quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Perdemos Zézeu Ribeiro.

O MDT PERDEU UM GRANDE  MILITANTE DA REFORMA URBANA NO BRASIL, 
URBANISTA E UMA PESSOA INCRÍVEL  ZEZEU RIBEIRO. 

ZEZÉU SERÁ SEMPRE 
UM ÍCONE PARA NOS ESPELHARMOS PARA 
CONSTRUIR CIDADES JUSTAS , DEMOCRÁTICAS E FELIZES.

DEIXARÁ GRANDE SAUDADE AMIGO E MILITANTE QUERIDO !!!

Nossos sentimentos e condolências a todos os amigos (as) e familiares.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Paz no trânsito das cidades depende de cada um. Boas dicas!


desafios nem provocações
4. Manter o veiculo sempre em boas condições de uso
5. Prever as possibilidades de acidentes e ser capaz de evitá-los
6. Estar capacitado para decidir com rapidez
7. Conhecer o veiculo que está dirigindo e saber como comandá-lo
8. Não dirigir cansado, sob efeito de drogas ou álcool
9. "Ver e ser visto"
10. Não Abusar da alto confiança

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Expulsando os pedestres da rua

FonteO Ciclista Capixada  |  AutorRafael Darrouy*
Pedestre atravessando no que lhe restou da rua
Pedestre atravessando no que lhe restou da rua
créditos: Spencer Platt / Getty Images

Muitos podem não saber, mas a indústria automobilística atua nos bastidores do poder e da mídia para impor costumes e leis que beneficiam seu produto. Foi assim que ela acabou com os bondes elétricos que faziam o transporte público de diversas cidades ao comprar as empresas e sucatea-las, introduzindo os ônibus barulhentos, desconfortáveis e poluidores. Tudo para vender automóveis aos, outrora, felizes passageiros do transporte público.

Também, foi assim que as ruas passaram a ser de uso exclusivo dos veículos motorizados, expulsando os pedestres, as crianças e o comércio para as calçadas. O texto abaixo, publicado originalmente no portal estadunidense VOX e traduzido pelo Ciclista Capixaba explica bem como, na década de 1920, os pedestres foram proibidos de atravessar as ruas.

Como a indústria automobilística criminalizou os pedestres que atravessam fora da faixa
Há 100 anos, se você fosse um pedestre, atravessar a rua era simples: bastava cruzá-la em qualquer ponto. Hoje, se há tráfego na área e você pretende seguir a lei, é necessário encontrar uma faixa de pedestres. E se há um semáforo, você precisa esperar ele fechar para os automóveis.

Deixe de fazê-lo, e você estará cometendo uma infração de trânsito. Em algumas cidades – Los Angeles, por exemplo – dezenas de milhares de multas são aplicadas a pedestres que atravessam fora da faixa.

Para a maioria das pessoas, isso parece parte da natureza básica das ruas. Mas na verdade é o resultado de uma agressiva campanha liderada pela indústria automobilística que redefiniram os donos das ruas das cidades nos anos 1920.

“Nos primeiros dias do automóvel, era trabalho dos motoristas evitar os pedestres, e não o contrário”, diz Peter Norton, historiador da Universidade de Virginia e autor de Fighting Traffic: The Dawn of the Motor Age in the American City. “Mas sob o novo modelo, as ruas se tornaram um lugar para carros – e como um pedestre, a culpa é sua, caso seja atropelado”.

Uma das chaves para essa mudança foi a criação do crime de “jaywalking” (atravessar a rua fora da faixa). Aqui está uma história de como isso aconteceu.

Quando ruas da cidade eram um espaço público
Ruas sendo utilizadas por todos

É difícil de imaginar, mas antes da década de 1920, as ruas das cidades eram muito diferentes do que são hoje. Elas eram consideradas espaços públicos: um lugar para os pedestres, vendedores de carrocinha, veículos puxados por cavalos, bondes e crianças a brincar.

“Os pedestres andavam nas ruas em qualquer lugar que quisessem, quando quisessem, geralmente sem olhar”, diz Norton. Durante a década de 1910, havia poucas faixas de pedestres pintadas na rua, e elas geralmente eram ignoradas.

Quando os carros começaram a se espalhar amplamente durante os anos 1920, a consequência disso era previsível: a morte. Durante as primeiras décadas do século, o número de pessoas mortas por carros disparou. 
Aumento do número de óbitos causados por automóveis nos Estados UnidosOs mortos eram, principalmente, os pedestres – não motoristas – e majoritariamente idosos e crianças, que antes tinham as ruas livres para passear e brincar.

A resposta do público a essas mortes foi, é claro, negativa. Veículos eram muitas vezes vistos como brinquedos, semelhante à maneira como pensamos em iates hoje (muitas vezes eles foram chamados de “carros de prazer”). E nas ruas, eles foram considerados intrusos violentos.

Cidades ergueram monumentos para as crianças mortas em acidentes de trânsito e jornais cobriram as mortes no trânsito em detalhes, geralmente culpando os motoristas. Cartunistas demonizavam os carros, muitas vezes associando-os com “a morte”.

Charge no jornal, carro passando por cima de tudo

Antes das leis formais de tráfego serem colocadas em prática, os juízes normalmente decidiam que em qualquer colisão, o veículo maior – ou seja, o carro – era o culpado. Motoristas foram acusados de homicídio culposo, independentemente das circunstâncias do acidente.

Como os carros tomaram as ruas
Automóveis dominando as ruas da cidade

Com o elevado número de mortes, ativistas anticarro se mobilizaram para diminuir a velocidade dos automóveis. Em 1920, a Illustrated World publicou: “todos os carros deveriam ser equipados com um dispositivo que limitaria a velocidade de acordo com as regras da cidade onde o proprietário vive.”

A virada veio em 1923, diz Norton, quando 42.000 residentes de Cincinnati assinaram uma petição que exigia que todos os carros tivessem um dispositivo que limitasse-os a 25 km por hora. As concessionárias locais ficaram aterrorizadas e entraram em ação, enviaram cartas para cada proprietário de carro na cidade para que votassem contra a medida.

Vote não!

A medida falhou. Alertando grupos automobilísticos por todo o país para o risco de diminuição do potencial de vendas de automóveis. Em resposta, as montadoras, distribuidores e grupos de entusiastas trabalharam para redefinir legalmente a rua – para que os pedestres, em vez dos carros, tivessem a circulação restringida.

A ideia de que os pedestres não deveriam ser autorizados a caminhar por onde quisessem já havia sido pensada em 1912, quando a cidade de Kansas publicou a primeira portaria obrigando-os a atravessar ruas na faixa de pedestres. Mas foi em meados dos anos vinte que a indústria automobilística assumiu a campanha com vigor, conseguindo a aprovação das mesmas leis por outras cidades do país.

As montadoras assumiram o controle de uma série de reuniões convocadas por Herbert Hoover (então secretário de Comércio) para criar uma lei de trânsito modelo que poderia ser usada por várias cidades do país. Devido à sua influência, o produto dessas reuniões – Modelo municipal de trânsito de 1928 – foi amplamente baseado nas leis de trânsito de Los Angeles, que havia decretado rígidos controles para pedestres em 1925.

“O mais importante sobre este modelo, foi dizer que os pedestres cruzariam apenas em faixas de pedestres, e apenas em ângulos retos”, diz Norton. “Essencialmente, esta é a lei de trânsito que ainda estamos vivendo hoje.”

A vergonha do “Jaywalking” (atravessar a rua em qualquer lugar)
Material da campanha para que pedestres não atravessem fora da faixa

Mesmo após a aprovação dessas leis, os grupos da indústria automobilística ainda enfrentavam um problema: na cidade de Kansas e em outros lugares, ninguém estava seguindo as regras. As leis raramente eram aplicadas pela polícia ou juízes. Para resolver esta questão, a indústria assumiu várias estratégias.

Uma delas foi a tentativa de moldar a cobertura de notícias de acidentes de carro. A Câmara Nacional de Comércio de Automóvel, um grupo da indústria, criou uma agência de notícias livre dos jornais: repórteres poderiam enviar os detalhes básicos de um acidente de trânsito, e obteriam em troca um artigo completo para imprimir no dia seguinte. Estes artigos, impressos amplamente, colocavam a culpa pelos acidentes nos pedestres – sinalizando que seguir as novas leis era importante.

Da mesma forma, a Associação Americana de Automóveis (AAA) começou a patrocinar campanhas de segurança escolar e concursos de cartazes, criados em torno da importância de ficar fora das ruas. Algumas das campanhas também ridicularizavam crianças que não seguiam as regras. Em 1925, por exemplo, centenas de crianças em idade escolar de Detroit assistiram o “julgamento” de uma criança de doze anos de idade, que tinha atravessado a rua sem segurança, e foi condenada a limpar quadros-negros por uma semana.

Não seja um palhaço, atravesse na faixa

Os “auto ativistas” pressionaram a polícia a fazer com que os transgressores fossem ridicularizados através de assobios e gritos – e até mesmo levando as mulheres de volta para a calçada – em vez de calmamente repreender ou multar. Eles realizaram campanhas de segurança no qual atores vestidos com trajes do século 19, ou como palhaços, foram contratados para atravessar a rua de forma ilegal, o que significa que a prática estava ultrapassada e era tola. Em uma campanha realizada em 1924 em Nova Iorque, um palhaço marchou na frente de um Modelo T que o atingia repetidamente.

Esta estratégia também explica o nome que foi dado para o ato de cruzar ilegalmente a rua a pé: “jaywalking”. Naquela época, a palavra “jay” significava algo como “caipira” – uma pessoa que não sabia como se comportar em uma cidade. Assim, os grupos pró-auto promoveram o uso da palavra “jay walker” como alguém que não sabia como andar em uma cidade, ameaçando a segurança pública.

“A campanha foi extremamente bem sucedida”, diz Norton. “Ela mudou totalmente a mensagem sobre para que as ruas servem”.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Conforto é prioridade para usuários de transporte público


Mobilidade urbana é só transporte e trânsito? O que é uma boa qualidade no deslocamento da população? O que se entende por uma cidade bem conservada e com o trânsito fluindo? Perguntas que refletem um dos maiores desafios das grandes metrópoles: oferecer um transporte público de qualidade, que atenda às reais necessidades da população. Com o objetivo de identificar o que se entende por qualidade dos serviços de mobilidade, O Rio Como Vamos (RCV) elaborou um amplo estudo sobre a questão, em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento.
Numa pesquisa de percepção, que entrevistou 2.300 moradores do Rio em junho de 2014, os ônibus surgem como meio de transporte utilizado por 51% dos moradores. O uso dos demais meios varia de acordo com o local de moradia e com a oferta de transporte público. O metrô é mais procurado pelos moradores da Área de Planejamento 2 (22%), que engloba a Zona Sul e regiões como Tijuca e Vila Isabel. O trem (9%) e as vans (8%) são mais demandados pela população da Zona Oeste. Ainda se destaca o percentual de pessoas que anda a pé na região Central (19%) e na Zona Sul (14%) e a parcela de moradores que usa um veículo particular como meio de transporte (34%), em Barra e Jacarepaguá.
Segundo o levantamento, usuários de ônibus e de trem dão mais importância ao conforto (64%) e à segurança (55%) do que à questão da tarifa. Os entrevistados também apontaram a manutenção, o bom atendimento dos funcionários e o tempo, antes e durante a viagem, como fatores relevantes. Comparativamente, quem anda de metrô deu maior ênfase à segurança (68%) e à tarifa (53%), enquanto que os passageiros da barca priorizam a tarifa (74%), a previsibilidade (59%) e a acessibilidade (47%).
Os modais ônibus, trem e metrô têm em comum custo adequado, tempo de viagem proporcional ao percurso realizado, limite de lotação para evitar desconforto, investimento na melhoria de equipamentos como ar-condicionado, câmeras de segurança e sistema de som, além de desconto na integração com outros meios de transporte. Quando se inclui as barcas, os principais itens passam a ser a passagem com custo adequado, o tempo de viagem e o desconto na integração.
Perguntados sobre o que seria um bom profissional de trânsito (motoristas e guardas de trânsito), os entrevistados destacaram três temas principais: a preocupação com a segurança dos passageiros (57%), a paciência e a presteza no atendimento a idosos e portadores de necessidades especiais (55%) e a competência para exercer sua função (49%). Os entrevistados apontam, ainda, a importância de se ter mais policiais e guardas municipais nas ruas (67%) e a punição devida aos criminosos (46%) como fatores fundamentais para um deslocamento mais tranquilo.
A questão da segurança também está relacionada à conservação das ruas e calçadas. Além da insatisfação com buracos e a qualidade do asfalto, a ausência de rampas de acesso para deficientes e a sinalização inadequada são vistos pelos moradores do Rio como fatores diretamente vinculados ao tema.
Para melhorar a qualidade do trânsito, os entrevistados sugeriram o aumento da fiscalização e a aplicação de leis mais severas, acompanhadas por campanhas educativas para motoristas, usuários e pedestres, uma vez que cada ator envolvido tem sua parcela da responsabilidade.

A análise do RCV considerou o levantamento de experiências nacionais e internacionais - Europa, EUA, Canadá e Colômbia -, além da pesquisa de percepção. A conclusão do documento é de que existe informação ampla e qualificada sobre o tema, tanto na esfera pública (governo e órgão regulador), quanto privada (consórcios).
O Globo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

IHU On-Line entrevista Eduardo Vasconcelos sobre a força política dos apoiadores do automóvel

“É possível assegurar um transporte eficaz e de qualidade, mas não é possível fazer isto a baixo custo, pois a mobilização de infraestrutura, veículos e trabalhadores para o sistema de transporte não é barata”, diz o engenheiro Eduardo Vasconcellos.
A opção brasileira de seguir o padrão de mobilidade urbana norte-americano, baseado em um “modelo rodoviarista, que levou à desativação paulatina do sistema ferroviário e à construção de uma grande rede de rodovias”, ainda nos anos 1930, é uma das razões que contribuíram para o caos evidenciado no trânsito das metrópoles do país, pouco mais de 80 anos depois.
De acordo com Eduardo Vasconcellos, “a instalação da indústria automobilística na década de 1950 completou o conjunto de decisões estruturais. Àquela época não existia a preocupação com o espalhamento das cidades e a geração de congestionamentos, o que só veio a ocorrer nos EUA na década de 1950”.
Segundo ele, apesar de o Brasil ter um “sistema de regulamentação de transporte público” com “vantagens de organizar serviços legalizados, em que os veículos são submetidos a requisitos de qualidade e os trabalhadores têm seus direitos respeitados (o que não ocorre, por exemplo, na maioria dos países latino-americanos) (…), a rigidez dos contratos muitas vezes impede o governo de propor alterações relevantes para os usuários, pois isto acarretaria mais custos que não são cobertos pela tarifa”.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, o engenheiro assinala que os principais problemas relacionados à mobilidade podem ser resumidos em três aspectos: “a mobilidade precária das pessoas que precisam caminhar e usam o transporte público; o alto índice de acidentes; a grande emissão de poluentes”. Nesse sentido, as melhorias na área perpassam pela “redistribuição de empregos e atividades de forma que as pessoas tivessem de percorrer distâncias menores que as atuais, economizando tempo, dinheiro e energia”. Contudo, dispara: “Seguindo a tendência atual, aumentará o uso do automóvel e da motocicleta e diminuirá o uso do transporte público”.
Eduardo Vasconcellos é engenheiro civil e sociólogo. Fez mestrado e doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo – USP e pós-doutorado em Planejamento de Transporte nos Países em Desenvolvimento na Cornell University, nos EUA. É assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP e diretor do Instituto Movimento, de São Paulo, dedicado a estudos de mobilidade.
Confira a entrevista:
IHU On-Line - Quais são as principais transformações na mobilidade das cidades brasileiras desde os anos 1950 para cá?
Eduardo Vasconcellos - A maior transformação aconteceu na forma de um grande aumento dos deslocamentos diários, relacionado ao aumento da população urbana, e no aumento do uso de modos motorizados de transporte.
IHU On-Line – Quais são os principais problemas das metrópoles em termos de mobilidade? Quando se apontam soluções para a questão, que diretrizes devem ser fundamentais?
Eduardo Vasconcellos - Os principais problemas são: a mobilidade precária das pessoas que precisam caminhar e usam o transporte público; o alto índice de acidentes; a grande emissão de poluentes. Em relação às diretrizes, as mais importantes são a equidade na distribuição das oportunidades de mobilidade e o respeito ao meio ambiente.
IHU On-Line – Em que contexto histórico se deu a opção do Brasil pelo transporte individual? Ainda sobre essa questão, não foi possível evidenciar com antecedência o caos que essa opção poderia gerar a longo prazo?
Eduardo Vasconcellos - A opção ocorreu na década de 1930, quando os EUA começaram a se tornar uma referência mundial. A elite brasileira optou por um modelo rodoviarista, que levou à desativação paulatina do sistema ferroviário e à construção de uma grande rede de rodovias. A instalação da indústria automobilística na década de 1950 completou o conjunto de decisões estruturais. Àquela época não existia a preocupação com o espalhamento das cidades e a geração de congestionamentos, o que só veio a ocorrer nos EUA na década de 1950.
IHU On-Line – O que diferencia as opções do Brasil em relação a outros países da América Latina em termos de transporte público, como por exemplo, a implantação do metrô em Buenos Aires e Santiago?
Eduardo Vasconcellos - Não há muita diferença. A rigor, o sistema de transporte público no Brasil (provido por empresas controladas pelo governo) mostrou-se melhor que a maioria dos outros países, nos quais o transporte é feito por indivíduos ou cooperativas, com veículos de baixíssima qualidade. Grandes obras como o metrô (e os trans) de Buenos Aires são exceções.
IHU On-Line – Segundo o estudo da Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP, o Brasil gasta por ano R$ 184,3 bilhões em mobilidade. O que esse valor demonstra em relação aos investimentos em mobilidade urbana no país?
Eduardo Vasconcellos - Estes gastos correspondem à soma dos gastos das pessoas com os gastos do governo, sendo os primeiros muito maiores que os segundos. Os gastos do governo (10,1 bilhões) correspondem ao custo de manter o sistema viário operando, não incluindo os investimentos em novas vias ou infraestrutura (que não são conhecidos). O que chama a atenção é que os gastos públicos com o transporte público representam um terço do total, considerando que o transporte público atende número maior de viagens.
IHU On-Line – Em seu livro ‘Mobilidade urbana: o que você precisa saber’, o senhor menciona que muitos governos se tornaram reféns dos operadores de transporte e nem sempre têm liberdade de mudar os serviços prestados. Nesse sentido, quais são os principais problemas da relação entre os governos e as empresas prestadoras de serviços de transporte público?
Eduardo Vasconcellos - O sistema de regulamentação de transporte público no Brasil tem as vantagens de organizar serviços legalizados, em que os veículos são submetidos a requisitos de qualidade e os trabalhadores têm seus direitos respeitados (o que não ocorre, por exemplo, na maioria dos países latino-americanos). O problema está em que a rigidez dos contratos muitas vezes impede o governo de propor alterações relevantes para os usuários, pois isto acarretaria mais custos que não são cobertos pela tarifa.
IHU On-Line – Entre as pautas das manifestações de junho de 2013, estava a do valor do transporte público. É possível assegurar um transporte público barato e eficaz em termos de qualidade e serviço?
Eduardo Vasconcellos - É possível assegurar um transporte eficaz e de qualidade, mas não é possível fazer isto a baixo custo, pois a mobilização de infraestrutura, veículos e trabalhadores para o sistema de transporte não é barata.
IHU On-Line – Por quais razões o Brasil ainda direciona os investimentos em transporte para o transporte individual?
Eduardo Vasconcellos - Porque os segmentos políticos e econômicos que se beneficiam do sistema baseado no automóvel têm força política muito superior à dos usuários do transporte coletivo.
IHU On-Line – Quais são os principais problemas em torno da gestão do trânsito?
Eduardo Vasconcellos - Nas cidades congestionadas como São Paulo, o principal problema é dividir o espaço escasso entre todos que querem utilizá-lo simultaneamente.
IHU On-Line – Que mudanças na engenharia das cidades poderiam resolver problemas relacionados à mobilidade urbana, especialmente em regiões metropolitanas?
Eduardo Vasconcellos - Uma mudança muito importante seria a redistribuição de empregos e atividades de forma que as pessoas tivessem de percorrer distâncias menores que as atuais, economizando tempo, dinheiro e energia. Mas isto é um processo de longa maturação.
IHU On-Line – Percebe uma mudança cultural em direção a uma conscientização do uso do transporte público no país ou ainda não?
Eduardo Vasconcellos - Em áreas cronicamente congestionadas como São Paulo já ocorre esta conscientização, mas em outras cidades brasileiras a força do apoio do Estado ao automóvel e toda a ideologia que o segue ainda são muito mais fortes.
IHU On-Line – Que relações estabelece entre renda e mobilidade? Em que medida o aumento da renda conduz ao aumento da mobilidade?
Eduardo Vasconcellos - O aumento da renda sempre leva ao aumento da mobilidade, em todo o mundo. A diferença está em quais modos de transporte serão usados para fazer as viagens adicionais.
IHU On-Line – É possível estimar qual será o padrão de mobilidade no país em 2020 e 2030?
Eduardo Vasconcellos - Seguindo a tendência atual, aumentará o uso do automóvel e da motocicleta e diminuirá o uso do transporte público.

* Publicado originalmente no site IHU On-Line.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

44ª Reunião Ordinária do Conselho das Cidades

Deverá ocorrer nos dias 11, 12 e 13 de março, a 44ª Reunião do Conselho das Cidades, no Ministério das Cidades, Brasília - DF.

O Senhor Ministro Gilberto Kassab é o  Presidente do Conselho das Cidades e o coordenador do MDT e representante da ANTP, Nazareno Affonso é membro do mesmo.

Deverá participar da reunião somente os conselheiros de todo o Brasil.

Segue a  programação:

PROGRAMAÇÃO 44ª REUNIÃO


  






1º Dia
11/03/2015
9h
  1. Abertura dos trabalhos e composição da Comissão Coordenadora dos trabalhos
  2. Aprovação da Pauta
  3. Aprovação da Ata da 43ª Reunião
  4. Informe sobre as Resoluções aprovadas pelo Plenário
10h-12h30
TEMA DE CONJUNTURA
Integração da política urbana de forma sistêmica com recursos perenes e gestão democrática (Expositor: Ministro Gilberto Kassab)

14h




14h30 - 17h30
Informe: 2º Foro Latinoamericano y del Caribe de Vivienda Adecuada (atividade preparatória Habitat III)
Informe: Estatuto da Metrópole (15 minutos)
Informes Gerais.
Debate: Crise hídrica e energética – uma questão ambiental
18h - 20h
Reunião dos Segmentos

2º Dia
12/03/2015

09h - 09h30


09h30 - 18h
GTs Orçamento, Regimento Interno do Conselho das Cidades, Conferência Nacional das Cidades, Comissão contra Criminalização dos Movimentos, Pacto da Mobilidade e Assistência Técnica.


Comitês Técnicos
18h30
Reunião de Sistematização

3º Dia13/03/2015
09h-17h
Relato dos Comitês e votação das Resoluções:
-        Comitê Técnico de Habitação
-        Comitê Técnico de Saneamento Ambiental
-        Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana
-        Comitê Técnico de Planejamento e Gestão do Solo Urbano








Comitê Técnico de Planejamento e Gestão do Solo Urbano
  1. Informes: Instrução Normativa FHTS, Operações Urbanas, Cadernos Técnicos dos Instrumentos do Estatuto da Cidade.
  2. Ações da Secretaria para 2015 (por diretoria)
  3. Abertura de sistemática
  4. Previsão orçamentária
  5. SNDU
  6. Monitoramento das prioridades aprovadas na 5ª Conferência
  7. Debate da apresentação na Plenária do Estatuto da Metrópole
Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana
  1. Apresentação da nova gestão da Secretaria e perspectiva das ações para 2015
  2. Panorama da situação dos planos de mobilidade urbana
  3. Monitoramento das prioridades aprovadas na 5ª Conferência
  4. Debate da apresentação na Plenária do Estatuto da Metrópole
Comitê Técnico de Saneamento Ambiental
  1. Prazos para a implantação da Disposição adequada dos Rejeitos Sólidos Urbanos – representante da SRHU/MMA – prazos previstos no art. 54 da Lei 12.305/10
  2. Consórcio Público Multifinalitário: desafios e perspectivas – CONACI-BR
  3. Balanço da manifestação dos municípios sobre controle social em saneamento
  4. Informe: GTI – PLANSAB
  5. Informe: Balanço das ações do PAC da SNSA
  6. Monitoramento das prioridades aprovadas na 5ª Conferência
  7. Debate da apresentação na Plenária do Estatuto da Metrópole
Comitê Técnico de Habitação
  1. Discussão do aprimoramento do MCMV
Revisão da Portaria 595
            Parâmetros e caderno de condicionalidades
            Habilitação continuada de entidades urbanas
            Habilitação de entidades rurais
  1. Reativação do GT Moradia Social e discussão dos demais GTs
  2. Informes (balanço do PAC e Urbanização de Favelas, MCMV, evolução dos entes em relação ao SNHIS e PLIS, EAD Trabalho Social, EAD Entidades)
  3. Monitoramento das prioridades aprovadas na 5ª Conferência
  4. Debate da apresentação na Plenária do Estatuto da Metrópole


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

NTU e o Carnaval

Recomendação da NTU no Carnaval

Para muitos, o Carnaval já começou.
Não deixe que um acidente ou chateações tirem a alegria das festas. Aproveite e cuide-se, em todos os sentidos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Resolução 151


O coordenador nacional, Nazareno Affonso, aponta como o principal avanço institucional obtido no ano passado a edição da Resolução Recomendada nº 151, de 25 de julho de 2014, que aprova o encaminhamento ao Comitê de Articulação Federativa (CAF), órgão da Presidência da República, das propostas contidas no Pacto Nacional de Mobilidade Urbana, elaboradas pelo Comitê de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana do Conselho Nacional das Cidades. Ele reiterou que os termos dessa resolução compõem uma ‘carta de navegação’ para proposições e reivindicações em 2015.
Pacto facilitará uso de recursos disponíveis. 

Nazareno assinala que 2014 terminou com aproximadamente R$ 145 bilhões concatenados pelo governo federal para projetos de mobilidade urbana. Esse montante inclui verbas do Orçamento Geral da União (OGU), que são recursos a fundo perdido; linhas de crédito de bancos públicos federais e, ainda, as contrapartidas de agentes públicos e privados.
“Todos esses recursos estão voltados essencialmente para projetos estruturadores do transporte, muito importantes nos grandes centros. Porém, com base no Pacto Nacional de Mobilidade Urbana, e considerando apenas uma pequena parcela daquele total – cerca de 10% – poderemos qualificar sobremaneira o sistema de ônibus convencionais em todo o País. Lembro que os ônibus comuns respondem por mais de 80% das viagens quotidianas nas cidades brasileiras e qualifica-los significaria melhorar muito o padrão da mobilidade a curto e a médio prazo”.
O coordenador prossegue, assinalando que com base no Pacto, o MDT tem proposto a implantação de faixas exclusivas de ônibus, abrigos novos e com informações, e a implantação de sistemas de informação online para que os usuários utilizarem eficazmente os serviços ofertados. “Defendemos também que as vias nas quais passam os ônibus sejam recuperadas ou recapeadas, e que o País promova o desenvolvimento de uma nova família de ônibus com motor traseiro, suspensão, câmbio automático, e acessível às pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida, sem os inadequados elevadores”.
Nazareno salienta que, ainda com base no Pacto, o MDT propõe a reestruturação do Ministério das Cidades para que ele possa vir a capacitar os municípios e os Estados para a implementação das propostas das diferentes modalidades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no campo da mobilidade urbana. “Por ora, há poucas obras efetivamente em andamento. Do conjunto total de recursos disponíveis seguramente não foram gastos mais de 20%. Isso acontece por que a maioria absoluta dos municípios não conta com estrutura capacitada para planejar, projetar, implantar e fazer a gestão dos projetos de transporte”.
ESFORÇO E FIRMEZA
Nazareno Affonso recorda que a elaboração das propostas do Pacto é resultado de um grande esforço que teve a participação direta de diversos membros do Secretariado do MDT. O conjunto de propostas foi solicitado pela presidente da República logo após as manifestações de junho de 2013, em ato que contou com a participação de quatro ministros, e foi preparado em algumas semanas, após a coleção e sistematização de cerca de 180 propostas apresentadas por dezenas de entidades.
No início de outubro de 2013, as propostas foram aprovadas como resolução pelo Conselho das Cidades e no final de novembro referendadas pela 5ª Conferência Nacional das Cidades. Estranhamento, contudo, o documento somente foi publicado em julho de 2014, depois de muita pressão de conselheiros do Conselho das Cidades e de a resolução original ter sido alterada duas vezes.
Os termos da resolução chegaram a ser desconsiderados pelo governo como base das discussões do Grupo de Trabalho Interfederativo sobre o Pacto da Mobilidade, instância criada no âmbito do Comitê de Articulação Federativa (CAF), da Presidência da República;. sem a firme interferência de membros do Secretariado do MDT e do secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o tema seria apresentado na reunião inaugural do Grupo Interfederativo em pé de igualdade com outras propostas e não, como era a vontade expressa pela presidente da República, como elemento estruturante dos debates.
Presença do Secretariado do MDT. 

Durante a 43ª Reunião do Conselho Nacional das Cidades, em dezembro de 2014, foram definidos os integrantes do um grupo de trabalho do Comitê Técnico de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, que aprofundará as propostas do Pacto Nacional da Mobilidade Urbana, agora com apoio técnico e logístico da equipe da Secretaria Nacional de Transporte e de Mobilidade Urbana (SeMob).
O grupo inclui os seguintes membros do Secretariado do MDT: o representante da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e coordenador nacional do MDT, Nazareno Affonso; o diretor da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Marcos Bicalho dos Santos; o presidente da AEAMESP, Emiliano Affonso. Também integram o grupo membros das organizações fundadoras do MDT e participantes do Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU) Getúlio Vargas M. Júnior (CONAN),Neila Gomes dos Santos (MNLM), Hércules Lopes Agostinho (UNMP) e Agnaldo Evangelista de Sousa (CMP).

Movimentando

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Londres da bom exemplo

Linhas de metrô abandonadas podem virar ciclovias subterrâneas em Londres.
Batizada de "London Underline", a iniciativa consiste em implantar uma pavimentação Kinetic, que transforma as pedaladas e caminhadas em energia, tornando-se autossustentável e colaborando ainda com a redução de gás carbônico na cidade. Confira: http://ow.ly/IQNLb

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Espanha: zonas-30 reduzem em nove vezes o risco de acidentes

Nos últimos tempos, as grandes cidades de todo o mundo vem transformando sua divisão dos espaços públicos por cidades mais humanizadas. As conhecidas zonas-30, onde a velocidade é bastante reduzida com relação ao resto da cidade, é uma medida que, segundo a Fundación Española para la Seguridad Vial y Movilidad Sostenible (FESVIAL), vem trazendo um impacto bastante positivo para a Espanha.
Segundo um estudo feito pela FESVIAL, o risco de acidentes nessas zonas vem reduzindo entre 15 e 30%. E o impacto sobre a gravidade dos mesmos, a diminuição, é ainda maior, de 50%. Já o aumento do uso da magrela é entre 15 e 20%.

Placa de sinalização da Zona-30

O presidente da FESVIAL, Luis Montoro, explicou que esta medida, introduzida seletivamente em determinas ruas, possui a vantagem de ser muito bem aceita pela população (especialmente pelos moradores das regiões onde a zona-30 foi aplicada) e também é bastante respeitada pelos usuários de veículos motorizados, principalmente se é feita uma boa campanha informativa antes de sua implantação.
Para Montoro, o mais importante dessa estratégia é o claro impacto positivo sobre o índice de acidentes da região. “O risco circulando a 30 Km por hora é nove vezes menor que a circulação a 50 Km por hora”, concluiu.
Ainda segundo Montoro, com um veículo a 80 Km por hora falecem 95% dos atropelados, a 65 Km por hora morrem 85% e a 50 Km por hora, 45% vem a óbito. Já a 30 Km por hora, 95% das pessoas atropeladas sobrevivem.
Os benefícios para as cidades que adotam as zonas-30 vão ainda mais além. O comercio se beneficia com mais circulação de pedestres pelas ruas, os cidadãos ganham com ruas mais seguras e movimentadas por pessoas. Além do inegável fato, uma rua onde a velocidade é reduzida ganha mais vida, as pessoas se olham mais e a interação entre pedestres, bicicletas e veículos motorizados se torna muito mais saudável.

Giuliana Pompeu

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Esculturas/ Abrigo de Ônibus em Baltimore

Observem este projeto simples e encantador que o MDT encontrou através do designer Lucas Benfica. O ponto de ônibus é uma colaboração criativa entre Emilio Alarcón, Alberto Alarcón, Ciro Márquez e Eva Salmerón, que projetam espaços em Madrid desde 1998 e que, nos EUA, fizeram este que é seu segundo projeto.O projeto  priorizou as pessoas na cidade e a beleza das formas da escultura nas ruas.. Confira a matéria de Benfica, gaúcho que está morando em Porto Alegre.
Quando o design é feito de pessoas para pessoas.
Há tempos se discute os rumos do transporte público em todos os lugares do planeta. Carros, ônibus, táxis, bicicleta, etc.
E quase sempre esses projetos envolvem pessoas de diversas competências, e não lembro de conhecer ou saber de designers envolvidos neles.
Tenho pra mim que, assim como qualquer profissão, o design de um produto (que pode ser gráfico, visual, impresso, etc) deve ser feito primeiramente para o usuário. Que as discussões de vendas, marketing, publicidade e outras formas de divulgação desse produto sejam feitas depois. Antes, o principal: projetar para o usuário.
Ainda bem que existem prefeituras (formadas por pessoas) que pensam na população, que pensam da mesma forma que eu. Se querem que a população passe a utilizar o transporte coletivo, que criem atrativos básicos para que ela se encoraje a utilizá-lo, entre outras coisas como o aumento e melhora das frotas, mais segurança e principalmente conscientizar as pessoas a deixarem um pouco os carros em casa.
Desde que, na minha graduação propus uma nova comunicação visual para os ônibus de Porto Alegre (cidade onde moro), passei a me envolver e me dedicar a observar e estudar um pouco mais sobre como as cidades tratam o assunto mobilidade.
E hoje, o que trago é uma forma sensacional de convidar as pessoas a andarem de ônibus. Os moradores de um bairro de Baltimore agora esperam seu ônibus em um lugar um tanto óbvio, mas muito criativo e persuasivo. Três “esculturas tipográficas” formam palavra “BUS”, enquanto funcionando como bancos e espaço de lazer ao mesmo tempo. O ponto de ônibus é uma colaboração criativa entre Emilio Alarcón, Alberto Alarcón, Ciro Márquez e Eva Salmerón, que projetam espaços em Madrid desde 1998 e que, nos EUA, fizeram este que é seu segundo projeto.
BUS é um lugar para desfrutar, interagir e conhecer enquanto espera o ônibus. É um espaço de lazer no meio do ritmo da cidade, um lugar divertido para a espera inevitável em uma parada de ônibus. É feita com madeira e aço, materiais normalmente utilizados para construir qualquer peça de mobiliário urbano. Cada letra de “BUS” é grande o suficiente para acomodar até 4 pessoas e protegê-las de quaisquer interpéries.
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