quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Trânsito em grandes cidades só melhora com o metrô

Sob risco de um "apagão da mobilidade", mais do que simplesmente adotar soluções para receber torcedores para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, é urgente destravar os gargalos urbanos que chegam a roubar do Brasil pelo menos R$ 4 bilhões a cada ano, segundo cálculos complexos e rigorosos da Fundação Dom Cabral (FDC). O valor é o resultado das perdas em São Paulo. Mas, segundo a instituição, em menor ou maior grau, as quase 500 cidades brasileiras com populações entre 50 mil e 500 mil habitantes sofrem perdas econômicas devido a congestionamentos.

Na falta de transporte urbano eficiente e confortável, as populações lançam mão dos automóveis, complicando cada vez mais o trânsito. As medições do estudo da FDC registram, desde 2004, crescimento de 15% ao ano no tempo perdido pelas pessoas no trânsito das grandes cidades.

O pouco, ou nenhum, investimento nessa área começou a mudar no começo deste ano, quando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade reservou R$ 7,8 bilhões para 47 projetos para as 12 cidades-sede envolvidas nos eventos na Copa do Mundo de 2014 e também na Olimpíada, em 2016. No PAC 2, a mobilidade consolidou seu status de prioridade. "Mantivemos as prioridades de saneamento e habitação, mas colocamos novas frentes, como mobilidade urbana, pavimentação e prevenção em áreas de riscos", afirma Márcio Fortes, ministro das Cidades.

Os recursos para essa área são da ordem de R$ 18 bilhões, para a construção de corredores de ônibus, para Veículo Leve sobre Trilho (VLTs), BRTs (corredores de ônibus com operação semelhante a metrôs), obras viárias e metrôs.

Os BRTs continuam sendo bem vistos pelo governo federal. São mais baratos e rápidos para construir, além de não exigir grandes investimentos do poder público. Para construir 10 quilômetros de BRTs são necessários R$ 100 milhões e cerca de 2,5 anos. Para a mesma extensão, o Veículos Leve sobre Trilhos (VLT) custa R$ 404 milhões e cinco anos de obras. Dez quilômetros de metrô custam R$ 1 bilhão e nove anos de construção.

"A única solução definitiva para os transportes urbanos das grandes cidades é o metrô", diz Leonardo Vianna, diretor de novos negócios da CCR, grupo do qual faz parte a Via Quatro, integrante da Parceria Público-Privada (PPP) para a construção da Linha Amarela, de 12,8 quilômetros, do metrô de São Paulo. Com custo de mais de US$ 1 bilhão, a nova linha subterrânea irá elevar a 65 quilômetros a rede de metrô São Paulo.

Outros especialistas concordam que o metrô deveria ser o protagonista na movimentação das cidades. Não há muito espaço para esperanças. Ceará, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre são exemplos de tentativas de construção de metrôs que pouco avançaram.

"Não acredito em aprovações para projetos de metrô antes do final do ano", diz Vianna. Segundo ele, o problema é que o metrô precisa de subsídios por incorporar tecnologia complexa e cara. "A tarifa precisa ser atraente, para que atenda à finalidade de oferecer transporte confortável e eficiente, capaz de competir com o transporte individual."

Fonte: Valor Econômico
Publicada em:: 09/08/2010

Megaônibus - ônibus que anda sobre os carros na China

Um megaônibus que anda por cima dos carros é a sugestão chinesa para aliviar os engarrafamentos que atormentam a maioria das metrópoles do planeta. Sob o argumento de que ônibus normais não conseguem circular nos congestionamentos e o metrô é caro e demorado para ser construído, a Shenzhen Hashi desenvolveu o "Ônibus Rápido 3D", que lembra um trem elevado correndo por sobre os bordos da pista.
O ônibus 3D tem entre quatro e 4,5 metros de altura e dois andares: no de cima ficam os passageiros enquanto veículos de até dois metros passam por baixo. Ele usa energia elétrica ou solar, chega a 60km/h e pode transportar até 1.400 passageiros. A empresa calcula que o meio de transporte possa reduzir engarrafamentos em 20 a 30%.
Segundo Song Youzhou, presidente da Shenzhen Hashi, a adaptação de 40 km de vias para o veículo leva um ano, enquanto a mesma distância de metrô consome três vezes mais tempo. Construir o ônibus e 40 km de vias para ele sai por 500 milhões de yuans (cerca de US$ 74 milhões), ou 10% do custo de um metrô.
Para implantar o projeto é preciso remodelar as vias públicas e construir estações de embarque e desembarque. Nas ruas, pode-se construir trilhos nas bordas das pistas, o que economiza 30% de energia, ou pintar linhas brancas que são seguidas pelo piloto automático do ônibus.

Os ônibus são condutores elétricos e dois trilhos no alto deles correm para permitir que a energia seja recarregada enquanto ele anda. A energia do ônibus é recarregada a cada parada, enquanto ele pega passageiros.
Segundo Youzhou, esse sistema é capaz de economizar até 860 toneladas de combustível por ano, reduzindo 2.640 toneladas de emissões de carbono no mesmo período. Além disso, eles não precisam de estacionamento, pois podem ficar parados no ponto final sem atrapalhar o trânsito.
O novo megaônibus foi apresentado pela primeira vez durante a 13ª Exposição Internacional de Alta-Tecnologia de Pequim, em maio. O modelo será colocado em uso no distrito de Mentougou, em Pequim. Já estão projetados 186 km de vias adaptadas, que começarão a ser construídas no final do ano.
postado por: Cristina Baddini Lucas  Assessora do MDT