O Governo
Federal, além de subsidiar o preço da gasolina e a aquisição de veículo para
transporte individual, deixa bem claro que a política equivocada de incentivo
ao transporte individual continua a todo vapor. A construção de novas fábricas
de automóveis e a ampliação de outras, que já projetam para um futuro próximo
um salto na produção dos atuais 3,5 milhões para 5 milhões de veículos/ano,
sinalizam que não existe perspectiva de mudanças tão cedo na atual política de
incentivo ao uso do automóvel.
Enquanto
isso os bilhões de reais prometidos para investimentos na mobilidade urbana das
grandes e médias cidades brasileiras, só apresentam agilidade nos discursos do
governo. De verdadeiro mesmo muito pouco foi investido em projetos e obras, e
praticamente nada na estruturação da gestão local e regional dos serviços de
transporte e trânsito. O que a população
tem sentido mesmo é a qualidade de vida cada vez mais comprometida pelo
verdadeiro caos em que se transformou o trânsito em todo o país, onde os
deslocamentos cotidianos se tornaram verdadeiras "via crucis”.
O que
podemos projetar com mais segurança é que a qualidade dos serviços de
transporte público vão continuar piorando, devido principalmente à insegurança
regulatória que se instalou no País, onde os contratos de concessão dos
serviços de transporte de passageiros, mesmos os licitados recentemente, não
estão sendo cumpridos pelo poder público e o equilíbrio econômico/financeiro
garantidos até pela Constituição Federal, deixaram de ser respeitados. Assim as
empresas operadoras de transporte suspenderam a renovação da frota e a
indústria de carroceria de ônibus
apresentou uma queda de produção de 30% em 2013 comparado com 2012, cujos
reflexos serão sentidos neste e nos próximos anos, com uma frota cada vez mais
velha nas ruas.
Para se
chegar a uma solução para o grave problema que estamos enfrentando na
mobilidade urbana, torna-se indispensável investir em pesquisa e no
planejamento das ações, na elaboração de projetos que priorizem o transporte coletivo e os
modos a pé e não motorizados, na execução eficiente das obras de
infra-estrutura e finalmente estruturar uma boa gestão operacional, com
capacitação de pessoal e utilização de tecnologia para fiscalizar e monitorar o
serviço. Infelizmente o governo, em sua miopia crônica, insiste em não ver este
caminho tão simples, preferindo os discursos e as promessas de cunho
eminentemente eleitoreiros, deixando ao largo os compromissos com o
desenvolvimento, qualidade de vida e justiça social.
Carlos Batinga Chaves - Engº
Civil especialista em transportes e membro do conselho da ANTP
no Ponto de Vista da ANTP
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