terça-feira, 24 de julho de 2012

Mais uma ação do Governo na contramão da lei de mobilidade urbana'





Cidades entulhadas de automóveis tornando nossas vidas mais caras, com elevado tempo de viagem no transporte público ou pessoas presas nos congestionamentos dos automóveis, sem contar os acidentes e a poluição urbana. Este é o cenário na maioria das nossas cidades grandes e médias e, principalmente, nas regiões metropolitanas.

Para enfrentar o atual quadro, foi sancionada em janeiro pela presidenta Dilma Rousseff, a nova Lei da Política Nacional de Mobilidade Urbana, pois ela inverte uma lógica não escrita, mas praticada de que o uso de carro particular orienta políticas públicas em transportes. As novas regras priorizam o transporte público e coletivo sobre o individual e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 342 milhões de financiamento para a Volkswagen do Brasil desenvolver novos modelos de automóveis no país e ampliar dois projetos sociais de sua fundação.

Realmente não dá para entender.

A Volkswagen usará o financiamento para fabricar localmente o Up, modelo subcompacto já lançado no exterior e tido como o "Fusca do século 21" pelo tamanho, volume esperado de vendas e papel na estratégia global da Volks (que quer chegar a 2018 como maior fabricante de carros do mundo), além um sedã de médio porte.


A verba emprestada à Volks pelo BNDES vai promover ainda a modernização de modelos que já são fabricados no Brasil. O comunicado do BNDES usa o termo facelift, típico da indústria automotiva e que designa alterações cosméticas de meio de vida de um modelo (por exemplo, mudanças na grade frontal).

No entanto, uma parte do valor pode ser usada na inclusão de equipamentos como airbags e freios com ABS (antitravamento) em toda a gama da fabricante, bem como no alinhamento de materiais dos carros nacionais aos produzidos no exterior, reforçando o caráter global dos produtos da Volks -- algo indispensável para chegar ao topo até 2018.

O valor anunciado pelo BNDES parece insuficiente para erguer uma nova fábrica da Volks, como era esperado e chegou a ser especulado ao longo do primeiro semestre deste ano. Caso isso se confirme, a Volks pode apenas ampliar suas atuais instalações no ABC Paulista e no Paraná.


O Governo na contramão


O automóvel irrompe o século 21 como um dos agentes efetivos da ineficiência das metrópoles e médias cidades, promovendo custos ambientais de alta monta e aumentando tempo perdido. No dia a dia das cidades congestionadas, apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros, pagando mais por isso.

O crescente contingente de automóveis particulares cruza nossas cidades sem que seus fabricantes, revendedores e proprietários sejam sequer indagados a respeito do impacto ambiental que causam. A questão é perguntar por que o conjunto dos automóveis fica livre de algo análogo ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA)/Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – procedimentos justamente obrigatórios para uma série de atividades urbanas, incluindo a implantação de linhas de metrô e de corredores de ônibus.

Definitivamente não dá para entender.