sábado, 6 de dezembro de 2014

MDT integra grupos do Comitê de Mobilidade sobre Política de Mobilidade Urbana, Paz no Trânsito e setor metroferroviário

Membros do Secretariado do MDT integram os três grupos criados no âmbito do Comitê de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, do Conselho Nacional das Cidades, e que atuarão, respectivamente, na divulgação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, no esforço para redução do número de vítimas no trânsito e no debate do papel da União no fortalecimento do sistema metroferroviário brasileiro.
 
A decisão de criar três grupos no Comitê de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana resultou de proposta feita pelo coordenador nacional do MDT, Nazareno Affonso. Ele apontou a necessidade de o Comitê se manifestar sobre um conjunto de temas, incluindo os três a respeito dos quais já foram estabelecidos os grupos e também outros dois temas – meio ambiente e revisão da legislação –, a respeito dos quais ficou decidido que a criação de grupos específicos aconteceria em um segundo momento. A proposta foi feita durante a43ª Reunião do Conselho Nacional das Cidades, nos dias 29, 30 e 31 de outubro de 2014.
 
Difusão da Política de Mobilidade Urbana. O coordenador nacional do MDT participa de dois dos grupos. Ao lado de Getúlio Vargas, representante da Confederação nacional das Associações de Moradores (CONAM), e de outros conselheiros, Nazareno Affonso integra o grupo encarregado da divulgação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, consubstanciada na Lei 12.587/2012, a Le de Mobilidade Urbana. Nazareno comentou: ”Estamos trabalhando com muita intensidade neste grupo dedicado estruturar uma proposta de campanha nacional com o objetivo de divulgar a Política Nacional da Mobilidade Urbana, com ênfase nos planos municipais de mobilidade. Assumimos o compromisso de apresentar uma proposta já na próxima reunião do 44ª Conselho Nacional das Cidades, marcada já para os dias 1º, 2 e 3 dezembro de 2014”.
 
Redução de mortes no trânsito. Junto com Juarez Bispo, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte, da Central Única dos Trabalhadores (CNTT-CUT), Nazareno também participa do grupo intitulado Paz no Trânsito, que tem como objetivo contribuir com políticas públicas para cumprimento das metas do programa da ONU Década de Ação para Redução de Acidentes de Trânsito – 2011/2020, cuja meta é reduzir pela metade o número de mortos no trânsito.
 
“Recentemente, foi divulgada a notícia de que dados preliminares do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que houve redução de 10% no número de mortes em ocorrência de trânsito no Brasil em 2013 em comparação com o ano anterior. Por essa notícia, o número de mortos no trânsito caiu de 44,8 para 40,5 mil. Qualquer vida preservada é, logicamente, uma boa notícia, mas o número de mortos no trânsito segue muito elevado. Por isso é preciso que o governo federal lidere a implementação de uma política vigorosa nessa matéria, convocando todos os outros entes federativos, estimulando a sociedade civil e atraindo os meios de comunicação”, disse Nazareno Affonso.
 
Ele explica que o Brasil foi um dos países que solicitaram à ONU o desencadeamento Década de Ação para Redução de Acidentes de Trânsito – 2011/2020. “O Brasil aderiu de imediato à iniciativa, mas, passados mais de três anos, não houve ações eficazes do governo brasileiro. Antes dessa recente redução do número de mortos no trânsito, cujas causas precisam ser mais bem estudas, as vítimas fatais em choques entre veículos, capotamentos, atropelamentos e outras ocorrências do tipo subiram consistentemente por três anos”. O grupo deverá produzir propostas de ação, porém suas atividades somente serão iniciadas após uma reunião com a direção do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) ainda não marcada.
 
A União e o setor metroferroviário. Outro membro do Secretariado do MDT, Emiliano Affonso, presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metro (AEAMESP) atua no grupo que vai debater o papel da União no sistema metroferroviário brasileiro, observando a Política Nacional de Mobilidade Urbana e analisando a lei de descentralização do sistema metroferroviário brasileiro e sua validade no contexto atual. O grupo deverá concluir suas atividades apresentando um produto, que será um conjunto de propostas de políticas permanentes para o setor metroferroviário brasileiro, considerando especialmente as companhias federais que atuam no setor – a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb). Também foi estabelecido um prazo para que o trabalho do grupo esteja concluído: a primeira reunião do Conselho Nacional das Cidades em 2015.
 
A decisão sobre a criação de grupos aconteceu na parte vespertina da reunião do Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana. No período da manhã, houve uma apresentação do presidente da CBTU, Fernando Barini Rodrigues Alves, sobre os investimentos que estão sendo feitos pelo PAC; a situação do orçamento de custeio e dificuldades encontradas na gestão da companhia. Ele falou também como a CBTU está se organizando para superar estas dificuldades. Houve manifestações de vários membros do Comitê de Mobilidade sobre os assuntos apresentados pela CBTU, especialmente em relação a problemas de segurança, pessoal, qualidade do serviço prestado, falta de integração modal, qualificação profissional, renovação da CBTU.
 
Mais dinamismo. Durante as sessões da 42ª Reunião do Conselho Nacional das Cidades, membros do MDT defenderam que o órgão colegiado estipulasse sistemáticas que garantam mais dinamismo ao trabalho e mais agilidade na organização e comunicação aos conselheiros das deliberações e encaminhamentos. Também defenderam maior participação da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana (SeMob) em apoio às atividades do Conselho e de seus Comitês Técnicos. A ideia da maioria dos membros do Comitê de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana é que seja estabelecido um modo de operar que permita aos conselheiros saber como estão caminhando as resoluções que aprovadas e sua efetividade.
 

Movimentos populares se organizam para questionar aumento de ônibus


Os movimentos sociais do ABCD começam a se articular para tentar barrar o aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô no ABCD e na Grande São Paulo, previsto para janeiro de 2015. Na pauta do encontro, marcado para domingo (07/12), na Apeoesp de Santo André, está a organização de protestos contra o reajuste tarifário.

O reajuste deve ser anunciado em janeiro nas sete cidades da Região. O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), disse é que preciso achar "equação" para que ninguém tenha prejuízos e admite que nos últimos anos as empresas de transportes tiveram aumentos nos custos, que precisam ser discutidos. "A Região Metropolitana está discutindo este aumento porque é preciso achar uma equação. Não tenho problemas em discutir este assunto e estamos abertos ao diálogo", avaliou Grana.

Em São Bernardo, o prefeito Luiz Marinho anunciou que o aumento é contratual e feito em dois anos, sendo que no último não houve reajuste. A expectativa é que em toda a Região Metropolitana o reajuste varie entre R$ 3,40 e R$ 3,50. Os prefeitos da Região Metropolitana já iniciam o debate sobre a tarifa e a ideia seria um aumento que unifique o valor nas 39 cidades da Grande São Paulo. O Metrô e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), comandados pelo governo do Estado, devem seguir o mesmo preço.

O representante do MPL (Movimento Passe Livre) no ABCD Albert Araucária afirmou que é importante unir forças para tentar impedir que o usuário do transporte pague pelo aumento, além de conseguir a abertura das contas e contratos de concessão do transporte público. "Vamos iniciar este debate de mobilização. Será um grande retrocesso aumentar a tarifa e o usuário ter que arcar com este custo", avaliou Araucária.

Será o primeiro reajuste depois das manifestação de junho de 2013, quando o aumento da tarifa para R$ 3,20 desencadeou protestos pelas principais cidades do Brasil. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e os prefeitos da Região Metropolitana revogaram o aumento das tarifas, aumentando o subsídio aos empresários, o que, pelo menos a princípio, está descartado na negociação atual.

Capitais brasileiras buscam auxílio global para reduzir mortes no trânsito

O que Salvador, São Paulo, Fortaleza e Rio têm em comum? Um potencial enorme para salvar vidas. É o que aBloomberg Philantropies acredita. As quatro capitais estão no radar da organização filantrópica que desenvolve iniciativas para evitar mortes e acidentes graves no trânsito. Atualmente, a cada ano, mais de um milhão de pessoas morrem e outras 20 milhões são gravemente feridas nas cidades em colisões e atropelamentos. Se medidas urgentes não forem tomadas, como a redução da velocidade e o aperfeiçoamento do ambiente viário, esta deverá ser a sétima principal causa de óbitos até 2030.
Sistemas de transporte bem projetados podem ajudar a salvar vidas nas cidades. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)
As quatro metrópoles brasileiras estão concorrendo a 10 bolsas internacionais que a instituição irá conceder para incentivar medidas de mitigação de acidentes graves a municípios de baixa e média renda, com população acima de 2 milhões de habitantes. O investimento faz parte do Programa Global de Segurança Viária, que destinará, no total, US$ 125 milhões (R$ 315 milhões) em ações para os próximos cinco anos.
Em novembro, Adam Karpati, comissário-executivo adjunto do Departamento de Saúde de Nova York e representante da Bloomberg Philanthropies, esteve nestas capitais acompanhado pelo diretor-presidente da EMBARQ Brasil, Luis Antonio Lindau, e Rejane D. Fernandes, diretora de Relações Estratégicas & Desenvolvimento, convidando-as a participar do programa. Desde 2010, a EMBARQ Brasil desenvolve ações junto a cidades brasileiras para incrementar a infraestrutura de segurança em projetos de transporte com financiamento da Bloomberg Philantropies.
Capitais como Belo Horizonte, Rio, Curitiba e Brasília já passaram por Auditorias de Segurança Viária realizadas pela EMBARQ Brasil com apoio financeiro da instituição norte-americana. “Ajudamos as cidades a repensar seus projetos de transporte a partir da ótica do pedestre. Nosso trabalho busca garantir, em última instância, que você, eu, nossos filhos se desloquem com mais dinamismo e segurança nas cidades”, explica Rejane.
Pedestres são os agentes mais vulneráveis no trânsito. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)
O grupo esteve com os prefeitos ACM Neto, em Salvador, e Fernando Haddad, em São Paulo, bem como com representantes municipais de Fortaleza e Rio de Janeiro. As cidades têm seis semanas para submeter as propostas, onde devem detalhar como pretendem atuar sobre a questão de modo a abarcar uma série de medidas incluindo fiscalização, legislação, intervenções de segurança viária nas vias e a segurança do transporte coletivo.
"O fundo será destinado às cidades onde podemos fazer a maior diferença, ou seja, que mostrarem o compromisso mais forte para agir, e que têm as melhores ideias para tornar suas vias mais seguras. E nós vamos ajudar essas cidades a trabalhar juntas para compartilhar estratégias efetivas – para que ainda mais vidas sejam salvas”, declarou Michael Bloomberg ao anunciar o novo aporte de investimento em setembro deste ano.
O programa terá atuação tanto em nível nacional, no intuito de fortalecer a legislação de trânsito, quanto em nível municipal, implementando intervenções de segurança viária já bem sucedidas em outras partes do globo. “Em Salvador não falta vontade e decisão política e a segurança viária é pauta prioritária desta administração”, assegurou ACM Neto durante a reunião na capital baiana.
Grupo reunido em Salvador. (Foto: Mariana Gil/EMBARQ Brasil)
As propostas submetidas pelas cidades devem detalhar como pretendem atuar para solucionar uma série de desafios, incluindo a melhoria da segurança a pedestres e ciclistas, reforço de leis contra bebida e direção, assim como incentivo ao uso de capacete a motociclistas e cintos de segurança. A infraestrutura viária e o desenho das vias deve ser direcionado a opções alternativas e coletivas de mobilidade, que oferecem mais segurança a todos.
As cidades selecionadas serão anunciadas em janeiro de 2015 e irão receber auxílio de uma equipe sênior para atuar em tempo integral com os governos da cidade nas suas iniciativas por pelo menos cinco anos; assistência técnica de organizações mundiais líderes no assunto; treinamento para policiais e outros profissionais do município; e apoio para a criação de campanhas de conscientização.

Mudanças que salvam

Em 2010, quando iniciou o Programa Global de Segurança Viária, a Bloomberg Philanthropies destinou US$ 125 milhões em financiamento para 10 países que representam metade das mortes no trânsito em todo o mundo: Brasil, Camboja, China, Egito, Índia, Quênia, México, Rússia, Turquia e Vietnã. Desde então, mais de 1,8 bilhão de pessoas foram impactadas por leis de segurança viária mais rigorosas, 65 milhões foram impactas por campanhas de conscientização e cerca de 30 mil profissionais foram treinados em táticas de segurança viária. Além disso, governos locais se comprometeram com US$ 225 milhões para melhorias na infraestrutura viária para tornar suas vias mais seguras.
Todos esses países passaram da legislação a penas mais severas contra a mistura de bebida e direção, implementaram a obrigatoriedade do cinto de segurança e do capacete para motociclistas e aplicaram leis de redução de velocidade. A China criminalizou o ato de beber e dirigir em 2011 e, no Vietnã, foram estabelecidas penalidades para os motociclistas que usam capacetes fora do padrão de segurança, desde 2013.
As intervenções tiveram consequências positivas notáveis. Em 2011, somente 34% dos ciclistas em Ha Nam, no Vietnã, usavam capacetes, ao passo que hoje 76% deles usam. Em Thika, no Quênia, 68% dos motoristas excediam o limite de velocidade permitida. Hoje esse número caiu para 2%. Em Afyon, Turquia, a utilização do cinto de segurança aumentou substancialmente, de apenas 4% em 2010 para 43% em 2014.
No Brasil, além da execução de Auditorias de Segurança Viária em corredores de ônibus e BRT, a lei contra alcoolemia e direção se tornou mais rigorosa e limites de velocidade baixaram em alguns pontos de importantes capitais, como Rio de Janeiro.
Aqui & Agora – Edição 14 – Novembro de 2014