sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Voto sustentável


             

Filas intermináveis de carros parados no trânsito soltando muita fumaça, motoristas e passageiros (quando há), impacientes. No mesmo cenário, ônibus, metrôs e trens lotados e usuários desesperados para entrarem nas conduções e, quem sabe, poder chegar a tempo aos seus destinos.

O principal desafio das Regiões Metropolitanas hoje é a questão da mobilidade. A impressão que dá é que nada funciona, não é mesmo? A crise do automóvel chegou ao limite. O uso excessivo do carro está causando um mal tremendo não só aos que usam carros, mas a todos os cidadãos. Precisamos encontrar soluções mais sustentáveis para a nossa locomoção nas cidades.

Atualmente, o Brasil possui uma frota nacional superior a 50 milhões de veículos e esse número continua crescendo. Para piorar a situação, os serviços de transporte público oferecidos, raramente satisfazem plenamente as necessidades dos usuários. Este cenário formado pelo consumo excessivo do transporte individual em detrimento do coletivo, já mostra seus impactos ambientais, sociais e financeiros na vida dos brasileiros.

Algumas medidas que deveriam se constituir em políticas públicas dos próximos governos com vistas à viabilizar a urgente mobilidade sustentável nas cidades:

- Priorizar o transporte coletivo sobre o individual, ou seja, investir na expansão das linhas de trem, metrô e ônibus, destinando os espaços viários ao atendimento dos usuários e oferecendo rapidez e conforto, definindo corredores, faixas exclusivas e áreas destinadas à integração ao metrô e trens;

- Integrar metrôs, ferrovias e ônibus todos com acessibilidade para pessoas com deficiência e estes com as bicicletas e calçadas acessíveis;

- Desestimular o consumo do carro com medidas de restrição à circulação e estacionamento de automóveis em vias públicas;

- Assumir um compromisso público para que o dinheiro recolhido com as multas de trânsito seja aplicado na fiscalização, educação, reforma de calçadas, criação de ciclovias e qualificação e implantação de novos dos corredores de ônibus

- Estimular o consumo de meios não motorizados construindo faixas exclusivas para bicicletas e outros meios não poluentes ao mesmo tempo oferecer  o serviço de bicicletas públicas e educação para o ciclista e para ao motorista respeitar o ciclista;

- Garantir autonomia econômica às diversas regiões da cidade multiplicando e descentralizando as atividades econômicas e espaços de lazer ao longo do perímetro urbano, reduzindo as necessidades de longos deslocamentos de casa para o trabalho, ou de casa para a escola;

- Regular os estacionamentos de automóveis com taxas progressivamente mais altas segundo a proximidade aos grandes centros urbanos e, com esses recursos, criar um fundo público para aplicação dos recursos  em obras de transportes públicos, calçadas e ciclovias;

- Implantar a bilhetagem eletrônica temporal (“bilhete único”), onde o usuário poderá utilizar o transporte público por 1 ou 2 horas, garantindo cidadania e redução de custo;

- Destacar transporte e trânsito como elementos da questão ambiental incorporando novas abordagens para orientar as intervenções no ambiente urbano, considerando a qualidade do espaço e do ar, respeitando a permeabilidade do solo e a densidade da cobertura vegetal além da poluição sonora.

- Garantir  lugares públicos de convivência  como praças, parques e jardins recuperados e  em número e dimensão em relação aos espaços destinados ao tráfego de veículos produzindo uma mudança na atual cultura de utilização do automóvel e maior respeito às leis de circulação.

- Manter as condições das calçadas, principalmente  nos pontos de ônibus. Nem sempre o passeio é adequado para o embarque e desembarque: desníveis, buracos, grande diferença entre a altura do passeio e a altura do degrau do ônibus são apenas alguns dos exemplos das dificuldades que podem surgir para um idoso, uma pessoa que utiliza bengala / muletas ou mesmo um cadeirante

- Trabalhar por  uma cidade ecológica, envolvida e respeitosa com os objetivos globais de redução da emissão de gases nocivos e com a redução do impacto sobre a atmosfera e mudança do clima global.

- Lutar por uma cidade segura, onde se reduza progressivamente o número de mortes e de  feridos no trânsito, protegendo a caminhada das pessoas e os modos não motorizados.

Enfim, chegou a hora de escolher candidatas e candidatos que tenham um plano claro e contínuo para combater a crise da mobilidade que estamos vivendo, com o compromisso de que sejam elaborados e implantados os Planos de Mobilidade como recomenda a Lei da Mobilidade.

Boa eleição e boa escolha! 

Cristina Baddini Lucas