Coluna De Olho no Trânsito
Diário do Grande ABC
Para a
criação de uma nova cultura de mobilidade urbana e para a avaliação dos
recursos financeiros necessários, precisamos avaliar as boas práticas
existentes; precisamos de muita pesquisa e investigação; de
desenvolvimento tecnológico; de um quadro normativo que regulamente a atividade
urbana; e de incentivos econômicos e financiamento para a mobilidade sustentável.
Enfim, precisamos que os novos governos municipais tenham um Plano de Ação
baseado na Lei 12.587/12. É preciso também garantir a segurança no trânsito e eficiência
na circulação, para que possamos cumprir a meta da Organização Mundial de
Saúde (OMS) de redução em 50% do número de mortos em acidentes de trânsito.
Mortos e feridos sobre duas rodas
Em contraste
com o que se verifica nos acidentes envolvendo automóveis, mais de 70% dos
acidentes com motocicletas geram vítimas que requerem atendimento
médico-hospitalar e serviços de resgate. Movendo uma frota 10 vezes menor, os
motociclistas têm 20 vezes mais chances de morrer no trânsito do que os
ocupantes de automóvel. O fenômeno é complexo e vai além da mera alienação
consumista da população abandonando o transporte público e trocando pelo
conforto perigoso das motocicletas. Os
motociclistas estão na liderança das vítimas do trânsito em São Paulo, assim
como em todo o país. O Poder Público vem sendo omisso neste quesito.
Feridos nas
calçadas
Uma em cada
cinco vítimas de quedas atendidas no Hospital das Clínicas, em agosto, se
acidentou nas calçadas de São Paulo. De 197 pacientes que deram entrada no
pronto-socorro de ortopedia, 35 relataram ter caído nas ruas. Desse total, 40%
dos acidentes foram causados por buracos.
Um amigo meu
comentou que se a Maria Antonieta fosse brasileira e primeira dama paulistana,
diria: "Se as calçadas são tão inseguras e o povo tem tanto carro na
garagem, porque sair a pé?"
Mobilidade
Sustentável
A mobilidade
sustentável é uma bandeira que já está sendo levantada, há tempos, por algumas
marcas. Desde o ano passado, o Itaú instalou, no Rio de Janeiro um sistema de
locação de bicicletas. O projeto também chegou a São Paulo. Com a mesma
intenção de estimular o transporte sobre duas rodas, o Bradesco é o principal
patrocinador da ciclofaixa de lazer na capital paulista, em ruas e avenidas da cidade que, aos finais de semana, são
reservadas somente aos ciclistas.
Bicicletas
Públicas em Barcelona
As
bicicletas fazem parte da paisagem da cidade de Barcelona. Há seis anos, no
entanto, as ruas do local não eram tão amigáveis ao meio de transporte — era 80
quilômetros de ciclovias, algo que limitava a circulação das bicicletas para
algumas áreas da cidade. Hoje, Barcelona já ampliou suas ciclovias para 230
quilômetros, fazendo das bikes uma opção comum de transporte para os moradores
locais e turistas.
No início,
Barcelona não tinha essa cultura de uso de bicicletas, assim como o Brasil
ainda não tem. Esperamos que, aos poucos, as pessoas percebam as vantagens do
meio de transporte e do nosso modelo de negócio e que, com isso, as prefeituras
passem a se preocupar com a elaboração de uma infraestrutura adequada aos
ciclistas.
O principal
motor do projeto da empresa espanhola quando decidiu vir ao Brasil é a publicidade. Os pacotes de patrocínio
envolvem desde a exposição da marca dos anunciantes em todas as bicicletas e
estações e alguns outros pontos específicos. Os projetos no Brasil ainda estão
em fase experimental em Campinas/SP e São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
E o
transporte público?
Fundamental ainda são medidas de restrição a automóveis e motos e a integração dos veículos particulares
aos sistemas estruturantes de transporte público, a implementação de corredores
exclusivos de transporte publico de superfície, operados com ônibus (BRTs) ou
trilhos (VLTs) e um nível mais apurado de informações sobre os serviços aos
usuários.
Cristina Baddini Lucas
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