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Rua para todos |
Os privilégios dos automóveis
A força da cultura automobilística é enorme. Ela cega e neutraliza as mentes e corações dos brasileiros que não observam o genocídio causado pelo trânsito que mata 100 pessoas por dia no Brasil. Ninguém se dá conta que somente 20% do espaço viário é ocupado pelos ônibus que, por culpa dos automóveis, esses ônibus que transportam 70% dos usuários das vias enquanto são obrigados a trafegar em vias congestionadas pelos próprios automóveis. Mais vias significam mais congestionamentos. Pode-se afirmar também que é um engodo ou um tiro no próprio pé, o sonho e a esperança que cada brasileiro alimenta de algum dia ter seu carro próprio e poder trafegar livremente pelas ruas das cidades.
Enquanto isso no mundo desenvolvido
Em particular na Europa, o poder público tem afinado as suas políticas ambientais e de qualidade de vida começando a reestruturar as cidades para tratar a mobilidade de forma sustentável onde a prioridade é o deslocamento de pessoas e não o deslocamento dos veículos. Essa abordagem tem como eixo estruturador a prioridade ao transporte público e ao ‘não motorizado’, restringindo a circulação dos automóveis nas áreas centrais e corredores de transporte, e igualmente fazendo uso parcial de faixas de circulação do sistema viário para destinar à circulação de pedestres além de estabelecer metas e exigências à indústria automobilística cobrando a fabricação e produção de carros pequenos que utilizem combustíveis limpos.
O Dia sem Meu Carro
Pretende questionar profundamente o paradigma da mobilidade centrado exclusivamente no automóvel e na fluidez desse modo de deslocamento. O MDT questiona às ações nefastas do automóvel no Brasil que tem sorvido muito dinheiro público financiando montadoras estrangeiras com verbas do BNDES, com incentivos à compra do “automóvel popular” estimulada por uma grande oferta de instrumentos de créditos ao consumidor, e promovendo isenções de impostos federais e estaduais atraindo montadoras que geram empregos e simultaneamente geram muitas externalidades negativas à sociedade.
O MDT acredita um dia ter os recursos públicos aplicados unicamente no transporte público e no não motorizado. Por tudo isto pode-se imaginar no futuro que tenhamos leis que regulamentem as propagandas de automóvel e exijam que ao final das peças publicitárias conste alguma inscrição como por exemplo: “Cuidado : o automóvel mata, polui e degrada a qualidade de vida”.
Saia da bolha automobilística!
Nazareno Affonso e Cristina Baddini Lucas