A presidente Dilma Rousseff (PT) criticou o baixo
investimento em mobilidade urbana e habitação durante o governo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em cerimônia que marcou a
liberação de recursos federais a obras no setor em São Paulo e na região
metropolitana, Dilma alfinetou o ex-presidente, sem citá-lo nominalmente.
"Tenho perfeita consciência de que no passado não se investiu em obras de
mobilidade urbana nessa dimensão."
Ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e
do prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), reunidos na sede da Prefeitura de
São Paulo, Dilma foi categórica ao declarar que o padrão de investimentos só
melhorou a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT). "No governo Lula nós começamos a fazer investimentos em
mobilidade urbana. Naquela época [em 2005] chegaram para mim e disseram: 'Viva,
o FMI [Fundo Monetário Internacional] nos deixou investir R$ 500 mil'. Porque
naquela época o FMI deixava ou não. Quando nós pagamos o FMI, ele parou de dar
palpite."
Dilma seguiu com as críticas à gestão tucana à frente da
Presidência, entre 1995 e 2002: "O governo federal não tinha programa de
habitação. Porque habitação não é ter feito dois ou três, é ter escala do
programa em um país com 201 milhões de habitantes". A presidente discursou
por quase meia hora, embalada por gritos de "Dilma, eu te amo!" de
uma plateia de militantes trazidos pelo prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT).
Na ocasião, a presidente anunciou a liberação de R$ 4,4
bilhões para obras de mobilidade urbana e contra enchentes na capital paulista
e na região do ABC. Dilma e Alckmin também assinaram contrato em que o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) autoriza empréstimo de
R$ 1,7 bilhão para a obra da Linha 6-Laranja do Metrô - que ligará a estação
São Joaquim, no centro, à região da Vila Brasilândia, na zona norte da cidade.
A presidente anunciou ainda R$ 2,6 bilhões para obras de drenagem, saneamento e
mobilidade para São Paulo e R$ 96,5 milhões para obras em Mauá e Ribeirão
Pires, municípios da região metropolitana.
Mais tarde, em Santos, no litoral paulista, a presidente e o
governador tucano voltaram a se encontrar para anunciar um pacote de obras de
mobilidade urbana e infraestrutura a seis municípios do litoral sul de São
Paulo: Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão e Bertioga. O
governo federal vai transferir para essas cidades um total de R$ 480,9 milhões,
sendo R$ 252,9 milhões em verbas a fundo perdido do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), e R$ 228 milhões em financiamento de longo prazo com juros
subsidiados. O governo do Estado entrará com cerca de R$ 114 milhões.
Somente Santos receberá perto de R$ 455 milhões em recursos
federais. O valor pagará a implantação do Corredor Metropolitano Santos-São
Vicente, com 16,6 km de corredores exclusivos de ônibus ligando a zona leste e
noroeste da cidade ao município vizinho de São Vicente. Além disso, os recursos
contemplam dois túneis de 1,35 km que cortarão um morro que divide as duas
cidades. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), declarou que a
Baixada Santista vive um momento histórico. "São obras esperadas há 60
anos e que vêm para atender o grande potencial de desenvolvimento econômico da
região, que vive alta demanda em muitas áreas em função da descoberta do
pré-sal." As outras cidades da Baixada Santista terão recursos federais
para projetos de corredores e terminais de ônibus.
Em Santos, a presidente não fez críticas. Preferiu fazer um
pequeno balanço dos jogos da Copa do Mundo, destacando a força das seleções
latino-americanas e o sucesso do "padrão Brasil" de organização do
evento. Deu até opiniões sobre os jogos, no estilo comentarista esportiva.
"É uma Copa muito interessante. Cheguei à conclusão, depois de olhar os
resultados, que é a Copa da Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e
Caribenhos], dos países que vão do México à Patagônia. A chance desses times
latino-americanos de vencer é muito grande. E isso é muito bonito de ver",
declarou a presidente, que também lembrou dos outros participantes do Mundial.
"É bonito de ver a força dos latinos, mas não quero
fazer desfeita com os demais países, porque somos os anfitriões. E [como
anfitrião] brasileiro sabe receber muito bem, com gentileza, de braços abertos.
A gente gosta de abraçar, de beijar, tem essa questão do tato, da afetividade
[com o turista]. A Copa é um orgulho para nós porque o Brasil e o povo
brasileiro estão demonstrando, dentro e fora de campo, que estamos fazendo uma
Copa no padrão Brasil."
O Estado de SP
Dilma libera verba para Linha 6 e BRTs em SP
Prefeitura
usará recurso em 6 corredores de ônibus; Estado quer entregar obra até 2018
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem a liberação de R$
2,64 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) para investimentos
em mobilidade urbana e combate a enchentes em São Paulo. Desse recurso, R$ 1,98
bilhão será utilizado para viabilizar o início das obras da Linha 6-Laranja do
Metrô e a ampliação dos corredores de ônibus – outros R$ 651 milhões vão para
obras de drenagem e saneamento.
Em seu discurso, ela voltou a dizer que a questão do
transporte é crucial para a qualidade de vida dos brasileiros e citou que o
governo tem investido R$ 143 bilhões em mobilidade no País. "Estamos colocando
R$ 1,988 bilhão em mobilidade, para BRTs e corredores aqui”, afirmou."Com esses
recursos a Prefeitura vai construir 51,7 quilômetros de BRTs.”
Em julho de 2013, Dilma também anunciou um pacote de investimentos
de R$ 8,1 bilhões em obras de mobilidade, drenagem e recuperação de mananciais
na cidade de São Paulo. Desse total, R$ 3 bilhões foram destinados para
corredores de ônibus nas zonas leste e sul, R$ 2,2 bilhões para recuperação dos
mananciais das Represas Billings e Guarapiranga, na zona sul, R$ 1,5 bilhão
para construção de moradias para 20 mil famílias que vivem perto das represas e
R$ 1,4 bilhão para a drenagem de córregos. Em outubro, a presidente ainda anunciou
um repasse de R$ 5,4 bilhões em recursos do PAC 2 para melhorias nos
transportes, incluindo metrô.
Belmira Marin. A
Prefeitura informou que seis trechos de corredores de ônibus serão construídos
com os recursos anunciados ontem. O que custará mais caro é o Corredor Perimetral
Itaim Paulista/São Mateus (R$ 529 milhões). Outro corredor que deve sair do
papel é o que será construído no eixo entre as Avenidas dos Bandeirantes, na
zona sul, e Salim Farah Maluf, na zona leste, com custo de R$ 487 milhões. Os
demais corredores do pacote são o M’Boi Mirim/Cachoeirinha (R$ 283 milhões), o
Carlos Caldeira Filho (R$ 218 milhões), o M’Boi Mirim/Estrada do Guavirituba
(R$ 266 milhões) e o primeiro trecho do Belmira Marin (R$205 milhões), todos na
zona sul.
Para o urbanista e consultor de Transportes Flamínio Fichmann,
a Prefeitura deve realmente dar prioridade às zonas leste e sul, onde a demanda
por transporte público de massa é mais premente. "Alguns eixos, como M’Boi
Miriam, Celso Garcia e Radial merecem investimentos de BRT. Não temos em São
Paulo nenhum BRT, que não é um Fura-Fila turbinado.”
Metrô. Na cerimônia de ontem, o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Luciano Coutinho, assinaram um contrato de financiamento de R$
1,7 bilhão para a Linha 6-Laranja do Metrô. "É uma linha muito importante, uma
das maiores de São Paulo”, disse o governador.
De acordo com o secretário de Transportes de São Paulo, Jurandir
Fernandes, o recurso liberado pelo BNDES e a desapropriação de um terreno da
Prefeitura, publicada no Diário Oficial de ontem, vão permitir o início das obras.
"A expectativa é de que em 2018 nós já conseguiremos pegar essa grande massa
humana e levar para o sistema da Linha 7 e Linha 8 (da Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos, a CPTM), na Água Branca.”
A construção da Linha 6 será feita por meio de uma parceria
público-privada (PPP), operada pela empresa vencedora da licitação (Consórcio
Move São Paulo), composto pelos grupos Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC Participações
e pelo Fundo Eco Realty. Segundo o Estado, o valor do empreendimento é de R$
9,6 bilhões. Desse total, o BNDES será responsável por 39,2% do financiamento e
13,9% serão de recursos do governo estadual. O consórcio arcará com os 46,9%
restante. Apelidada de "linha dos estudantes”, por ter previstas estações
próximas de Faap, PUC, FGV, e FMU, ela terá 13,5 km e ligará os bairros da Vila
Brasilândia, na zona norte da capital, até a Estação São Joaquim (Linha
1-Azul), na região central. A previsão é atender 633 mil passageiros por dia
em 2020, quando estiver em pleno
funcionamento.
Valor Econômico / O Estado de SP|
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