segunda-feira, 11 de julho de 2011

20% são atropelados perto de passarelas



ALENCAR IZIDORO
FOLHA DE SÃO PAULO
Em 2010, 99 pedestres morreram nas rodovias de São Paulo nessas condições -22% mais que no ano anterior

Além da imprudência, falhas em conservação de estruturas também explicam desrespeito de quem se arrisca na pista

Um de cada cinco atropelamentos nas rodovias estaduais de São Paulo ocorre perto de passarelas. Só em 2010, 99 pedestres foram mortos nessas condições -22% mais que em 2009.

O mapeamento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), de um lado, mostra a imprudência das pessoas na travessia a pé.

Mas não isenta a responsabilidade do poder público -por trás do desrespeito, não são raras as falhas no planejamento, construção e manutenção de passarelas.

Às vezes, mais perigoso do que um trecho de via sem passarela é se ele tiver uma passarela ruim, que ninguém usa. Isso porque, na prática, ela transmite ao motorista a ideia de que não haverá pedestres cruzando a estrada - relaxando sua atenção.

O mapa do DER mostra que rodovias de ligação ao litoral sul estão na liderança dos atropelamentos a menos de 500 metros de passarelas.

O ponto com mais casos -13, em dois anos- foi na altura do km 67 da Imigrantes, em São Vicente. Na Padre Manoel da Nóbrega, só num trecho inferior a 13 km, entre Mongaguá e Itanhaém, houve 29 atropelamentos nessas condições em 2009 e 2010.


PROBLEMAS

"A passarela às vezes é pouco atrativa porque a pessoa tem que andar três vezes mais do que em linha reta", diz Reinaldo Fré, do DER.

O especialista Philip Gold, que já foi consultor sobre esse tema no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), ressalva: esses atropelamentos não podem levar à falsa ideia de que as passarelas têm pouca utilidade.

Ao contrário, defende ele, é preciso expandir as alternativas de travessia segura, inclusive com mais passarelas.

Nas rodovias estaduais de SP, há hoje 365 estruturas desse tipo -cinco a mais do que na metade da década. Uma passarela nova pode custar perto de R$ 1 milhão.

"Quais as condições de travessia onde os outros 80% dos pedestres morreram? Será que se houvesse passarelas lá muitos não estariam vivos hoje?", questiona Gold.

Técnicos avaliam que, ainda que haja desrespeito, a maioria dos pedestres usa as passarelas que são bem projetadas. Além de fatores educacionais e de embriaguez, a desobediência, diz, é agravada porque algumas não são "utilizáveis" -sujas, inseguras, sem luz nem cobertura.

O DER diz estar investindo na melhoria das passarelas, incluindo iluminação, e em barreiras (telas e muros) contra a travessia insegura.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

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