quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Para Haddad, privilegiar o carro é como privatizar São Paulo


O uso irresponsável do carro e sua supremacia em detrimento a outros meios de transporte são os maiores erros no direcionamento das políticas públicas para o trânsito paulistano. A crítica é do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ao abrir na manhã desta quarta-feira (9) o primeiro dia do Fórum de Mobilidade Urbana da
Veja o especial sobre mobilidade urbana
Para ele, a sensação é de que toda a superfície da cidade foi privatizada com a escolha do meio de transporte classificada por ele como 'indigesta'. "Todo investimento viário de São Paulo teve o carro como beneficiário direto. As marginais são prova disso", analisou.
Ele também analisou sua principal bandeira no que diz respeito ao transporte público: as faixas exclusivas de ônibus. Haddad afirmou que acreditava que fosse perder apoio. Mas isso não aconteceu, segundo ele próprio.
"Estou muito otimista com o futuro de São Paulo", disse o prefeito no auditório do Tucarena, na zona oeste da cidade.
Para o prefeito, São Paulo tem uma malha viária significativa, mas não há espaço para todos os veículos particulares. "O problema não é todo mundo ter carro. O problema é o modo de usar", afirma. "Os meios viários dão foco demais no carro como meio de transporte. Toda a superfície de São Paulo é privada", analisa.
A maioria das faixas exclusivas de ônibus foram implantadas pela gestão de Haddad após o início da onda de protestos que derrubou o preço da tarifa, em junho. Inicialmente, a meta era fazer 150 km até 2016. Após os protestos, passou para 220 km e já foi superada: a cidade atingiu 224,6 km de faixas com essa última ação.
A exclusividade para o transporte coletivo na faixa vale de segunda a sexta-feira no sentido centro das 5h às 9h e, no sentido bairro, das 16h às 21h. Os corredores de ônibus possuem regras diferentes --também são compartilhados com os táxis em qualquer dia e horário, desde que o veículo esteja com passageiro e não usem películas escuras nos vidros.
Ele citou o legado de Curitiba que, na década de 1970, criou o sistema de corredores exclusivos para ônibus articulados, o BRT e revolucionou o ir e vir dos curitibanos.
"Nós exportamos para o mundo inteiro [tecnologia de transporte] e não exportamos essa mesma tecnologia para outras cidades", disse.
Folha de São Paulo