terça-feira, 3 de agosto de 2010

Com R$ 24 bilhões eu...

A Perkons convidou especialistas para responderem como aplicariam R$ 24 bilhões em ações de trânsito e de transporte e por quê. Esta é a quantidade que pode chegar os recursos do PAC-2 para mobilidade urbana.


Confira nesta matéria a opinião de Cristina Baddini Lucas - Especialista em Transporte e Trânsito, Colunisra de Mobilidade do Diário do Grande ABC,  Diretora da ONG Rua Viva e Assessora do MDT ,
Cristina Baddini Lucas
R$ 24 bilhões. Ora parece ser bastante dinheiro, ora parece pouco para ações urbanas em todo o Brasil. Cheguei à conclusão que este dinheiro deveria ser aplicado em questões e obras simples, que sempre dissemos que as cidades deveriam ter e fazer e nunca havia dinheiro para tal. A qualidade de vida das cidades está degradada devido aos congestionamentos e a ocupação desordenada dos espaços. Portanto estes R$ 24bi devem ser aplicados em obras e ações que melhorem a qualidade de vida das pessoas que moram nas cidades. Para tal é preciso ter um transporte público de qualidade e, por conseguinte, um bom trânsito. Vejamos alguns pontos.


Estrutura adequada - eu iniciaria minhas ações com a estruturação dos órgãos de gerência de transporte e trânsito dos três níveis de governo, começando com o fortalecimento e democratização do Denatran e da Semob - para que possam cumprir seu papel e coordenar a mobilidade urbana no Brasil - e removeria os Detrans da alçada das Secretarias de Segurança Pública, para que possam cumprir seu papel no Sistema Nacional de Trânsito de forma integrada às demais políticas públicas relacionadas à circulação.

Transporte Público - proponho uma sincronia entre a política de transporte e mobilidade urbana e os recursos nas diferentes estruturas federativas. Não promoveria incentivos fiscais e obras de infraestrutura para privilegiar o transporte individual. Priorizaria a circulação, fluidez e a paz no trânsito por meios de transporte coletivo e do transporte não motorizado.
Prioridade ao Transporte ´Coletivo

Trânsito Seguro - Todo acidente pode e deve ser evitado. É preciso combinar regras severas com educação rotineira, fiscalização permanente e punição célere e justa para os infratores. Eu seguiria o que a Organização Mundial da Saúde propôs como passos básicos para reduzir a mortalidade no trânsito.

Paz no Trânsito


Transporte não motorizado e bicicletas - proponho reconquistar o sistema viário – ruas, calçadas, as travessias e passeios – para uso e deslocamento seguro e confortável, implicando em dar-se atenção redobrada às obras e ações para as áreas de circulação a pé. Priorizar a implantação e manutenção de calçadas nas vias de grande movimentação e de estruturas de ciclovias, ciclofaixas, além de bicicletários. Assim teríamos uma importante contribuição para o caos motorizado em que se encontram nossas cidades.

Enfim, temos que erradicar a violência no trânsito e proporcionar uma mudança cultural e uma democratização do uso do espaço urbano. Espero que estes R$ 24bi possam ser o primeiro passo para uma política pública que atenda os interesses do coletivo preservando a qualidade de vida de todos que vivem e circulam no país. E proponho uma discussão transparente com a sociedade, a responsabilização pública pelas ações e o princípio da cidade para todos.

Cristina Baddini Lucas

postado por: Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT