terça-feira, 29 de junho de 2010

Gastos com transportes equivalem aos de alimentação, segundo pesquisa do IBGE


Fonte:
Valor Online
24/6/2010

Os brasileiros já gastam tanto com transporte quanto com alimentação, uma situação até então inédita no país. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada  pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o gasto médio com alimentação no país é de R$ 421,72, ou 16,1% dos gastos totais (R$ 2.626,31), enquanto o custo do transporte no orçamento familiar atingiu R$ 419,19, ou 16% do total.

A coordenadora da POF, Márcia Quintslr, diz que uma menor pressão de preços dos alimentos pode ter levado a uma equalização inédita com os gastos com transporte.

O pesquisador do IBGE, Edilson Nascimento, observa que aumentou, nos últimos anos, o acesso aos serviços de transporte, o que, aliado à ampliação da renda, contribui para os gastos mais elevados com deslocamento, inclusive com a compra de veículos.

"A ampliação da renda permite a compra de bens automotivos. Os aumentos de preços do combustível também mudaram o perfil de gastos", destacou Nascimento.

A POF mostra ainda que, quanto maior o rendimento médio, mais alto o percentual destinado aos transportes e menor a fatia de renda comprometida com alimentação. Entre as famílias com ganho mensal de até R$ 830, as despesas com alimentação representaram 27,8% do total de gastos, ante 8,5% para os domicílios com rendimento superior a R$ 10.375.

No caso do transporte, as famílias com rendimento menor destinaram 9,7% para o deslocamento, percentual que sobe para 17,7% nos estratos de maior rendimento.

O maior gasto médio das famílias continuou, no entanto, com o grupo habitação, que respondeu por R$ 765,89, ou 29,2% do total. O aluguel respondeu por 12,8%, seguido por serviços e taxas, com 7%; eletrodomésticos, com 2,1%; e mobiliários e artigos do lar, com 1,8%.


Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT

Lideranças contestam declaração de Goldman


A posição do governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), sobre a exclusão do Rio de Janeiro no trajeto do trem de alta velocidade (TAV) entre Campinas, São Paulo e a capital fluminense foi contestada ontem por institutos de pesquisa, órgãos do governo federal, representantes das prefeituras de Campinas e São José dos Campos e por políticos da região. Todos se manifestaram favoráveis ao trajeto original do projeto do governo federal e reforçaram a necessidade de criação de um novo modal de transporte de passageiros e cargas entre as regiões paulistas e os estados.

Sem entrar na discussão política que possa rondar a implantação do projeto, a Prefeitura de Campinas escalou o secretário municipal de Urbanismo, Hélio Carlos Jarretta, para confirmar a demanda e a viabilidade econômico-financeira do TAV. “A implantação desse projeto é fundamental para o País, porque vivemos uma situação urbanística de pré-existência de uma megalópole, que é a junção de grandes metrópoles, justamente as que estão no trecho do TAV. Isso vai permitir maior mobilidade das pessoas e gerar a inversão mobiliária, que é o cidadão morar em São Paulo e poder trabalhar no Rio ou em qualquer cidade do trecho”, disse.

Jarretta disse que não há dúvidas quanto à viabilidade econômico-financeira do projeto. “O modal (férreo) é ancorado na viabilidade econômico-financeira. Além disso, agrega desenvolvimento imobiliário, geração de riquezas e cria oportunidades infinitas” disse.

“A ligação completa do projeto é importante, mesmo considerando as demandas que cada região possa ter. Além disso, nós desconhecemos qualquer outro projeto ou estudo que possa contemplar um transporte de massa entre as regiões e os estados”, disse Felício Ramuth, assessor especial do prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB).

O superintendente executivo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Hélio Mauro França, recorreu aos estudos de demanda e viabilidade econômico-financeira do TAV para confirmar a necessidade do projeto. “Se o TAV já existisse em 2008, teria transportado ao menos 17 milhões de passageiros. Com as projeções que constam do estudo, em 2014 poderão ser 32 milhões de pessoas e 99,3 milhões de pessoas em 2044”, disse. “Já com relação à viabilidade financeira do projeto, o interesse de países como Japão, China, França, Espanha, Coreia do Sul mostra o potencial do TAV”, afirmou.

O Comitê Brasileiro de Túneis (CTB) escalou seu vice-presidente, Hugo Rocha, para defender o projeto. “O TAV é uma ‘isca’ para o desenvolvimento. Independentemente da discussão da demanda, é de fundamental importância trazer o TAV para o Brasil, para o desenvolvimento brasileiro. É importante para Campinas, São Paulo, São José dos Campos e para o Rio de Janeiro. Depois disso, o próximo passo é expandir para outras regiões do País, Sul, Sudeste, Centro-Oeste”, disse, descartando a possibilidade de comentar as declarações do governador. “Isso é mais uma decisão política. Não posso dar opinião sobre isso.”

Declaração - Procurado ontem para comentar a polêmica em torno das declarações, o governador Alberto Goldman reafirmou, por meio de sua assessoria, a posição dada durante entrevista ao Correio. Em visita ao Grupo RAC, anteontem, o tucano defendeu um novo projeto de ligação férrea entre Campinas, São Paulo e São José dos Campos, e condenou a ligação do TAV até o Rio. “O trecho (São Paulo até o Rio de Janeiro) é uma invenção, sonho de uma noite de Verão, de alguém que estava dormindo muito bem, acordou e teve essa ideia”, disse, em referência às viabilidades de demanda e econômico-financeira do projeto.

Goldman, que já comandou o Ministério dos Transportes (1992-1993) no governo do ex-presidente Itamar Franco (então PMDB, hoje PPS), dando início à duplicação das rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt — duas das que mais registram acidentes com mortes, segundo as estatísticas —, disse que com os recursos a serem destinados ao projeto — R$ 34,6 bilhões — poderia implantar um transporte de massa entre Campinas e São Paulo, além de metrô nas cidades que compõem essas regiões metropolitanas. Um estudo em andamento na Secretaria de Transportes Metropolitanos pretende implantar o prolongamento das linhas férreas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até Campinas, com velocidade maior à desempenhada na Capital paulista.

Tucano atua por novo aeroporto em SP - O governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), pretende enviar ao Ministério da Defesa nos próximos dias solicitação para a concessão de um terceiro aeroporto na Região Metropolitana de São Paulo. Ontem, o governador antecipou que já dispõe de um estudo completo para a construção da nova estrutura e avaliou a alternativa como a única forma de solucionar o caos do setor aéreo brasileiro. “O estudo está pronto e sabemos onde construir um novo aeroporto nas imediações da Capital”, assegurou Goldman. “A situação está um caos generalizado, sem nenhuma perspectiva em curto prazo. Para solucionar esse gargalo, é importante a construção de um novo aeroporto.” (Da Agência Estado)


Os deputados da região apoiam a ligação com o Rio de Janeiro. Para o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), de Americana, a obra é “importantíssima”. “O trem de alta velocidade é importante para o Brasil. Todos os países da Europa e da Ásia têm esse tipo de transporte e o Brasil precisa entrar nessa área”, disse o tucano, destacando a prioridade onde concentra-se a maior demanda, de 60%, entre Campinas, São Paulo e São José dos Campos, conforme o estudo de viabilidade já apresentado pelo governo federal. Macris é presidente de uma subcomissão especial na Câmara dos Deputados para acompanhar a implementação do TAV e já fez visitas técnicas aos sistemas de trens expressos da França, Coreia e China.

Para o deputado estadual e vice-líder do governo na Assembleia Legislativa, Jonas Donizette (PSB), de Campinas, “o projeto é mais que viável, é importantíssimo para Campinas”. “Por causa disso, inclusive, eu e o deputado Davia Zaia (PPS, também de Campinas) vamos propor uma discussão em agosto sobre o TAV, na Assembleia. A intenção é trazer autoridades dos governos estadual e federal para discutir o projeto e apontar os benefícios que ele poderá gerar”, disse, apontando a prioridade do projeto para a ligação entre Campinas e São Paulo. Na Assembleia, o deputado é presidente da Frente Parlamentar Pró-Viracopos, que também tem como bandeira a implantação do TAV como alternativa modal de transporte.

Os números do TAV - 511 quilômetros no trajeto Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro; R$ 34,6 bilhões é o custo orçado para execução do projeto; demanda de 17 milhões de passageiros em 2008, 32 milhões em 2014 e 99,3 milhões de usuários em 2044; receita tarifária de R$ 2,3 bilhões em 2014 e de R$ 8,2 bilhões em 2044; despesas operacionais de R$ 380 milhões em 2014 e de R$ 890 milhões em 2044; taxa de retorno para acionistas de 9,1% e de 5,7% ao projeto.

Matéria publicada no jornal Correio Popular em 26/06/2010

Fonte: Correio Popular

Cristina Baddini Lucas- Assessora do MDT