 que a poluição do ar é uma das principais causas
ambientais de morte por câncer. Por meio de uma avaliação do Programa de
Monografias da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na
sigla em inglês) foram encontradas evidências suficientes de que a exposição ao
ar poluído causa câncer de pulmão e aumenta o risco de câncer de bexiga.
Estudos indicam que nos últimos anos os níveis de exposição aumentaram
significativamente em algumas partes do mundo, particularmente nos países muito
populosos e com rápido processo de industrialização.
Ozônio: 90% dos
moradores de zonas urbanas europeias continuam expostos a uma poluição com
partículas e um número ainda maior ao ozônio, em níveis que superam os
recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), advertiu um relatório da
Agência Europeia do Meio Ambiente (AEE). "Grandes proporções da população
não vivem em um ambiente saudável (...). A Europa deve ir mais longe na
legislação aprovada", menos rígida que as recomendações da OMS, considera
o diretor-executivo da AEE, Hans Bruyninckx.
Mortalidade: na
cidade de São Paulo, morrem mais pessoas (4.000) em decorrência da poluição do
que por acidentes de trânsito (1.556), quase 3 vezes e meia mais do que por
câncer de mama (1.277) e 4,5 vezes mais que de Aids (874) ou câncer de próstata
(828). São 7.000 mortes ao ano prematuras na região metropolitana e 4.000 na
capital. Os dados fazem parte da pesquisa "Avaliação do impacto da
poluição atmosférica sob a visão da saúde no Estado de São Paulo",
divulgada em setembro de 2013 pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade.
O estudo (Avaliação do impacto da poluição atmosférica sob a
visão da saúde no Estado de São Paulo) sobre a relação entre mortes,
adoecimento e a poluição neste Estado foi realizado com informações obtidas
entre os anos de 2006 e 2011, e utilizou como base a análise do poluente PM 2,5
(material poluente particulado que mais afeta a saúde)
A pesquisa "Avaliação do impacto da poluição
atmosférica sob a visão da saúde no Estado de São Paulo" avaliou a
situação ambiental da poluição e seus efeitos sobre a saúde de duas maneiras:
mortalidade atribuível e o Daly (Disability Adjusted Life Years, que possui
dois componentes: o número de anos perdidos por morte precoce e o de anos de
vida vividos com incapacidade), um parâmetro criado pela OMS para indicar a
carga de dano de doenças no mundo. Essa medida não mostra apenas a mortalidade,
mas também a perda de qualidade de vida por doenças respiratórias,
cardiovasculares e câncer de pulmão, atribuíveis à poluição atmosférica,
especificamente o poluente material particulado, objeto do estudo.
Poluição em casa:
quem pensa que, ao entrar em casa, no escritório ou em um consultório se livra
da poluição está muito enganado. Paredes e janelas não conseguem manter o ar
saudável. Com um aparelho do Laboratório de Poluição Atmosférica da
Universidade de São Paulo (USP), uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo
visitou ambientes internos de dez pontos da capital paulista e constatou a
presença de partículas inaláveis em índices até 392% superiores ao recomendado
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Poeira fina formada em até 80% pela
queima de combustíveis, esse material particulado é um dos principais poluentes
da cidade. As partículas ficam em suspensão no ar - especialmente em dias secos
e frios - e circulam normalmente em ambientes internos, o que colabora para a
sensação de que um piso que acabou de ser limpo, por exemplo, fique
imediatamente sujo. Além disso, penetram pelo nariz e chegam ao pulmão e ao
sangue, aumentando o risco de doenças. Em duas medições internas, os resultados
foram maiores do que o das vias. Para o professor Paulo Saldiva, coordenador do
Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, os índices achados pelo Estado são
absurdos para uma cidade como São Paulo. "Avenidas de Nova York e Boston
não são tão poluídas quanto ambientes internos aqui", afirma.
Apendicite: de
acordo com um estudo publicado online no periódico "Environmental Health
Perspectives" em julho de 2013, a poluição do ar aumenta ligeiramente o
risco de apendicite. Pesquisadores estudaram 35.811 pacientes internados com
apendicite em 12 cidades canadenses de 2004 a 2008. Eles usaram dados de
dispositivos de monitoramento da qualidade do ar dessas cidades para calcular a
concentração máxima de ozônio diária. Esse componente natural da atmosfera
superior da Terra torna-se perigoso quando atinge certas concentrações no nível
do solo. Estudos em camundongos demonstraram que a poluição do ar pode alterar
bactérias presentes no abdêmen desses animais. "A poluição do ar talvez
aumente o risco de desenvolver o tipo mais perigoso de apendicite",
afirmou o Dr. Gilaad G. Kaplan, principal autor do estudo e professor adjunto
de medicina da Universidade de Calgary, no Canadá.
Crianças com baixo
peso: estudo descobriu que mesmo níveis relativamente baixos de poluição do
ar estão associados a um aumento significativo do risco de nascimentos de
crianças com baixo peso. Pesquisadores europeus reuniram dados de 14 estudos
que incluíam mais de 74 mil mães de 12 países e seus filhos. Os cientistas
também estimaram as concentrações de material particulado no ar dentro da
residência da mãe durante a gestação. "Temos evidências de estudos com
animais de que partículas diminutas entram na corrente sanguínea e chegam ao
feto", afirmou Rémy Slama, autor sênior do estudo e pesquisador sênior do
Instituto de Pesquisas Médicas e da Saúde de Grenoble, na França. "Podemos
esperar outros impactos sobre a saúde dessas crianças? Existem indícios de que
sim, o peso baixo ao nascer é um marcador de impactos negativos na idade
adulta", afirmou.
Autismo: mulheres
grávidas que estiveram expostas a altos níveis de ar poluído têm duas vezes
mais possibilidades de dar à luz a uma criança autista do que as que moraram em
áreas com baixa contaminação do ar, segundo um estudo da Universidade de
Harvard. De acordo com os especialistas, este é o primeiro estudo nacional que
examina a ligação entre a poluição e o desenvolvimento desta condição. A
pesquisa foi publicada na revista "Environmental Health Perspectives"
e foi iniciada em 1989. Foram pesquisadas 116.430 mulheres. Para a análise,
foram selecionadas 325 mulheres, que tiveram um bebê autista e 22.000 que
tiveram um filho não afetado por este fenômeno patológico.
Defeitos congênitos:exposição à poluição do ar proveniente do tráfego nos dois primeiros meses de
gestação aumenta de forma acentuada o risco de defeitos congênitos.
Pesquisadores usaram dados de dois estudos extensos realizados em oito condados
do Vale de San Joaquim, na Califórnia. Um dos estudos analisou os defeitos
congênitos registrados a partir de 1997 e o outro registrou as concentrações de
dióxido de nitrogênio, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono e material
particulado de 20 pontos diferentes do vale a partir dos anos 1970. Os
resultados foram publicados online no periódico "The American Journal of
Epidemiology" em abril de 2013. Amy M. Padula, principal autora do estudo
e pesquisadora de pós-doutorado da Universidade Stanford, reconheceu que
algumas associações podem acontecer por acaso quando muitas variáveis são
analisadas. "Esses resultados precisam ser considerados dentro de um
contexto", afirmou. "São necessários mais estudos para confirmar
essas associações antes de fornecermos alguma recomendação clínica às
gestantes".
Diminuição de
espermatozoides: pesquisa realizada pela Universidade de Pisa, divulgada em
2008, analisou 10 mil homens durante 30 anos e verificou que houve uma
diminuição no número de espermatozoides, principalmente entre os que vivem em
grandes centros urbanos e zonas mais poluídas. O estudo, realizado pelo
Departamento de Andrologia da universidade, examinou homens jovens e saudáveis,
com idade média de 29 anos, de várias regiões da Itália. Os resultados
mostraram que a quantidade de espermatozoides contidos em um mililitro de
esperma diminuiu nos últimos 30 anos, passando de 71 milhões para 60 milhões. A
conclusão é a de que nos grandes centros urbanos, em áreas poluídas por lixo
industrial ou em algumas zonas agrícolas onde são usados pesticidas, os
espermatozoides são 20% menos velozes do que em cidades pequenas.
Expectativa de vida:doenças associadas ao ambiente como poluição, ruídos do tráfego e precárias
condições de habitação causam a morte de um em cada cinco cidadãos na Europa.
Num estudo, divulgado em fevereiro de 2013 em Bonn, na Alemanha, a Organização
Mundial da Saúde informou que problemas gerados somente pela poluição podem
levar a uma redução de 8 meses na expectativa de vida dos europeus.
Ruídos: outra
preocupação dos especialistas que realizaram o estudo para a OMS na Europa são
os níveis de ruído do tráfego. Além disso, anualmente, 100 mil pessoas morrem
naquele continente por causa de condições inadequadas de moradia. Nos novos
países da União Europeia, 7 milhões de pessoas não têm banheira ou chuveiro em
casa. Durante o inverno, 16 milhões de europeus passam frio por não ter
recursos para aquecer suas casas.
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