quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

‘Homo urbanus'


Coluna de olho no trânsito - Diário do Grande ABC -


Duzentos anos atrás, apenas 3% da população mundial vivia em cidades. Há um século, a porcentagem já alcançava 13%. E ainda assim representava uma minoria em um planeta essencialmente rural. Atualmente, a população urbana já ultrapassa a rural e assim deve continuar nas próximas décadas. No Brasil mais de 80% da população vive nas cidades.
Viver junto pode representar inúmeras vantagens para o ser humano que pode se desenvolver, inovar e desfrutar de uma enorme gama de serviços especializados, comércio, programas culturais, trabalho, educação para os seus filhos, mas também pode trazer problemas.
Por exemplo, o desafio do trânsito que é comum nas megacidades do mundo, pode definir ou influir negativamente na qualidade de vida. Neste sentido, a região da Grande São Paulo é um dos piores lugares para se morar. Com apenas 0,01% do território nacional, concentra 12% dos veículos existentes no País. Quantidade de veículos não é o único problema. Boa parte da população depende do automóvel para ir ao trabalho ou levar os filhos à escola. A solução é evidente: um bom sistema de transporte público. Mas isto pode não ser o suficiente, porque as pessoas preferem depender do carro.
O que fazer então para mudar esta realidade?
A experiência internacional nos mostra algumas alternativas como a de Cingapura que primeiro cobrou pedágio dos veículos que trafegam em sua área central. Londres e Oslo copiaram a medida. A ideia foi fazer com que as cidades fizessem que seus motoristas pagassem pelos custos ou prejuízos que seus carros impõem à sociedade.
A cidade que queremos
A cidade do futuro deverá privilegiar o transporte coletivo e consentir a plena liberdade de movimento individual, seja como pedestre, seja como ciclista. Vários setores da sociedade já clamam por uma cultura de mobilidade que promova a apropriação equitativa do espaço e do tempo na circulação urbana e reduza a necessidade de deslocamento motorizado.
Mobilidade urbana sustentável deve ser uma política de estado com uma atuação efetiva do poder público. As tarifas devem ser condizentes com o poder aquisitivo da população e a gestão deve integrar o transporte e o trânsito com prioridade nas vias para o transporte público coletivo e para os deslocamentos não motorizados.

Cristina Baddini Lucas - Assessora do MDT