A 5ª edição do IRBEM(Índices de Referência de Bem-Estar no
Município) divulgada dia 21 de janeiro de 2014, revela
que de 0 a 10, os paulistanos deram nota 4,8 para a qualidade de vida na
cidade. O índice ficou abaixo da média
de escala que é de nota 5,5.
O nível de insatisfação, no entanto, não significa que o
paulistano só sabe reclamar da situação da cidade.
Hoje a maioria da população tem a consciência do que pode
ser mudado.
Exemplos disso são os indicadores referentes à mobilidade
urbana na pesquisa que ouviu 1.512 pessoas com idades a partir dos 16 anos,
entre os dias 03 e 23 de dezembro de 2013.
O trânsito e a falta de mobilidade urbana são grandes
motivos de insatisfação dos moradores da maior cidade da América Latina,
recebendo nota 3,9, muito baixa.
De acordo com o levantamento da Rede Nossa São Paulo, em
parceria com o Ibope, apesar de reclamar da pontualidade dos ônibus - que
recebeu nota 4, e do tempo de espera nos pontos, com nota 3,9 -, o paulistano
sabe que somente a prioridade ao transporte coletivo no espaço urbano e nas
políticas públicas é que pode melhorar o "ir e vir” das pessoas e consequentemente
a qualidade de vida na cidade.
Provas disso são os anseios por uma maior rede de metrô e
mais espaços para o transporte público em geral, com soluções como os
corredores de ônibus.
O tamanho da rede de metrô em São Paulo recebeu nota 4,9.
Inferior aos 5,9 da primeira edição da pesquisa em 2009.
A prioridade dada ao transporte coletivo no sistema viário
ganhou nota 4,1, a segunda pior da série histórica da pesquisa.
Isso demonstra a consciência do paulistano para que os
investimentos em transportes públicos sejam rápidos e façam parte das políticas
públicas da cidade e não apenas se resumam a ações pontuais.
De acordo com especialistas em mobilidade urbana, uma rede
de metrô conjugada com um sistema amplo de corredores e faixas de ônibus faz
com que as diferentes demandas em cada região da cidade sejam atendidas de
maneira adequada e acima de tudo, respeitando o dinheiro público e a capacidade
de investimentos da cidade.
O tempo de deslocamento em São Paulo é um dos aspectos que
receberam uma das menores notas no item mobilidade: 3,7.
Este tempo não é satisfatório pelo excesso de veículos que
fazem a cidade literalmente parar em alguns eixos, como as marginais dos rios
Pinheiros e Tietê, Radial Leste, Estrada do M’ Boi Mirim e o Corredor
Norte/Sul.
E o poder público precisa de fato agilizar as ações em prol
da prioridade ao transporte público, uma das principais maneiras para enfrentar
o problema. As soluções para diminuir o
trânsito na cidade receberam a pior nota na pesquisa desde 2009: 3,8. Ou seja,
estas soluções não são tomadas na quantidade e no perfil necessários para São
Paulo.
Outro aspecto dentro da mobilidade urbana é em relação aos
ônibus fretados. Parte da população que não usaria num primeiro momento o
transporte público optaria por este meio de deslocamento.
A restrição aos ônibus fretados não agrada a população. A
medida recebeu também a pior nota da série histórica: 4,0.
Hoje o cidadão tem consciência que mobilidade urbana é muito
mais que transporte de pessoas, mas é garantir a qualidade de vida.
Os congestionamentos em São Paulo geram custos anuais na
ordem de R$ 50 bilhões de acordo com estudo realizado pelo economista Marcos
Cintra, da Fundação Getúlio Vargas.
É dinheiro gasto em infraestrutura para receber um número
cada vez maior de veículos, perdido pela falta de produtividade de
trabalhadores e empresas, custos com combustíveis queimando à toa nos
congestionamentos e na área da saúde. De acordo com o professor e médico Paulo
Saldiva, em estudo pelo instituto de poluição atmosférica da USP – Universidade
de São Paulo, aproximadamente quatro mil pessoas morrem na cidade por ano por
problemas de saúde gerados ou agravados pela poluição atmosférica.
Hoje na cidade, o excesso de veículos representa 80% das
emissões de poluentes no ar.
Além do dinheiro e da saúde, as pessoas perdem o prazer com
a vida por causa da falta de mobilidade urbana.
Em vez de estarem presos nos congestionamentos, os cidadãos
poderiam fazer um curso para aumentarem as oportunidades de crescimento,
poderiam estar com a família, praticando esportes, se divertindo ou
descansando. Não é exagero, mas muitas pessoas na cidade perdem horas de sono
por causa do tempo de deslocamento ampliado pelo excesso de veículos.
Mais uma vez a população dá o recado.
É claro que muitos dos que pedem mais mobilidade ainda têm a
cultura do deslocamento pelo transporte individual, mas quando estas pessoas
verem quando os sistemas de transportes públicos se tornarem mais vantajosos, a
cultura vai aos poucos se transformando.
Mas é hora de agir de maneira mais intensa.
Adamo Bazani, jornalista
da Rádio CBN, especializado em transportes.
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